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Pai do ano: Gari que criou filha sozinho a forma em medicina


O gari Tales Pereira nem sempre teve uma vida fácil, mas isso não o impediu de ser o melhor ser humano possível e nos inspirar com sua história que nos faz chamá-lo de pai do ano.

Após perder sua esposa, mãe de sua filha Aline de Castro Pereira, hoje com 26 anos, quando ela ainda era pequena para um câncer de estômago, ele passou a exercer seu principal papel no mundo: de pai e mãe. Para chegar no dia maravilhoso que está por vir, Tales trabalha como gari em Goiânia, profissão que permitiu cuidar de sua filha e garantir seus estudos que hoje se tornaram uma orgulhosa graduação em medicina.

A futura médica não poderia ter feito mais bela homenagem à dedicação de seu pai e em seu convite de formatura, a foto escolhida é ao lado dele junto com a dedicatória:

“Ao meu pai, agradeço profundamente por ter vivido cada dia comigo, se desdobrando para ajudar a cumprir minhas obrigações e se preocupando com meu bem estar e me amparando com as mais diversas formas de amor. Você é meu maior exemplo de luta e determinação para vencer na vida”.


“É muito emocionante. A gente fica todo derrubado. Fiz minha parte e ajudei. Agora ela vai colher os frutos. Ela é uma joia. Para chegar onde chegou, é uma guerreira”, elogia o pai do ano.

Segundo a Aline, foi a doença de sua mãe que a motivou a seguir a carreira médica, e que pretende se especializar em gastroenteorologia.

Graças ao suor do trabalho duro de Tales, ela cursou apenas colégios particulares e o resultado foi a aprovação em três vestibulares: Escola Superior de Ciências da Saúde, no DF, Universidade Federal do Tocantins (UFT) e Universidade Federal de Goiás (UFG), onde fez o curso.

Ela se recorda do momento em que soube da aprovação. “Ele ficou na expectativa com um radinho de pilha, à moda antiga, esperando sair a lista. Quando eu vi na internet, foi muita emoção”, lembra.


ATUALIZAÇÃO:

Hoje médica, filha de gari recebe primeiro salário e começa a ajudar o pai


A médica Aline de Castro Pereira recebeu seu primeiro salário e já está ajudando o pai, o gari Tales Pereira, de 63 anos.


“Quando eu recebi meu primeiro salário liguei para ele, eu fiquei chorando e ele emocionado também. Já fui ajudando, já coloquei um portão eletrônico na casa, pedi para ele deixar eu pagar algumas coisas aqui. No começo ele não queria deixar, mas fui convencendo. Primeira coisa que eu fiz foi comprar uma rede para ele, o primeiro presente foi esse”, lembrou.


O pai comentou que hoje se sente realizado vendo a filha concretizando seu sonho.

“Eu sinto orgulho dela. Quando ela estiver precisando e eu estiver com vida, mesmo depois de casada, eu vou estar lá ainda para o que ela precisar. Pai não cria filho pra si. Ela diz que eu não vou ficar sozinho não. Quando ela conseguir comprar algum imóvel, vai me levar para morar do lado dela”, afirmou.


Aline vai comprar um apartamento para o pai morar perto dela. “Ele fala que não vai morar em apartamento, mas quando eu tiver o meu vou comprar um pra ele em baixo ou em cima do meu”, contou.


A jovem está fazendo residência em clínica médica para depois se especializar em gastroenteorologia.


“Não me vejo fazendo outra coisa, se eu tivesse feito outro curso, não sei se estaria plenamente feliz como estou hoje. Eu estou começando a viver agora o dia a dia da profissão e é muito gratificante ver o paciente melhorar, ver que você pode fazer a diferença na vida de alguém”, pontuou.

Para quem não se lembra, Tales assumiu os cuidados da filha quando ela tinha 9 anos. Ele decidiu mantê-la na escola particular na qual a mãe, que veio a falecer por causa de um câncer no estômago, havia matriculado para que ela tivesse uma boa base estudos.


“Quando ela começou a estudar, a minha esposa colocou ela no jardim em um colégio particular. A mãe dela adoeceu, faleceu e eu não tirei. Era uma escola boa, católica e ela ficou lá até o final do ensino médio, então ela teve uma base boa. Ela é guerreira”, disse Tales.


Fonte: Razões Para Acreditar/ G1