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Aposentadorias no meio rural de SC passam de 24% para 42% em 12 anos, aponta IBGE


O percentual de estabelecimentos agropecuários onde o produtor recebe rendimentos de aposentadoria passou de 24,27% em 2006 para 42,83% em 2017 no Estado. O número foi de 47.003 para 78.377 no período, segundo dados do Censo Agropecuário divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Além disso, quase 70% da população rural de SC tem entre 45 e 75 anos, o que mostra que o campo está mais velho. O número de pessoas com menos de 25 anos diminuiu de 1,9% em 2006 para 1,2% em 2017.
Segundo o supervisor de pesquisas do IBGE, Jair Quaresma, esse envelhecimento também é comprovado pelo aumento do número de aposentadorias.
— Esse envelhecimento no campo, aliado ao aumento de aposentadoria, serve de alerta para os governos de que pode ocorrer uma crise de mão-de-obra. Observamos uma redução de vagas ocupadas na agricultura familiar e um baixo percentual de jovens, o que representa um risco de sucessão nas propriedades — afirmou Quaresma.
A população ocupada na agricultura familiar baixou de 469 mil para 364 mil pessoas em uma década. E o número de estabelecimentos agropecuários caiu 5,8%, para 183 mil estabelecimentos, cerca de 10 mil a menos do que em 2006.
Os estabelecimentos de agricultura familiar tiveram queda mais acentuada, de 9,5%. Eles representavam 87% do total em 2006, mas em 2017 o índice caiu para 78,1%. Com isso, o tamanho médio das propriedades aumentou de 15,7 para 17,1 hectares.
O pesquisador do Centro de Pesquisas para a Agricultura Familiar da Epagri, em Chapecó, Clóvis Dorigon, destaca agravamento do cenário com êxodo rural, principalmente dos jovens. Ele considera que há um risco para o modelo de desenvolvimento econômico moldado em pequenas propriedades.
Segundo ele, esse modelo serviu de base para as agroindústrias de suínos, aves e, mais recentemente, pela produção de leite.
— A agricultura familiar é responsável pelo dinamismo da economia da região. Nos pequenos municípios os dias de movimento no comércio são os dias de pagamento da aposentadoria e do cheque do leite. Com o esvaziamento do meio rural isso terá reflexo no empobrecimento dos pequenos municípios e, em cascata, nos médios e grandes municípios — destacou Dorigon.
Essa perda de vitalidade ajuda a explicar os motivos de 64 dos 118 municípios do Oeste registrarem queda populacional na estimativa de 2019 do próprio IBGE.
Dorigon avalia que são necessárias políticas públicas para manter a população em suas regiões, além de frear uma concentração de renda no campo.
Na suinocultura, por exemplo, Dorigon diz que um suinocultor atualmente produz o que antes dez produziam. Este acaba contratando funcionários assalariados e os demais ex-suinocultores tiveram que migrar para outra atividade ou até ir para a cidade. Fato similar está acontecendo no leite.
O turismo rural e o incremento de compras públicas de produtos da agricultura familiar seria alternativas para reduzir o êxodo, segundo o pesquisador.

Fonte: NSC