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Irmã de sangue e mãe de coração; conheça a história da ponteserradense que vive para cuidar do irmão


“Em questão de horas, tudo na nossa vida mudou, sonhos e planos hoje já não são mais os mesmos. Mas eu sentia que ele lutava para viver e hoje eu não consigo ver ele como meu irmão, mas sim como meu filho. Não me imagino mais sem ele”. Esse é o relato de Pâmela Carboni, de 31 anos, moradora de Ponte Serrada, que abdicou de tudo em prol ao amor pelo irmão, Cleverson Carboni, hoje com 22 anos, quase nove anos após um acidente que o deixou em estado vegetativo.

A jovem, na época com 22 anos, morava em Catanduvas, e viu sua rotina mudar no dia 4 de julho de 2012, quando em um trágico acidente na BR-282, Cleverson ficou entre a vida e a morte. Para entender um pouco mais sobre a história, precisamos voltar no tempo e recobrar a memória.

Era quarta-feira, Pamela encerra seu dia de trabalho, a noite chega, e em casa, ao lado de seu filho, a jovem se organiza para que então possa descansar de mais um dia de serviço. No silêncio que ecoa pela escuridão, o coração aperta e o sono não vem, o rolar na cama se torna insistente, nos poucos momentos de cochilos, pesadelos atormentam a mente, mas a triste notícia só veio ao amanhecer. 

Como em uma espécie de premonição, ao pegar o celular e ligar para o pai, Pamela já sabia que algo estava errado. Quando a ligação foi atendida, uma voz trêmula dizia: “seu irmão sofreu um acidente e está na UTI”. Sem ter reação, a jovem relembra como a vida mudou naquele instante: "meu chão caiu, me desesperei, fiquei sem saber o que fazer.

O Acidente

O jovem Cleverson Carboni, de 14 anos na época, irmão de Pâmela, sofreu um grave acidente no dia 4 de julho de 2012, na BR-282, em Faxinal dos Guedes.

Encaminhado ao Hospital Regional do Oeste (HRO), em Chapecó, com traumatismo craniano, ele estava inconsciente, com várias fraturas e morte cerebral confirmada, mas permanecia hospitalizado.

A colisão ocorreu pouco depois do CTG Querência do Minuano, sentido a Xanxerê.

Vida após o acidente

No instante que soube da tragédia, Pamela, que havia perdido a mãe há alguns anos, reuniu forças ao lembrar que Cleverson precisava dela ao seu lado e seguiu para Chapecó, onde o irmão estava internado. Começava aí uma batalha pela vida e recuperação do jovem.

Após vários dias de internação e transferência de hospital, Pâmela não saiu um dia do lado do irmão. Sem conhecer ninguém, a jovem contava com o apoio de enfermeiras, as quais fez amizade enquanto estava acompanhando Cleverson na UTI.

Os dias passaram. Sem reação, o adolescente foi encaminhado para o Hospital Regional São Paulo (HRSP), em Xanxerê, para dar continuidade ao tratamento. Pâmela seguiu firme acompanhando cada passo do tratamento e orando pela recuperação do irmão. Ainda entre a vida e a morte, o dia a dia era essencial para a reabilitação do jovem.

“O médico nos mandou para casa, com todos os aparelhos para que ele pudesse morrer em casa, e foi o que eu fiz, mas nunca acreditei que ele desistiria da vida, e após um tempo, retiramos os aparelhos e ele conseguiu respirar sozinho. Foi um milagre de Deus”, relembra Pâmela, emocionada.

Com toda dedicação, em um ato de amor, a irmã de Cleverson mudou toda sua vida e rotina e passou a dedicar cada instante do dia para cuidar do irmão. “Eu comprei um colchão de solteiro e coloquei ao lado da cama dele, tinha medo que algo acontecesse, queria estar perto e cuidar, amar”, comenta a ponteserradense.

O tempo passou, a vida mudou e Cleverson, que necessita de cuidados  intensos, mesmo sem conseguir se comunicar, demonstra no olhar a gratidão e amor que sente por Pâmela, que entrega com reciprocidade todos seus sentimentos ao irmão.

“Mesmo com tantas dificuldades, eu tenho tanto medo de perder ele. Não consigo me imaginar sem ele ao meu lado, hoje o mano se tornou muito mais que apenas irmão, ele é meu filho”.

Novo mundo

O tempo passou e os irmãos, ao lado dos dois filhos de Pâmela — Kauan com 3 anos e Junior com 16 — fortaleceram seus laços familiares e vivem um pelo outro, se adaptando ao novo mundo após o acidente.

Com tempo de dedicação integral, Pâmela, que sempre trabalhou fora, buscou como alternativa a produção de doces para auxiliar na renda familiar e conseguir dar o suporte médico necessário para Cleverson. Com a ajuda do filho mais velho, faz entrega em todo o município e busca expandir o negócio com a produção de canecas.

“Eu faço doces sempre por encomenda, e agora com o auxílio de uma amiga estou revendendo canecas com frases para o Dia das Mães, mas caso eu tivesse a máquina para fazer a customização, conseguiria produzir ainda mais e elevar nossa renda”, comenta.

A família conta com a ajuda da Secretaria de Saúde de Ponte Serrada para a alimentação especial necessária a Cleverson, que se alimenta apenas por sonda. Mas para que possa dar ainda mais conforto aos filhos, Pâmela trabalha incansavelmente.

Você pode ajudar e fazer a diferença na vida da família. Caso tenha alguma máquina de customização ou deseje fazer uma doação para auxiliar na realização deste sonho, entre em contato com Pâmela pelo telefone (49) 99196-1156 ou no WhatsApp, clicando aqui.

Pâmela produz doces e revende canecas para auxiliar na renda da família (Fotos: Arquivo Pessoal)



Fonte: Oeste Mais