Documentos revelados hoje pela rede de TV americana CNN mostram que autoridades chinesas esconderam casos e demoraram até 23 dias para diagnosticar pacientes confirmados no início da pandemia. Erros na gestão da crise também foram identificados. O vírus do coronavírus foi identificado pela China ainda no fim de 2019.
O relatório obtido pela emissora foi produzido por autoridades locais de Hubei, onde o vírus foi detectado pela primeira vez. No material havia ainda o alerta: “documento interno, mantenha sigilo”.
No documento com 117 páginas, o governo chinês lista, por exemplo, um total de 5.918 novos casos detectados no dia 10 de fevereiro, mais do que o dobro do número público oficial divulgado na mesma data, que foi de 2.478 casos
O dossiê cita ainda que em março o tempo médio entre o início dos sintomas e o diagnóstico confirmado foi de 23,3 dias, ou mais de três semanas.
Além dos números muito superiores aos divulgados pela China e a demora para o diagnóstico de pacientes, o relatório revelou ainda a falta de pessoal no combate da crise e um grande surto de gripe, ocorrido no início de dezembro de 2019 na província de Hubei, em Wuhan e outras cidades vizinhas.
Sobre essa gripe, os papéis citam nominalmente os “casos confirmados” e “clinicamente diagnosticados” próximo a 200. À época, a China havia declarado à OMS (Organização Mundial de Saúde) 44.
Segundo a CNN, “os documentos representam o vazamento mais significativo de dentro da China desde o início da pandemia e fornecem a primeira janela clara sobre o que as autoridades locais sabiam internamente e quando”.
Por mais de uma vez, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, responsabilizou a China pela disseminação do vírus e pediu mais transparência ao País. “Queremos que a China seja transparente”, disse ele, em maio, a jornalistas na Casa Branca.
Em contrapartida, o governo de Xi Jinping sempre defendeu a forma como o país vinha atuando no combate à pandemia do coronavírus e, em uma entrevista coletiva em junho, o Conselho de Estado da China divulgou um Livro Branco dizendo que o governo local sempre publicou informações relacionadas à epidemia de “maneira oportuna, aberta e transparente”.
(UOL - Foto: NICOLAS ASFOURI/AFP)