O vencedor foi o projeto dos estudantes do Ensino Médio técnico integrado em Informática, do IFSC Câmpus Xanxerê: Roberta Debortoli, Renata Muller, Ricardo Cenci e Isabela Battistella
Um grupo de estudantes e professores do Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC) irá transformar um sonho em realidade na próxima semana: conhecer a NASA. E, mais do que apenas visitar a agência dos Estados Unidos que desenvolve pesquisas relacionadas ao espaço, a equipe irá apresentar o experimento desenvolvido por eles no ano passado e vencedor da competição Garatéa-ISS.
Esta disputa permite que estudantes brasileiros participem do “Programa de Experimentos Espaciais de Estudantes” (tradução livre), que seleciona e envia experimentos de alunos de 10 a 17 anos para o espaço. Em 2018, mais de 4 mil estudantes de 172 escolas brasileiras participaram da Garatéa-ISS. O vencedor foi o projeto dos estudantes do Ensino Médio técnico integrado em Informática, do IFSC Câmpus Xanxerê: Roberta Debortoli, Renata Muller, Ricardo Cenci e Isabela Battistella. Os quatro foram coordenados pelos professores de Química, Andreia Weber e Victor Bernardes e, de Matemática, Daniel Ecco.
Como foram os vencedores da competição, o grupo embarcou nesta semana para os Estados Unidos e concentra-se, nos primeiros dias, a visitar espaços históricos e turísticos em Nova Iorque, Orlando e Washington. Na próxima segunda-feira, será o grande momento: apresentar o projeto ganhador “Capilaridade vs Gravidade no processo de filtração”. Na prática, os alunos e professores propuseram um sistema de filtração de água especial para o espaço e baseado na moringa, filtro de barro brasileiro considerado um dos melhores do mundo (segundo a revista The Drinking Water Book).
A apresentação será durante a Conferência Nacional do Programa de Experimentos Espaciais de Estudantes, no Museu Nacional do Ar e Espaço, no estado da Virgínia, nos dias 1 e 2 de julho. Além da equipe brasileira do IFSC, outros 22 grupos de diversos estados dos Estados Unidos, como Texas, Califórnia e Wisconsin, também apresentam seus experimentos no evento.
“Temos muito orgulho de representar o Brasil nos Estados Unidos e, especialmente, dar destaque ao oeste catarinense, a uma escola pública (IFSC) em um concurso de ciências espaciais. É uma área pouco comum, mas considerada um sonho por muitos. E aprendemos muito, porque precisamos lidar com erros e achar um meio de fazer dar certo”, frisa a estudante Renata Muller.
Depois deste momento, o grupo brasileiro segue para o estado da Flórida para conhecer o Centro Espacial da NASA e acompanhar o lançamento do foguete Falcon, pela pioneira na exploração comercial do espaço, a SpaceX. É este foguete que levará ao espaço, para ser testado, o filtro de água desenvolvido pelo grupo do IFSC.
“Fazer essa ponte entre essa garotada e o “centro” do mundo moderno é algo que deixará marcado para o resto das nossas vidas. Além da experiência científica que teremos, essa primeira viagem desses jovens está sendo até o momento de um grande enriquecimento cultural e histórico para o resto de suas vidas. Levá-los a pontos históricos como Zoológico do Central Park, Biblioteca pública de NY, memorial do 11 de setembro, vários museus como o MET e de História Natural é fazer com que nossos alunos entrem e vivam os livros de História. Estão vivenciando tudo o que estudam em História, Geografia, Sociologia… Também estamos na preparação final para a conferência em Washington nos dias 01 e 02/07, onde apresentaremos o experimento”, ressaltam os professores Daniel, Victor e Andreia.
Nos EUA, o grupo é guiado pelo diretor da Missão Garatéa, Lucas Fonseca, e Patrícia Di Cunto Bracco. Para chegar lá, além do auxílio do IFSC, os estudantes e professores contaram com a ajuda de patrocinadores: Lions, Rotary, Associação Empresarial de Xanxerê (Acix), Câmara de Dirigentes Lojistas de Xanxerê (CDL), Sicoob, Coamo, e pessoas físicas que doaram de forma online.
Como tudo começou
Toda essa história começou com a aluna Renata Muller. Apaixonada por astronomia há pelo menos três anos, a estudante ficou sabendo do Garatéa-ISS quando lia a revista Galileu. “Primeiro, apresentei a ideia para os meus colegas que também gostam dessa área de Exatas e fomos atrás dos professores para inscrever o IFSC”, lembra.
Com a equipe formada, foi o momento de desenvolver o projeto, intitulado “Capilaridade vs Gravidade no processo de filtração”. Basicamente, os alunos e professores propuseram um sistema de filtração de água baseado na moringa, filtro de barro brasileiro, já que ele é considerado um dos melhores do mundo (segundo a revista The Drinking Water Book).
Este filtro tem o funcionamento baseado na gravidade, ou seja, é através dela que a água passa pela vela e é filtrada, sendo que o principal componente responsável pela filtração é o carvão ativado. “O experimento pretende testar um método de filtração independente da gravidade, para que a água seja filtrada no espaço, onde a gravidade é quase zero. E, para isso, contamos com a capilaridade”, explica a professora Andreia Weber. De forma simples e resumida, a proposta do grupo é que ao invés de a água ser filtrada de forma tradicional (por gravidade, de cima para baixo), ela seja filtrada sem gravidade, ao contrário da forma tradicional (por capilaridade, de baixo para cima).
O experimento será feito em um tubo de ensaio, que será dividido ao meio por uma camada de carvão ativado, o responsável pela filtração. Em um dos extremos ficará uma solução de azul de metileno, que é a substância a ser filtrada, e o outro extremo será o destino dessa mesma substância já filtrada.
“Além disso, o experimento terá a presença de um respirador, que passará ao longo de todo o tubo, a fim de regular a pressão interna: o líquido só pode passar para o outro extremo ‘trocando de lugar’ com o ar, ou seja, para o líquido passar, é necessário que passe ar no sentido contrário”, contam os estudantes.
Depois de tanto estudo para propor o projeto, é nítido que o conhecimento e a ansiedade dos alunos e dos professores está enorme. “O projeto faz com que todos tenhamos contato com a metodologia científica, desenvolvendo um projeto de pesquisa, aprendendo a levantar hipóteses, testando e elaborando as conclusões com experimentos reais”, afirma a equipe.
Entenda melhor
A competição Garatéa-ISS é uma iniciativa desenvolvida pela Missão Garatéa em parceria com a Universidade de São Paulo (USP) e a Fundação de Apoio à Física e à Química. Além do Instituto TIM, o projeto também é patrocinado pelas empresas Airvantis e Braskem.
O fundador é o engenheiro espacial Lucas Fonseca, único brasileiro que participou da Missão Rosetta, da Agência Espacial Europeia, que levou uma sonda à um cometa pela primeira vez na história.
Em 2018, 4,2 mil estudantes, de 172 escolas, participaram da Garatéa-ISS. Esta é a segunda vez que o Brasil participa em 13 anos de existência da competição. Após a primeira seleção, 61 propostas chegaram à reta final e três foram anunciadas como finalistas. Destes, o grande vencedor foi o projeto do IFSC.
Fonte: Diário Rio do Peixe
Um grupo de estudantes e professores do Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC) irá transformar um sonho em realidade na próxima semana: conhecer a NASA. E, mais do que apenas visitar a agência dos Estados Unidos que desenvolve pesquisas relacionadas ao espaço, a equipe irá apresentar o experimento desenvolvido por eles no ano passado e vencedor da competição Garatéa-ISS.
Esta disputa permite que estudantes brasileiros participem do “Programa de Experimentos Espaciais de Estudantes” (tradução livre), que seleciona e envia experimentos de alunos de 10 a 17 anos para o espaço. Em 2018, mais de 4 mil estudantes de 172 escolas brasileiras participaram da Garatéa-ISS. O vencedor foi o projeto dos estudantes do Ensino Médio técnico integrado em Informática, do IFSC Câmpus Xanxerê: Roberta Debortoli, Renata Muller, Ricardo Cenci e Isabela Battistella. Os quatro foram coordenados pelos professores de Química, Andreia Weber e Victor Bernardes e, de Matemática, Daniel Ecco.
Como foram os vencedores da competição, o grupo embarcou nesta semana para os Estados Unidos e concentra-se, nos primeiros dias, a visitar espaços históricos e turísticos em Nova Iorque, Orlando e Washington. Na próxima segunda-feira, será o grande momento: apresentar o projeto ganhador “Capilaridade vs Gravidade no processo de filtração”. Na prática, os alunos e professores propuseram um sistema de filtração de água especial para o espaço e baseado na moringa, filtro de barro brasileiro considerado um dos melhores do mundo (segundo a revista The Drinking Water Book).
A apresentação será durante a Conferência Nacional do Programa de Experimentos Espaciais de Estudantes, no Museu Nacional do Ar e Espaço, no estado da Virgínia, nos dias 1 e 2 de julho. Além da equipe brasileira do IFSC, outros 22 grupos de diversos estados dos Estados Unidos, como Texas, Califórnia e Wisconsin, também apresentam seus experimentos no evento.
“Temos muito orgulho de representar o Brasil nos Estados Unidos e, especialmente, dar destaque ao oeste catarinense, a uma escola pública (IFSC) em um concurso de ciências espaciais. É uma área pouco comum, mas considerada um sonho por muitos. E aprendemos muito, porque precisamos lidar com erros e achar um meio de fazer dar certo”, frisa a estudante Renata Muller.
Depois deste momento, o grupo brasileiro segue para o estado da Flórida para conhecer o Centro Espacial da NASA e acompanhar o lançamento do foguete Falcon, pela pioneira na exploração comercial do espaço, a SpaceX. É este foguete que levará ao espaço, para ser testado, o filtro de água desenvolvido pelo grupo do IFSC.
“Fazer essa ponte entre essa garotada e o “centro” do mundo moderno é algo que deixará marcado para o resto das nossas vidas. Além da experiência científica que teremos, essa primeira viagem desses jovens está sendo até o momento de um grande enriquecimento cultural e histórico para o resto de suas vidas. Levá-los a pontos históricos como Zoológico do Central Park, Biblioteca pública de NY, memorial do 11 de setembro, vários museus como o MET e de História Natural é fazer com que nossos alunos entrem e vivam os livros de História. Estão vivenciando tudo o que estudam em História, Geografia, Sociologia… Também estamos na preparação final para a conferência em Washington nos dias 01 e 02/07, onde apresentaremos o experimento”, ressaltam os professores Daniel, Victor e Andreia.
Nos EUA, o grupo é guiado pelo diretor da Missão Garatéa, Lucas Fonseca, e Patrícia Di Cunto Bracco. Para chegar lá, além do auxílio do IFSC, os estudantes e professores contaram com a ajuda de patrocinadores: Lions, Rotary, Associação Empresarial de Xanxerê (Acix), Câmara de Dirigentes Lojistas de Xanxerê (CDL), Sicoob, Coamo, e pessoas físicas que doaram de forma online.
Como tudo começou
Toda essa história começou com a aluna Renata Muller. Apaixonada por astronomia há pelo menos três anos, a estudante ficou sabendo do Garatéa-ISS quando lia a revista Galileu. “Primeiro, apresentei a ideia para os meus colegas que também gostam dessa área de Exatas e fomos atrás dos professores para inscrever o IFSC”, lembra.
Com a equipe formada, foi o momento de desenvolver o projeto, intitulado “Capilaridade vs Gravidade no processo de filtração”. Basicamente, os alunos e professores propuseram um sistema de filtração de água baseado na moringa, filtro de barro brasileiro, já que ele é considerado um dos melhores do mundo (segundo a revista The Drinking Water Book).
Este filtro tem o funcionamento baseado na gravidade, ou seja, é através dela que a água passa pela vela e é filtrada, sendo que o principal componente responsável pela filtração é o carvão ativado. “O experimento pretende testar um método de filtração independente da gravidade, para que a água seja filtrada no espaço, onde a gravidade é quase zero. E, para isso, contamos com a capilaridade”, explica a professora Andreia Weber. De forma simples e resumida, a proposta do grupo é que ao invés de a água ser filtrada de forma tradicional (por gravidade, de cima para baixo), ela seja filtrada sem gravidade, ao contrário da forma tradicional (por capilaridade, de baixo para cima).
O experimento será feito em um tubo de ensaio, que será dividido ao meio por uma camada de carvão ativado, o responsável pela filtração. Em um dos extremos ficará uma solução de azul de metileno, que é a substância a ser filtrada, e o outro extremo será o destino dessa mesma substância já filtrada.
“Além disso, o experimento terá a presença de um respirador, que passará ao longo de todo o tubo, a fim de regular a pressão interna: o líquido só pode passar para o outro extremo ‘trocando de lugar’ com o ar, ou seja, para o líquido passar, é necessário que passe ar no sentido contrário”, contam os estudantes.
Depois de tanto estudo para propor o projeto, é nítido que o conhecimento e a ansiedade dos alunos e dos professores está enorme. “O projeto faz com que todos tenhamos contato com a metodologia científica, desenvolvendo um projeto de pesquisa, aprendendo a levantar hipóteses, testando e elaborando as conclusões com experimentos reais”, afirma a equipe.
Entenda melhor
A competição Garatéa-ISS é uma iniciativa desenvolvida pela Missão Garatéa em parceria com a Universidade de São Paulo (USP) e a Fundação de Apoio à Física e à Química. Além do Instituto TIM, o projeto também é patrocinado pelas empresas Airvantis e Braskem.
O fundador é o engenheiro espacial Lucas Fonseca, único brasileiro que participou da Missão Rosetta, da Agência Espacial Europeia, que levou uma sonda à um cometa pela primeira vez na história.
Em 2018, 4,2 mil estudantes, de 172 escolas, participaram da Garatéa-ISS. Esta é a segunda vez que o Brasil participa em 13 anos de existência da competição. Após a primeira seleção, 61 propostas chegaram à reta final e três foram anunciadas como finalistas. Destes, o grande vencedor foi o projeto do IFSC.
Fonte: Diário Rio do Peixe