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Itamaraty cancela reunião de diplomata brasileira no Irã

Governo irá esperar retorno do embaixador Rodrigo Azeredo ao país para retomar contatos com governo iraniano

Governo cancela reunião com representantes do Irã Foto: Divulgação

Em um novo gesto de afastamento com o Irã, o governo brasileiro cancelou uma reunião que a encarregada de negócios da embaixada em Teerã, Maria Cristina Lopes, teria nesta quarta-feira (8) na chancelaria do país persa.


Maria Cristina é a número dois da missão brasileira em Teerã e deveria comparecer nesta quarta a uma reunião na área de diplomacia pública do ministério iraniano de Relações Exteriores.

O objetivo do encontro era discutir temas da cooperação cultural entre os dois países.

Embora a agenda tivesse sido programada antes da operação militar dos Estados Unidos que matou o general iraniano Qassem Soleimani, o comando do Itamaraty instruiu a diplomata a cancelar a reunião. Os brasileiros informaram os iranianos que pediriam o reagendamento do encontro.

De acordo com interlocutores ouvidos pela Folha de S.Paulo, diferentes fatores pesaram para a decisão.

Primeiro, a reunião ocorreria apenas dias depois de Brasil e Irã terem discordado sobre a ação militar americana que matou Soleimani. Enquanto o Irã condenou o assassinato de seu general como um ato ilegal, o Brasil endossou a tese dos EUA e disse que a operação se justifica em um contexto de combate ao terrorismo internacional.

A posição do Brasil foi expressada, na sexta-feira (3), em uma nota em que o Itamaraty diz apoiar a “luta contra o flagelo do terrorismo”.

Descontentes com o conteúdo do comunicado da chancelaria do Brasil, as autoridades iranianas convocaram Maria Cristina a dar explicações -um gesto de protesto nas relações diplomáticas.

Além de considerar que não caberia tratar de questões culturais após as divergências públicas expressadas com Teerã, o Itamaraty também avaliou que a reunião desta quarta poderia ser utilizada pelos iranianos para uma nova leva de reprimendas contra o posicionamento adotado pelo governo Bolsonaro.

Por último, o ministro Ernesto Araújo (Relações Exteriores) e seus auxiliares decidiram que o melhor é esperar pelo retorno do embaixador Rodrigo Azeredo ao Irã para retomar os contatos com os representantes do regime de Teerã.

Azeredo está de férias no Brasil, recuperando-se de um tratamento médico, e a expectativa é que ele regresse em breve ao Irã.


Por Henrique Gimenes


*Folhapress