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Robô Philae pousa em cometa e envia dados

Módulo Philae foi liberado por sonda espacial nesta quarta (12). É a primeira vez que cientistas conseguem pousar equipamento em cometa.

Combinação de fotos divulgada pela Agência Espacial Europeia mostra o robô Philae na superfície do cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko (Foto: Esa/Rosetta/Philae/AP)

O robô Philae, que pousou em um cometa a mais de 510 milhões de quilômetros da Terra, enviou nesta quinta-feira (13) três boas notícias sobre seu funcionamento, apesar de estar aparentemente pousado em um declive, anunciou Philippe Gaudon, chefe do projeto Rosetta do Centro Nacional de Estudos Espaciais de Toulouse (CNES).


"Philae funciona bem. Sua bateria funciona bem e fornece energia. Mas as fotos que enviou parecem indicar que se encontra em um terreno inclinado", acrescentou.

"O Philae passou a noite sobre o cometa e temos três boas notícias. A primeira é que está pousado sobre o núcleo do cometa. A segunda é que recebe energia: seus painéis solares estão ligados e permitem encarar o futuro. E a terceira é que estamos em contato permanente com o Philae, já que o robô emite e envia informações à Rosetta e depois à sonda, que está em órbita ao redor do cometa, as transmite à Terra", declarou, por sua vez, Jean-Yves Le Gall, presidente do CNES, localizado no sul da França.

"O sinal de rádio funciona bem e estamos em contato direto com o Philae", completou.

Ao ser questionado sobre a ancoragem do robô na superfície do cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko e o funcionamento do sistema de ancoragem que possui na parte inferior, Le Gall destacou que "o mais importante é que estamos bem posicionados. Depois veremos o que faremos com os 'arpões'. Estamos fazendo uma checagem do Philae. Estamos em contato, isto é o mais importante".
"E, sobretudo, temos energia", insistiu Le Gall.

"Tínhamos a bateria que permitia o funcionamento de maneira autônoma por dezenas de horas, mas agora os painéis solares funcionam", completou.

"Isto permite imaginar uma vida muito mais longa para o robô, além das 60 horas das baterias".

"Todos os sistemas funcionam bem", completou Le Gall.
Ao falar sobre o núcleo do cometa, "todas as teorias" diziam que era uma "bola de neve suja, mais compacta". Agora os científicos sabem que se trata de uma superfície "totalmente acidentada".

"Ali, onde esperávamos uma superfície branda, encontramos gelo duro", completou Le Gall.

Feito inédito

A Europa fez história na quarta-feira (12) ao conseguir pousar seu primeiro robô em um cometa.

O laboratório mecanizado, do tamanho de uma geladeira e com cerca de 100 quilos de peso, tocou a superfície do cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko em uma manobra de alto risco, a mais de 510 milhões de quilômetros da Terra.
Vários instrumentos a bordo de Philae já enviaram à Terra vários dados e fotos à Terra.

Os engenheiros ainda precisam descobrir o que levou o robô a falhar no lançamento do par de ganchos na superfície do cometa, desenvolvidos para evitar que se afaste do corpo celeste, que tem baixíssima gravidade.

Apesar das incertezas, houve comemoração quando o Philae se separou de Rosetta, como previsto, e se dirigiu para o "67P" depois de uma jornada de uma década e 6,5 bilhões de quilômetros.

Uma multidão de cientistas, convidados e VIPs, inclusive dois astrônomos ucranianos que descobriram o cometa, em 1969, comemoraram quando chegou à Terra o sinal, confirmando o contato com o cometa.

Aprovada em 1993 e com custo de 1,3 bilhão de euros (US$ 1,6 bilhão), a missão Rosetta se lançou ao espaço em 2004, levando junto o módulo Philae, equipado com 10 instrumentos.

Sonda e robô alcançaram seu alvo em agosto deste ano, usando o empuxo gravitacional da Terra e de Marte como verdadeiros estilingues espaciais.

Ao orbitar lentamente o "67P" desde agosto, Rosetta fez algumas observações surpreendentes sobre o cometa.
Seu contorno lembra de alguma forma o de um patinho de borracha, mais escuro que o carvão e com uma superfície retorcida e bombardeada por bilhões de anos no espaço, o que fez dele um ponto difícil de pousar.

A missão de Philae inclui perfurar a superfície do cometa e analisar amostras de marcadores de isótopos de água e moléculas complexas de carbono.

Segundo a teoria corrente, os cometas bombardearam a nascente Terra há 4,6 bilhões de anos, trazendo moléculas de carbono e a preciosa água, partes importantes da caixa de ferramentas fundamental para a vida no nosso planeta.

Philae tem bateria suficiente para realizar cerca de 60 horas de trabalho, mas pode continuar até março, com uma recarga solar.


O que quer que aconteça com sua carga, Rosetta continuará a acompanhar o cometa, analisando-o com 11 instrumentos quando orbitar o Sol no ano que vem. A missão está prevista para terminar em dezembro de 2015.

Fonte: G1