A mulher que está tornando o cultivo de lúpulo na Ambev uma realidade
Primeira brasileira doutora em Produção Vegetal comanda projeto de fomento à cultura de lúpulo da Ambev, em Santa Catarina. Mariana Mendes Fagherazzi foi a primeira mulher a defender uma tese sobre a matéria-prima no país
Mariana Mendesé natural de Iomerê SC, atualmente casada com Antonio Felippe Fagherazzi. O casal reside em Lages, SC. Mariana esteve na Itália fazendo Pós Doutorado sobre o assunto e agora traz o cultivo pra SC.
Que as mulheres tiveram um papel fundamental na história da cerveja, isso todo mundo já sabe - ou, pelo menos, deveria saber. Registros históricos indicam que além de serem as responsáveis pela produção da bebida durante muitos anos, foram elas quem introduziram o lúpulo na cerveja. No Brasil, as condições climáticas nunca foram favoráveis para o cultivo do insumo, o que tornou necessária quase toda sua importação pela cadeia cervejeira nacional até hoje. De lá para cá, não houve mudanças significativas que alterassem as circunstâncias de clima e tempo do país, mas o trabalho realizado por pesquisadores brasileiros foi capaz de desafiar a natureza ao criar um ambiente propício para o desenvolvimento saudável e de qualidade de lúpulo nacional.
Não bastasse o expressivo avanço em pesquisas e inovação no campo, o trabalho singular de uma brasileira tem chamado a atenção, entre outros motivos, pela excelência e ineditismo da especialidade científica. Mariana Mendes Fagherazzi, 32 anos, é a primeira mulher a defender uma tese sobre Adaptabilidade em Cultivares de Lúpulo, recebendo o título de Doutora em Produção Vegetal. Em 2019, a engenheira agrônoma foi convidada a desenvolver um projeto piloto de fomento e incentivo à cultura do insumo em Lages, Santa Catarina, onde hoje supervisiona todos os processos técnicos de plantio na Fazenda de Lúpulo Santa Catarina, da Ambev.
O projeto foi lançado pela cervejaria no início de 2020 com a proposta de fomentar o cultivo de lúpulo no Brasil. Desde março passado, a companhia já implementou uma lavoura experimental para testes de manejo e variedades, um viveiro com capacidade produtiva de 60 mil mudas ao ano e uma planta para o processamento do ingrediente. A iniciativa prevê contribuir não somente com o desenvolvimento de lúpulo na região, como também com o apoio direto a pequenos produtores, doando 100% das mudas produzidas, oferecendo auxílio técnico e toda a infraestrutura da cervejaria, incluindo o acesso à planta de beneficiamento do ingrediente e contrato de compra.
"Além de esse ser um grande marco para o país em termos de avanço na agricultura, é extremamente gratificante poder ter desenvolvido minhas pesquisas e tese em uma instituição de ensino pública e vencido as barreiras estruturais e sociais em um setor majoritariamente masculino. Eu sempre fui determinada em entregar o meu melhor resultado, ser uma profissional qualificada, e, assim, dar exemplo para outras pessoas que queiram seguir a carreira agrícola, independentemente de gênero", reflete Mariana Mendes Fagherazzi.
A profissional, que é também uma das fundadoras da Associação Brasileira de Produtores de Lúpulo (Aprolúpulo), conta que o cultivo da planta no país não está relacionado à quantidade que poderá ser colhida, mas, sim, à qualidade do produto que chegará à casa do consumidor como cerveja. "Precisamos cada vez mais dialogar sobre as possibilidades que temos e explorar todas elas para garantir um ecossistema mais rico e menos dependente de insumos estrangeiros. Ainda hoje, pouco se fala sobre a cultura de lúpulo nas universidades, embora seja importante potencializar nossas forças nesse sentido e estimular e incentivar os pesquisadores brasileiros", sugere Mariana.
Treze Tílias - SC
Em Treze Tílias, Rodrigo Itamar Zanini, Mestre Cervejeiro da Cervejaria Bierbaum já iniciou os estudos e teste do cultivo de lúpulo em sua horta na própria residência. Conforme Zanini a experiência é pra avaliar o clima da região com a adaptação da planta.
Com uma pequena colheita ele conseguiu inserir o experimento na produção de pouco mais que 100 litros de cerveja artesanal, a qual produz em seu protótipo, mini cervejaria experimental, que possui em casa.
Zanini salienta que em casa consegue fazer vários experimentos tanto de cerveja, sabores, qualidades como também de novos ingredientes.
Destes experimentos já saíram cervejas premiadas produzidas em larga escala distribuídas no Brasil afora. Itamar juntamente com sua Esposa Gal Rodrigues e seu irmão Evandro Zanini prestam Assessoria em cervejarias, desde a montagem até a cerveja ideal para a produção com a Zanini Beer Experts.
Imagem de RitaE por Pixabay