A ganância para antecipar a herança fez com que uma filha planejasse, segundo denúncia do Ministério Público, a morte do próprio pai e prometesse recompensa para os autores dos crimes contra a vida. O que eles não esperavam é que a vítima sobrevivesse aos golpes de faca, diferente da sua esposa, que morreu em função dos ferimentos.
A 5ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça de Santa Catarina (TJSC) decidiu manter as condenações pelos crimes de homicídio, tentativa de homicídio e fraude processual de dois homens e uma mulher. Um terceiro homem que participou do crime foi condenado por furto.
A filha, Cleucimar de Fátima Cardoso Bello Vissoto, que planejou toda a ação e ofereceu recompensa, foi condenada a 31 anos, um mês e 10 dias de reclusão. Valdecir Pelentir, que confessou as agressões contra o idoso que sobreviveu, recebeu a pena de 23 anos e quatro meses de reclusão. Já Vanderson Delsiovo Cruz, que matou a esposa do idoso, pegou 26 anos e quatro meses de reclusão. Todos devem cumprir as penas em regime fechado e também foram condenados a sete meses de detenção e 22 dias de multa cada. O terceiro homem, Felipe Pelentir, condenado apenas pelo crime de furto, teve pena fixada em três anos, seis meses e 20 dias de reclusão, em regime aberto. O crime ocorreu em Linha Santa Terezinha, interior de Herval d’ Oeste.
Segundo a denúncia do MP, os homens e a filha de uma das vítimas usavam cocaína durante o início de uma madrugada em março de 2018. Com a promessa de recompensá-los assim que recebesse a herança, os homens partiram para a casa da vítima. Com dois chutes arrombaram a porta da casa, onde o casal vítima dormia. O homem recebeu um golpe chamado gravata e foi questionado sobre uma arma. Em ato contínuo, o idoso foi esfaqueado na sala e simulou estar morto. Na sequência, os homens mataram a esposa no quarto. Para prejudicar a investigação, os envolvidos retiraram a arma da casa.
Inconformados com a sentença do Tribunal do Júri, Cleucimar, Valdecir e Vanderson recorreram ao TJSC. Basicamente, todos requereram a anulação do julgamento, sob a alegação de que o resultado foi contrário as provas dos autos e pleitearam a redução das penas para afastar as qualificadoras de culpabilidade, da conduta social, da personalidade e das circunstâncias do crime.
O recurso foi parcialmente provido para afastar as circunstâncias judiciais da conduta social e personalidade. “Levando em conta os relatos dos acusados e da vítima sobrevivente, os quais afirmaram que as lesões apontadas nos laudos periciais foram provocadas mediantes golpes de faca, bem como a circunstância de que a arma branca citada é apta a provocar ferimentos perfurocortantes, além do local vital atingido: pescoço; não há dúvida da ocorrência de crimes de homicídio tentado e consumado”, anotou o desembargador Antônio Zoldan da Veiga, relator da matéria. A decisão foi unânime.
Com informações Caco da Rosa