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Passaporte covid: Países rejeitam entrada de turistas com base no tipo de vacina recebida


À medida que viajar de forma mais livre se torna uma realidade cada vez mais concretizável – com os números de casos de Covid-19 controlados em muitos países e com o alívio das restrições que já se vão fazendo sentir pela Europa fora e não só –, torna-se também evidente que o tipo de vacina administrada pode determinar o destino para que as pessoas viajam.

A União Europeia já fez saber que pretende permitir a entrada, durante o verão, de norte-americanos imunizados com vacinas aprovadas pela Agência Europeia do Medicamento (EMA), segundo avançou a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, em entrevista ao ‘The New York Times’, citada pela agência Bloomberg.

Atualmente são já quatro as vacinas recomendadas na UE: Pfizer, Moderna, AstraZeneca e Janssen. As vacinas Novavax (americana), CureVac (alemã) e Sputnik V (russa) estão em fase de revisão.

Isto significa que pessoas vacinadas com vacinas de fabricantes chinesas, como a Sinovac Biotech e a Sinopharm, vão provavelmente ser impedidas de entrar na região num futuro próximo, o que terá sérias consequências para a atividade empresarial global e para a retoma do turismo internacional.

Com o avanço das campanhas de vacinação em todo o mundo e as aprovações de reguladores em diversos países, a vacina administrada pode agora determinar para que países as pessoas podem viajar – em turismo ou em trabalho.

Reconhecimento das vacinas influencia economia e turismo dos países

Para os cidadãos chineses, por exemplo, surge o dilema sobre que opção de vacina escolher. Até agora, a China reconhece apenas as vacinas do próprio país, que ainda não foram aprovados nos Estados Unidos ou na Europa Ocidental.

Para milhões de pessoas em todo o mundo que não podem escolher que vacinas tomar, como é o caso de Portugal, o risco de mais países se tornarem seletivos sobre que vacinas são reconhecidas, especialmente devido às diferentes taxas de eficácia, cria a possibilidade de as pessoas enfrentarem limitações para viajar, mesmo que totalmente imunizadas.

“Uma divisão global das pessoas com base na adoção da vacina só vai exacerbar e perpetuar os efeitos económicos e políticos da pandemia”, disse Nicholas Thomas, professor na Universidade da Cidade de Hong Kong, em declarações à agência Bloomberg. “Há o risco de o mundo ser dividido em silos com base no nacionalismo das vacinas, em vez da necessidade médica”, concluiu.

A China não é, contudo, o único país que restringe o acesso a pessoas imunizadas com determinadas vacinas. A Islândia atualmente já não inclui vacinas da China e da Rússia na lista de aprovações para entrada no país.

A questão do reconhecimento de vacinas é fundamental para países dependentes do turismo, já que o setor, que movimenta 9 mil milhões de euros, está paralisado desde o início da pandemia.

A abordagem da China sobre esta questão da vacinação pode agora ter um impacto acrescido no turismo, uma vez que os turistas chineses estavam entre os maiores grupos de visitantes estrangeiros em pontos turísticos do Sudeste Asiático, Austrália, Nova Zelândia e capitais mais distantes, como Paris, antes da pandemia.

Por Ana Sofia Ribeiro



Fonte: Executive Digest