Itajaí – Camila Cassimiro da Conceição, que morreu há uma semana após dar à luz trigêmeos, foi vítima de um choque hemorrágico. Segundo a certidão de óbito, a complicação aconteceu por um quadro de “atonia uterina”, que é a perda da capacidade de contração do útero. Com sete filhos, a sergipana de 32 anos que morava em Itajaí, teve três outros partos ao longo dos últimos 13 anos, sendo um de gêmeos.
A hemorragia pós-parto é uma consequência da não contração do útero e também uma das principais causas de mortalidade materna. Segundo o ginecologista e obstetra Ricardo Maia, ela ocorre, entre outros fatores, com mais frequência em mulheres que tiveram gestações anteriores, já ficaram grávidas de dois ou mais bebês ou estão esperando mais de um filho. Camila se enquadrava nos três quesitos.
Para Maia, que é vice-presidente da Associação dos Médicos Obstetras e Ginecologistas de Santa Catarina e diretor da área na Maternidade Carmela Dutra, em Florianópolis, esses aspectos colocavam Camila como uma “paciente de risco altíssimo”.
No documento que atestou a morte de Camila, é citado também “Coagulação Intravascular Disseminada”. O termo é usado para designar uma evolução no quadro de hemorragia no corpo.
“Ela estava indo para o quarto parto, sendo que um deles tinha sido de gêmeos e isso fez que o risco de atonia uterina aumentasse muito. A gravidez era de um risco absurdo”, afirmou.
Na primeira e segunda gestações, ela teve duas meninas que atualmente têm 13 e 11 anos. Na terceira vieram as gêmeas de 3 anos e na quarta, os trigêmeos Vitória, Breno e Valentina. A família ainda não entende o que aconteceu. Segundo Éricka Layne, sobrinha de Camila, a tia fez todos os exames e cumpriu com o pré-natal.
“A minha tia não tinha nenhum problema de saúde, fez o pré-natal tudo certinho e ultrassom. Ela foi para maternidade com a cesárea agendada pelo médico. Durante o parto, ocorreu tudo bem”, contou a sob-rinha.
Mães dos trigêmeos morreu no hospital (Foto: Hospital Marieta)
Pré-natal e protocolos
Segundo Maia, além de um bom pré-natal, em relação à gestante não há nada que se possa fazer para evitar que os riscos do parto sejam menores. Da parte da medicina, no entanto, há procedimentos e protocolos que reduzem o risco da mortalidade.
Entre eles, está a administração de citocina na terceira fase do trabalho de parto para promover a contração do útero. Conforme o médico, “há medicamentos que podem ser ministrados e existe a opção de cirurgia para a retirada do útero”.
Investigação
A Polícia Civil investiga a morte de Camila. Segundo o delegado regional Márcio Luiz Colatto, o inquérito foi instaurado na quinta-feira, dia 28, dia da morte, e segue em sigilo.
O caso também alvo de apuração na Corregedoria do Conselho Regional de Medicina de Santa Catarina (CRM-SC).
As filhos mais novos da mulher nasceram de 36 semanas de parto cesariana na terça-feira, dia 26. Um dia depois, a unidade de saúde divulgou uma nota afirmando que a Camila teve sangramentos e passou por uma cirurgia de emergência. Na quinta, a administração comunicou a morte da mãe. (Com informações do G1)