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Produtores de leite de Joaçaba reclamam do valor recebido da Tirol

Você sabia que o litro de leite que sai do campo a menos de R$ 1,00 chega ao consumidor nas padarias supermercados de Joaçaba a até R$ 3,50?

Esta diferença de valor pago e de mercado tem gerado descontentamentos entre os produtores do Meio-Oeste Catarinense que são integrados da Tirol de Treze Tílias, um dos principais lacticínios da região.  Depois de receber algumas reclamações a equipe de reportagem da Rádio Catarinense foi a campo “ordenhar” as informações com objetivo de entender melhor qual é a “gordura” que sobra principalmente para os pequenos produtores.  Na visita feita à alguns produtores constatamos que muitos estão trabalhando apenas para manter o abastecimento das indústrias, muitas vezes não sobrando valores em razão do custo elevado de produção. Constatamos também que alguns tem receio de se expor em razão de eventuais represálias que possam ser geradas pelas entrevistas.


Situação dos produtores

A visita aos produtores de leite começou pela comunidade de Nova Petrópolis, um dos principais distritos de Joaçaba. Na propriedade de Flávio e Neudir Cavanús nos deparamos com a realidade. Integrados da Tirol de Treze Tílias, há cerca de 4 anos, os irmãos produzem quase 20 mil litros de leite por mês com um rebanho de 40 vacas. Recebendo algo em torno de R$ 1,00 o litro eles enfrentam muitas dificuldades para se manter na atividade. “O valor tá defasado, teria que ser acima de R$ 1,15, não sei para onde está indo o lucro” questionou Flávio Cavanús.

Ainda em Nova Petrópolis a Rádio Catarinense localizou o produtor Altair Fabro, também integrado da Tirol, e que passa pela mesma situação dos irmãos Cavanús. “O custo de produção tá muito alto e eles estão pagando para nós muito pouco” reclamou o produtor. Somando as despesas mensais de produção, para se ter um lucro mínimo, Altair fez as contas e disse que o valor do litro pago ao produtor deveria ficar entre R$ 1,15 e R$ 1,20. Ele também questiona o lucro das indústrias. “Você vai no mercado comprar o litro tá mais de R$ 2,00 e pouco, quem tá ganhando? É o produtor ou a indústria?” questiona ele. Altair Fabro defende uma maior união entre os produtores e até mudança de indústria na tentativa de aumentar a lucratividade, mas ele observa. “Você muda para outra empresa eles seguram dois ou três meses o preço e depois volta o problema”. Altair entrega leite para a Tirol há 3 anos  e possui um plantel de apenas 20 vacas. “Hoje somos pequeno, mas só os ‘grandões” não conseguem manter as indústrias” observou ele.


De Nova Petrópolis a unidade móvel da Catarinense seguiu para a linha Nossa Senhoras das Graças. Lá encontramos o produtor Valdir Deitos que há 8 anos decidiu abandonar a criação de suínos, por falta de rentabilidade, e partiu para a produção de leite. Valdir, também integrado da Tirol, produz 500 litros de leite por dia com 40 vacas. Passados 8 anos e vários investimentos na propriedade ele chegou a uma conclusão: “O preço do leite não está mais compensando e acredito que muitas unidades vão parar por não ser mais uma atividade lucrativa”.  Voltando no tempo, o produtor se recorda da época onde o leite era um importante aliado do pequeno em razão da renda gerada para manter a  propriedade. Hoje ele reclama, que descontando o frete e  mais o fundo rural, o litro de leite não chega a R$ 1,00, quando o valor a ser pago deveria ficar acima de R$ 1,20. Ou seja, os produtores trabalham com uma defasagem que chega a R$ 0,20 centavos.

A realidade de Flávio, Neudir, Valdir e Altair é a mesma de inúmeros produtores do Meio-Oeste. Muitos adotam o silêncio com medo de possível represálias e seguem “azedando” prejuízos na rotina de produção diária que inicia pela madrugada e encerra somente a noite. No final do expediente, conforme mostrou a reportagem, o café para muitos está sendo preto.

Obs: O valor de R$ 3,50 o litro (caixinha) é o praticado por uma padaria localizada na XV de Novembro em Joaçaba.

Texto/edição: Marcelo Santos

Fotos/entrevistas: Julnei Bruno

Fonte: Rádio Catarinense