No início deste ano a Embrapa Tabuleiros Costeiros, de Aracaju – SE, deu início ao projeto FecGE-Privado, com a participação de ovinocultores do Estado de Santa Catarina. O projeto é uma parceria da Embrapa com a iniciativa privada para a identificação, seleção e multiplicação de ovinos prolíficos portadores da mutação FecGE. O alelo FecGE do gene GDF9 foi descoberto e relatado pela primeira vez pela Embrapa, apresentando em ovinos Santa Inês um aumento de 82% na taxa de ovulação e de 58% na produção de cordeiros das ovelhas.
Com o apoio da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia em Brasília – DF, será realizada a genotipagem e segregação de ovinos da raça Santa Inês para identificação da mutação FecGE em Cabanhas de Santa Catarina, através da parceira institucional com a empresa de consultoria tecnológica Via Agronegócio, que realizará o trabalho de seleção, coleta e envio das amostras de sangue, assistência técnica e levantamento, e disponibilização das informações que subsidiarão a análise do desempenho dos animais e dos impactos sociais e econômicos da introdução da tecnologia nos sistemas de produção.
As propriedades participantes do projeto serão as Cabanhas ZDO e Dois Irmãos, localizadas em Iomerê - SC, as quais trabalham com ovinos PO’s registrados e comerciais com a finalidade na venda de animais para genética e produção de carne. Também participará do projeto a Fazenda Pagliosa, localizada em Ipumirim - SC, que possui um rebanho comercial da raça Santa Inês com a finalidade de produção de carne. Estas propriedades disponibilizarão os animais para controle de todos os registros zootécnicos e socioeconômicos, além da coleta de amostras de sangue com o objetivo de identificar os animais portadores do alelo prolífico.
A participação destes produtores pioneiros em Santa Catarina vai permitir viabilizar também a condução de variados estudos sobre a fisiologia e aplicação de biotecnologias de multiplicação do alelo prolífico FecGE na raça Santa Inês a nível estadual. Adicionalmente, o Projeto FecGE-Privado permitirá a elaboração de um banco de gametas e embriões viabilizando a multiplicação desta genética que poderá ser disponibilizada em maior escala para os produtores catarinenses e de todo o Brasil.
Segundo Andersom Borga, sócio da Cabanha Dois Irmãos, o estudo irá possibilitar uma evolução muito grande para a raça que começa a ser bem representativa no Estado. “A expectativa no cenário atual é evidenciar ainda mais os ganhos significativos que a raça já apresenta por sua excelente produtividade”.
Já para Douglas Francisco Zardo, sócio da Cabanha ZDO, a parceria firmada com a Embrapa estará colocando o Estado de Santa Catarina no cenário Nacional da Raça Santa Inês. “Já temos animais com altíssimo padrão, com este trabalho poderemos dispor ao mercado reprodutores certificados pela Embrapa, e tendo a certeza de sua produtividade, teremos a possibilidade de ter animais comprovados cientificamente com prolificidade superior, vamos deixar um legado muito grande para o rebanho nacional”. Ele estaca ainda que a Raça Santa Inês já se apresenta com um índice muito superior de produtividade e precocidade de cordeiros e a identificação do gene FecGE, trará ainda mais força neste grande diferencial da raça.
Para o pesquisador da Embrapa, Hymerson Azevedo, há uma grande motivação em torno do projeto. A união de esforços viabilizará a evolução da genética FecGE que nos últimos anos tem sido exaustivamente investigada na Embrapa mostrando grande potencial para o melhoramento genético de ovinos. Ele acredita que será uma quebra de paradigma para a ovinocultura brasileira na medida em que, ao invés de se valorizar e selecionar para a reprodução somente animais pelo fenótipo e portadores de determinados afixos, o projeto propõe que sejam selecionados animais multiplicadores também pelo genótipo ligado às características de produção, como é o caso da prolificidade. “Ovinos prolíficos FecGE podem aumentar a produtividade dos rebanhos ajudando os sistemas a alcançarem a sustentabilidade econômica além de diminuírem a pressão da ovinocultura sobre o uso da terra e dos recursos naturais, reduzindo os impactos sobre o meio ambiente na medida que menos animais podem produzir mais carne”.
A Via Agronegócio afirma que desde as primeiras conversas sobre o projeto com os pesquisadores e com produtores percebeu o potencial para um maior desenvolvimento da raça Santa Inês no Estado de Santa Catarina, e também como um fator inovador na ovinocultura com a seleção de animais pelo seu potencial genético, gerando aumento na produtividade e. consequentemente, maior retorno econômico aos produtores.
Fonte: Facto Imagens e Textos