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Entre o pavor e a precaução, a serenidade cristã enfrenta o drama do coronavírus

Nosso grande problema, diante da pandemia global, é ter uma postura realista e prudente, evitando o alarmismo e o pânico, de um lado, ou a irresponsabilidade e as conditas de risco, de outro

Antoine Mekary-ALETEIA

O rápido aumento de casos de coronavírus noticiados no Brasil tem aumentado o medo entre a população. As redes sociais fervilham de notícias sobre a doença e instruções para sua prevenção, algumas verdadeiras, outras falsas. Já havia escrito sobre essa questão em Aleteia, e tinha dois temas novos para apresentar nesse artigo, mas o crescimento do pânico e das atitudes impensadas me convenceu a voltar ao tema do coronavírus.

Nosso grande problema, diante da pandemia global, é ter uma postura realista e prudente, evitando o alarmismo e o pânico, de um lado, ou a irresponsabilidade e as conditas de risco, de outro. Os governos enfrentam a mesma dificuldade que os cidadãos. Prevenção excessiva pode levar ao caos econômico, prejudicando as pessoas em função da perda de renda e do desemprego, ou mesmo trazer mais risco do que proteção à população. Se todas as escolas suspenderem as aulas, por exemplo, grande parte das famílias deixarão seus filhos com avós. Crianças tendem a ser bem mais resistentes à Covid-19 que idosos, assim a suspensão das aulas – num momento inadequado – pode alastrar a doença entre a população mais suscetível… O uso indiscriminado de máscaras pode levar à falta do produto no mercado, fazendo com que ela falte para quem precisa realmente usá-la. Além disso, máscaras sujas e manipuladas sem cuidado podem se tornar um vetor de contaminação do usuário.

Por outro lado, atitudes irresponsáveis – de pessoas e governos – tendem a facilitar mais ainda o vírus. O governo chinês demorou para tomar medidas adequadas em relação á epidemia, segundo consta porque não queria prejudicar a imagem do país. Quando fez os anúncios públicos e começou a tomar medidas condizentes, a situação já estava fora de controle. Na Itália, vários analistas já colocam, entre as possíveis causas do volume de vítimas, o fato das pessoas terem demorado a se darem conta da necessidade de tomarem as medidas preventivas indicadas pelos organismos de saúde.

A confiança, que nasce do encontro com Cristo, é um antídoto eficientíssimo contra o pânico. Se é uma verdadeira confiança cristã, vem acompanhada pela responsabilidade por si mesmo e pelo próximo. Mas surge uma questão: por que é tão difícil confiar, num momento como esse? Alguém dirá: porque a nossa fé é fraca. Essa resposta não deixa de ser verdadeira, mas não nos deixa muitas indicações do que fazer.

Na verdade, a confiança se manifesta numa serenidade, que não é apática, mas proativa. As boas comunidades monásticas, no mundo todo, são um exemplo claro dessa serenidade. Qual é o seu segredo? A companhia constante de Jesus, numa vida de oração que é determinada pelos tempos da Igreja e não pela sensibilidade e os humores de cada monge individualmente. Precisamos de momentos para uma convivência afetuosa com o Senhor, espaços de oração e meditação definidos não por nossos medos e inseguranças, mas pela contemplação das maravilhas que Ele fez na história e continua a fazer em nossa vida.

Por estranho que pareça, o coronavírus pode se tornar uma ocasião para redescobrirmos o prazer da companhia Daquele que nos ama e que nos protege tanto de formas esperadas e conhecidas (como pelo uso dos recursos da Medicina), como por formas inesperadas e misteriosas, que nos fascinam e encantam.


Algumas indicações práticas

Você já deve ter visto as indicações abaixo em vários lugares, mas – caso não as tenha visto – não custa reapresentá-las aqui. A maior parte das indicações são medidas que sempre deveríamos adotar:

  • Lave bem as mãos, desinfetando-as com álcool particularmente ao voltar de lugares públicos.
  • Evite o compartilhamento de talheres, pratos e copos.
  • Não mantenha lixo acumulado ou água depositada em locais abertos (válido para doenças transmitidas por animais).
  • No ambiente de trabalho e em lugares públicos, desinfete sempre objetos e superfícies.
  • Quando doente, procure repousar, alimentar-se bem, buscar orientação médica e optar por trabalhar em casa, se possível.
  • Pessoas idosas ou com a saúde debilitada devem sempre se precaver e evitar risco de contágio.
  • Conheça bem as situações, checando as informações para evitar fake news e mantendo-se atualizado(a).


Além dessas precauções, em períodos de grande irradiação das doenças, é aconselhável evitar aglomerações humanas, proximidade física e viagens (principalmente aéreas) aos locais com surtos da epidemia. Máscaras são adequadas para que os doentes não contaminem pessoas sadias, mas não devem ser usadas sem instruções nem indicação médica. Quarentenas, isolamentos e confinamentos de grupos também são medidas extremas, que podem trazer mais danos que benefícios se mal aplicados.


Fonte: Ateleia