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Passarinho metade macho, metade fêmea é encontrado nos EUA

A norte-americana Shirley Caldwell é apaixonada por aves. Desde que colocou alimentadores para pássaros em seu quintal, há 25 anos, se surpreende com os animais que avista por ali. Mas nenhuma visita a empolgou tanto como a de um cardeal meio vermelho e acinzentado, no mês passado. Pela primeira vez, ela encontrou um passarinho com as cores divididas exatamente ao meio, numa árvore a apenas 10 metros de distância de sua casa, na cidade de Erie, na Pensilvânia.

Caldwell descobriu que, além de chamativo, o cardeal tinha uma característica que o tornava ainda mais especial: era metade macho e metade fêmea. Graças a uma condição conhecida como ginandromorfismo bilateral, o bichinho apresentava parte do corpo com características masculinas e outra parte com características femininas. 

Ainda que casos como esses sejam raros, eles não são novidade. Em entrevista à revista National Geographic, o ornitólogo Daniel Hooper explicou que essa condição pode acontecer em qualquer tipo de ave, mas fica mais fácil identificá-la quando, numa mesma espécie, machos e fêmeas apresentam plumagens de cores diferentes — no caso dos cardeais, os machos têm penas avermelhadas e as fêmeas apresentam plumagem acinzentadas.

Isso só é possível porque a determinação do sexo biológico nas aves não acontece da mesma forma que nos mamíferos, cujas fêmeas têm duas cópias do cromossomo X e os machos têm uma cópia de cada cromossomo sexual (Y e X). Já nas aves, acontece o oposto: são os machos que têm duas cópias do mesmo cromossomo (ZZ), enquanto as fêmeas têm uma de cada (ZW).


(FOTO: REPRODUÇÃO/FACEBOOK/SHIRLEY CALDWELL)


O esperado seria que um passarinho fêmea gerasse duas células-ovo: uma apenas com o cromossomo Z e outra apenas com o cromossomo W. Quando uma mesma célula-ovo feminina se desenvolve com os dois cromossomos (Z e W) e é duplamente fertilizada por espermatozóides, surge o ginandromorfismo — a condição do passarinho encontrado por Caldwell. Ou seja, o filhote desenvolve metade do corpo com células masculinas (ZZ), metade com femininas (ZW).


Na maioria dos casos, espécimes com essas características são inférteis. Mas, ao que parece, o passarinho encontrado na Pensilvânia pode ser uma exceção a essa regra. “Este pode ser fértil porque seu lado esquerdo é feminino, e apenas o ovário esquerdo das aves é funcional”, disse Hooper. Sendo assim, a expectativa é que venham filhotes nos próximos meses, já que, segundo Caldwell, o passarinho de duas cores está sempre acompanhado de um outro macho. "Quem sabe, talvez sejamos sortudos o suficiente para encontrar uma família completa no verão”, finaliza.

Fonte: Revista Galileu