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Julio Garcia faz pronunciamento após Operação Alcatraz

Presidente da Alesc foi alvo de busca e apreensão na última quinta-feira

Foto: Rodolfo Espínola/Agência AL

O presidente da Assembleia Legislativa de Santa Catarina (Alesc), Julio Garcia, quebrou o silêncio e se manifestou cinco dias após o apartamento em que ele mora e um sítio de propriedade dele serem alvo de buscas da Polícia Federal durante a Operação Alcatraz.


Na sessão desta terça-feira, o deputado chegou ao plenário pontualmente às 15h e, quatro minutos depois, ocupou a tribuna. Em um discurso de nove minutos, Garcia negou qualquer relação com os fatos investigados na operação, disse confiar na Justiça e prometeu lutar para provar a inocência.

Garcia dividiu os fatos associados a ele na investigação em duas partes no discurso. Na primeira delas, defendeu-se da acusação de que um terreno dele teria sido adquirido com recursos obtidos por meio das fraudes em licitações apontadas pela Polícia Federal. Segundo ele, o terreno teria sido adquirido em 1994 - há 25 anos, portanto. No entanto, a regulamentação do terreno teria demorado todo esse tempo porque o antigo proprietário morreu logo após a compra e o imóvel teria ficado envolvido em processos de inventário e de disputas de herdeiros.

— Foram longos 20 anos para que houvesse a regularização. Aí, e não estou acusando ninguém, houve o link entre a legalização do terreno e a compra com o advento da operação. Portanto, tal imóvel nada tem a ver com o objeto da operação. A operação procura desvio de recursos públicos para benefícios de privados.

Sobre o segundo fato da investigação que segundo a PF teria relação com o presidente da Alesc, de ter relação com o proprietário de empresa prestadora de serviços à Secretaria de Administração,  Garcia disse desconhecer qualquer atividade comercial da empresa, incluindo contratos. Ele admitiu ser amigo do proprietário, com quem teve convivência familiar durante 15 anos e mantém amizade até hoje.

— Portanto, esta é minha ligação. Não há nenhuma insinuação ou comprovação de qualquer participação minha em episódio relacionado ao caso investigado — apontou.

O deputado falou brevemente ainda sobre a relação com Nelson Castello Branco Nappi Junior, apontado pela investigação como o epicentro do esquema em apuração pela PF. Nappi foi secretário-adjunto de Administração do governo do Estado e, desde o início do ano, atuava como diretor de Tecnologia da Alesc, em cargo indicado pelo próprio Julio Garcia. Segundo a investigação, a irmã de Garcia também atuava como secretária de Nappi no governo do Estado.

- Reitero minha amizade. Fui seu padrinho de casamento e essa amizade é de muitos anos. Desconheço qualquer atuação ilícita de sua parte. Não sou tão ingênuo a ponto de, conhecendo qualquer ilicite ou prática irregular, convidá-lo a fazer parte da minha equipe nomeando-o a um cargo  comissionado na Assembleia. Seria menosprezar minha inteligência e o zelo com que escolhi as pessoas para trabalhar comigo. Não vou renegar meus amigos. Não me cabe julgá-los, essa tarefa é da Justiça - afirmou.

Por fim, Garcia agradeceu o apoio que tem recebido nesse momento, que definiu como “o mais triste da vida”, e voltou a afirmar que confia na Justiça.

— Esta solidariedade me dá forças para continuar lutando. Vou lutar até o fim para provar minha inocência, e a única coisa que posso pedir é Justiça. Não quero ser pré-julgado, mas também não quero deixar de ser julgado. E, ao final do julgamento, quero ter a oportunidade, se Deus me der essa graça, de voltar aqui e poder continuar merecendo a amizade, o respeito e o carinho que sempre tive de todos vocês — concluiu.


Após a fala de Garcia, mais de oito deputados fizeram discursos em favor do presidente.

Fonte: NSC