Durante coletiva de imprensa realizada pelo Ministério Público de Santa Catarina (MPSC) na tarde desta sexta-feira (21), na Câmara Municipal de Vereadores de Pinhalzinho, município-sede da comarca que abrange Saudades, local onde aconteceu o ataque à Escola Municipal Infantil Pró-Infância Aquarela, o promotor de Justiça Douglas Dellazari detalhou como foi o ataque no dia 4 de maio de 2021.
Confira os detalhes do ataque que foram informados pelo promotor Dellazari:
Conforme o promotor Douglas Dellazari, o planejamento se iniciou há aproximadamente 10 meses de forma premeditada. A idealização era de um massacre, a partir da quebra de dados foi possível reiterar inúmeros acessos, pesquisas na internet a conteúdos impróprios de extrema violência, e que fomentam ações discriminatórias, ódio e matança generalizada. Segundo Dellazari, foi possível aferir que o denunciado nutria uma espécie de idolatria por assassinos em série, criminosos e assassinos em massa.
Ainda segundo o promotor, além desses inúmeros acessos a esses materiais, Fabiano pesquisou o retorno das aulas presenciais em Santa Catarina, principalmente em Saudades.Na véspera do evento, ele pesquisou especificamente sobre a creche Aquarela.
O dia do crime
Ao longo do dia 4 de maio, Fabiano se dirigiu normalmente ao local de trabalho. Por volta das 9h15, ele foi até a sua residência, preparou a mochila com as facas, pegou a bicicleta e se dirigiu até a creche.
Dentro da escola, uma das educadoras saiu de uma das salas ao encontro de Fabiano no pátio central para interpelá-lo. Conforme Dellazari, esse é o momento em que ele começou os atos executórios. O promotor informou que ele queria matar o maior número possível de vítimas. Dellazari detalhou que uma das professoras faleceu ainda no local, “com a brutalidade incomum, multiplicidade de golpes absurdos, sem nenhuma chance de defesa dessas vítimas. Uma das professoras sofreu muito, com as vísceras já expostas”, relatou o promotor.
Depois de matar as educadoras, Fabiano se dirigiu a uma outra sala, onde estavam crianças menores de dois anos, com mais três profissionais. Conforme Dellazari, cientes do que acontecia, as educadoras viram outra professora ser golpeada. Fabiano vai até a porta dessa sala e tenta de todas as formas conseguir entrar no local. Segundo o promotor, as professoras, de maneira heroica, resistiram e não deixaram ele entrar.
Dellazari detalhou que após não conseguir entrar na sala, Fabiano procura outro local para atacar. Ele foi até uma terceira sala, onde também forçou a entrada. O promotor informou que ele chegou a entortar as estruturas, com chutes. Por um vidro na porta, as professoras e agentes educacionais resistem às investidas, “tudo isso diante de um terror que se alastrava e contaminava todo o local”, detalhou o promotor.
Após não conseguir entrar nas salas, Fabiano pegou um caminho em uma parte anexa do local, na parte de trás, e lá procurou por novas salas e vítimas. Ele chegou nessa estrutura anexa, se aproximou de uma janela e desferiu golpes contra uma professora. Os golpes foram na cabeça e pescoço. Conforme o promotor, por sorte Fabiano não acertou essa vítima.
Dellazari ainda relatou que após essa tentativa de homicídio, em um “tom sádico”, Fabiano passou pelas salas “batendo com as facas nos vidros das janelas”. O autor avistou uma professora que estava na primeira sala que ele tentou invadir. Conforme Dellazari, ela saiu do local e pediu socorro. Fabiano então retorna a sala do Maternal 3 e encontra as quatro crianças desassistidas, pois a professora havia saído da sala para pedir ajuda.
“Se aproveitando dessa situação covarde, cruel, com múltiplos golpes, ele acabou ferindo as crianças. Três delas foram a óbito e uma sobreviveu”, relatou o promotor.
Após assassinar as crianças, Fabiano começou a distribuir artefatos explosivos para gerar um clima de terror e tentar afastar qualquer intervenção. Neste momento, vizinhos e pessoas da imediação escutaram os pedidos de socorro e foram em direção à creche.
Eles encontram Fabiano próximo a porta do Maternal 3, e um dos populares ainda consegue resgatar duas crianças da sala. Conforme o promotor, uma delas foi a óbito.
Devido ao barulho feito pelos artefatos explosivos, os populares que tentavam auxiliar as vítimas fugiram do local, pois imaginavam se tratar de disparos de arma de fogo. Fabiano então saiu da sala do Maternal 3 em direção a rua, para fugir do local. Na via pública, ele encontra as pessoas, em maior número que ele e com algumas barras de ferro em mãos. Segundo o promotor, é apenas nesse momento que ele para seus ‘atos executórios’ e volta para a sala do Maternal 3. Então, as pessoas vão até essa sala e Fabiano começa a se auto lesionar. Após isso, ele é contido e desarmado pelos populares e as forças policiais chegam ao local.
Fonte e foto: ClicRDC