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Advogado de empresa suspeita de adulterar leite nega acusações

O advogado da empresa de laticínios Lajeado Grande, uma das suspeitas de fraudes de adulteração de leite no Oeste catarinense, nesta semana, se pronunciou pela primeira vez sobre o caso. Gilberto Batistello nega as acusações de que a empresa tenha utilizado produtos como soda cáustica para adulterar o produto. Segundo ele, as substâncias eram utilizadas para limpeza dos caminhões e locais de armazenagem.

O Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado (GAECO) investigou por cinco meses as empresas Lajeado Grande, nas cidades de Lajeado Grande e Ponte Serrada, e Mondaí Ltda., no município de Mondaí – e reuniu provas para entregar ao Ministério Público de Santa Catarina (Gaeco). Segundo as denúncias, eram misturados produtos químicos ao leite para mascarar o prazo de validade e aumentar a rentabilidade. As perícias químicas detectaram peróxido de hidrogênio (água oxigenada), citrato de sódio, polifosfato, hidróxido de sódio (soda cáustica), e outros, como a adição de água e soro de leite.

Na última quinta-feira (4), o Ministério Público de Santa Catarina (MPSC) protocolou ações penais criminais contra funcionários e empresários ligados às fraudes. Ao todo, 48 pessoas de duas empresas de laticínios – Lageado Grande, em Lajeado Grande e Ponte Serrada, e Mondaí Ltda. na cidade de Mondaí -, foram indiciadas.

Os crimes que serão julgados em primeira instância nas comarcas de Xaxim e Mondaí são relacionados a relações de consumo, falsidade ideológica e formação de quadrilha. O teor das acusações passa por relatos de falsificação, corrupção, adulteração, alteração de substâncias e produtos alimentícios. Algumas acusações podem acarretar em até 30 anos de detenção.

Conforme o promotor Fabiano Baldissarelli, coordenador do GAECO, além das substâncias encontradas nas análises durante a operação, uma das caixas de leite da empresa Lajeado Grande apreendida pela vigilância sanitária no Litoral catarinense e enviada para análise antes da operação ser deflagrada, continha formol. O resultado da análise no líquido apontou a existência do produto na composição.

“Uma mãe levou a caixinha para a análise, após o filho passar mal, e constatamos o formol em duas análises, com resultados comprovados. A empresa fez uma contraprova, na qual apresentou um resultado negativo, mas o leite foi trocado da caixinha e, inclusive, eles estão respondendo criminalmente por isso”, comentou o promotor.

á o advogado da empresa nega a existência do formol. Ele afirma que as substâncias encontradas tinham outras finalidades e eram utilizadas com doses autorizadas pelo Ministério da Agricultura. “O formol nunca foi usado. Não existe nenhum laudo que comprove a utilização. A soda cáustica era usada na limpeza dos caminhões, máquinas e até do chão da indústria. Já o peróxido e o citrato eram usados na industrialização do leite, para transformar em queijo”, justifica o defensor da empresa.

Segundo o promotor Baldissarelli, o Ministério da Agricultura atuou junto com o Ministério Público e auxiliou nas análises e na investigação. “Não é permitida adição de absolutamente nenhuma substância ao leite que é levado para as empresas. A única necessidade é de higiene e refrigeração. Todos os produtos do ‘batismo químico’ eram utilizados de forma ilegal”, declarou.

Adulteração

A carga bacteriana nos leites adulterados passava do padrão aceito pelo Ministério da Agricultura. Em testes com amostras de uma das empresas, cerca de 2 milhões de bactérias foram encontradas por mililitro de leite, quando o número máximo aceito pela entidade era de 300 mil. As empresas de laticínios, no entanto, continuam funcionando com restrições.

No dia 19 de agosto, quatro lotes (54, 59, 67 e 71) da Mondaí foram retirados de circulação. Antes, no dia 12 do mesmo mês, a Vigilância Sanitária de Santa Catarina determinou a retirada do mercado do leite UHT integral da Lajeado Grande fabricado em 7 de junho de 2014. O produto era vendido para grandes indústrias no Paraná e São Paulo.

Fonte: G1