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UFMG vai testar vacina contra COVID-19 este mês e busca voluntários


Começam na próxima segunda-feira (13) as inscrições para os interessados em participar de testes da fase 3 da CoronaVac, vacina contra o novo coronavírus, desenvolvida pela farmacêutica chinesa Sinovac Biotech. Os testes devem começar no dia 20. Os interessados deverão se voluntariar via aplicativo para smartphones, que ainda está em desenvolvimento.

Em Minas, os testes ficarão a cargo do Centro de Pesquisa e Desenvolvimento de Fármacos (CPDF) do Instituto de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Minas Gerais (ICB UFMG), sob orientação do Instituto Butantan, de São Paulo. 

Além de trabalhar diretamente com pacientes infectados com a COVID-19, os interessados precisam preencher outros requisitos, como ter mais de 18 anos, não ter infecção prévia pela doença, não participar de outros estudos, não estar grávida ou pretender engravidar nos próximos meses, não ter outras doenças ou outras alterações que impeçam a vacinação.

“O teste com esse público, que está o tempo todo em contato com o vírus, vai permitir que os resultados sejam mais rápidos”, explica o presidente do Instituto Butantan, Dimas Covas.

Em todo o Brasil serão 9 mil voluntários. Em Minas, serão selecionados 800 candidatos. Parte do grupo receberá o antígeno e outro, placebo. A expectativa, segundo Covas, é de que esse processo seja feito até outubro deste ano.

Para Mauro Martins Teixeira, professor do Departamento de Bioquímica e Imunologia do ICB e coordenador do CPDF, a vacina usa tecnologia já conhecida, que envolve o vírus purificado e inativado (morto), cuja eficácia já está bastante comprovada para outras doenças, como a gripe comum; poliomielite; difteria e tétano; hepatite A e B; meningocócicas e pneumocócicas conjugadas, dentre outras. O CPDF também já colabora há três anos com o Butantan fazendo testes de eficácia de uma vacina tetravalente para a dengue.

Além de Minas e São Paulo, participarão da fase 3 de testes centros de pesquisas de três estados – Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Paraná – e o Distrito Federal. Todo o processo já foi aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e da Comissão Nacional de Ética (Conep).

Pelo acordo entre o Butantan e a empresa sediada em Pequim caberá aos chineses fornecer as doses necessárias para a realização de testes clínicos, com o objetivo de demonstrar sua eficácia e segurança. Se comprovada a eficácia, o instituto paulista tem campacidade para produzir imediatamente as 100 milhões de doses, das quais 60 milhões ficarão no Brasil, com as demais indo para a Sinovac Biotech.

O Instituto Butantan é um dos maiores centros do mundo na pesquisa, desenvolvimento e produção de imunobiológicos –  sistemas biológicos vivos estruturalmente anticorpos ou receptores direcionados a um alvo específico.

O governador paulista, João Dória, destaca que o acordo com a Sinovac prevê a transferência de tecnologia para a produção desta vacina pelo Butantan, em escala industrial. Se tudo correr como o esperado e a vacina for aprovada, os passos seguintes seriam o registro do produto pela Anvisa e sua distribuição gratuita pelo Sistema ùnico de Saúde (SUS) em todo o Brasil. 


Segurança 

Os estudos pré-clínicos e estudos clínicos de Fase 1 e 2 também demonstram que a vacina tem perfis favoráveis de imunogenicidade e segurança. Um artigo publicado em maio na revista Science, usando modelo animal, mostrou que a vacina induziu a produção de anticorpos neutralizantes específicos para SARS-CoV-2 em camundongos, ratos e primatas não humanos.

Segundo essa pesquisa, esses anticorpos neutralizaram 10 estirpes representativas de SARS-CoV-2, “o que sugere a possibilidade de que ela possa neutralizar outras estirpes do novo coronavírus”, afirmam os autores do estudo estrangeiro. A Sinovac Biotech também já realizou testes em cerca de mil voluntários chineses nas fases 1 e 2 de testes. 





Fonte: Jornal do Estado de Minas