No final de fevereiro, o governador Carlos Moisés (PSL) e o deputado estadual Sérgio Motta (Republicanos) assistiram juntos à final da Taça Brasil de Futsal. Posaram juntos para fotos segurando camisas 10 do Tubarão, clube anfitrião do evento nacional – mesmo número, curiosamente, do Republicanos, partido presidido pelo parlamentar em Santa Catarina.
Moisés voltou de Tubarão com o convite de Motta para ingressar no partido e concorrer à reeleição em 2022 com a nova camisa. Agradeceu, mas disse que ainda ia aguardar o cenário político-partidário ficar mais claro. Uma coisa é clara, a relação com PSL está mesmo no fim – semana passada, o presidente estadual da sigla, deputado federal Fábio Schiochet, levou o vice-presidente nacional Antonio Rueda para um encontro com Gelson Merisio (PSDB), adversário de Moisés em 2018, para alinhavar um projeto comum para as próximas eleições. Um projeto sem o atual governador.
Sérgio Motta admite o convite feito a Moisés no final de fevereiro e diz que o partido também aguarda o cenário político clarear.
– De fato, eu o convidei, mas ele não sinalizou que viria. Só disse que estava no PSL e que pretendia ficar um tempo sem partido. Disse que queria pensar bem, esperar a posição do Bolsonaro – disse o parlamentar, em referência à decisão do presidente Jair Bolsonaro sobre seu novo destino partidário.
Motta ressaltou que o convite trazia embutida a expectativa da candidatura de Moisés à reeleição em 2022.
– Ele falou que da política, não sai. Possivelmente virá para a reeleição ou outra candidatura, não sei se senador ou deputado federal. Disse que da política não sairia. Foi essa resposta que ele me deu, mas quando chamei foi para ele vir à reeleição – afirma o parlamentar.
A relação entre Moisés e o Republicanos se aprofundou após o partido passar a integrar formalmente o secretariado do governador, após a posse do vereador florianopolitano Claudinei Marques como secretário de Desenvolvimento Social. Outros nomes do partido foram nomeados no governo. Um deles foi Carlos Eduardo Souza Neves, o Mamute, que foi nomeado como consultor na Casa Civil, onde trabalha diretamente com o secretário Eron Giordani. No entanto, Mamute pediu desfiliação do partido – era o primeiro vice-presidente estadual da legenda – alegando que a função exige interação com prefeitos e que a filiação seria incompatível.
Além da aproximação com Moisés, o Republicanos tem em seu radar a situação do prefeito de Florianópolis, Gean Loureiro (DEM) – apontado como possível candidato a governador em 2022. O demista tem como vice-prefeito o empresário Topázio Neto (Republicanos), o que faria o partido assumir o comando da Capital caso houvesse renúncia do titular para disputar as próximas eleições.
A gente vai esperar o que for bom para nós, ver o cenário. Não sei se o Gean vai ser candidato, se vai ir ao Senado. Lá na frente é que a coisa vai ficar mais clara. Estamos muito próximos do Moisés por causa da Secretaria de Desenvolvimento Social, mas também temos o vice-prefeito da Capital. Estamos esperando como vai ser o cenário – afirma Motta.
Antigo PRB, o Republicanos nunca disputou o governo de Santa Catarina. Apoiou Gelson Merisio (PSD à época) em 2018, Raimundo Colombo (PSD) em 2014, Ideli Salvatti (PT) em 2010 e José Fritsch (PT) em 2006. Motta afirma que o partido tem interesse em 2022, mas que não se trata de uma obsessão.
– Já tivemos uma conversa com o Merisio lá atrás, que não avançou. A gente vai ver. Se tiver um nome lá na frente que possa disputar, a gente vai para cima. No momento não temos nada claro, transparente, para afirmar que vamos ter um candidato ao governo. Namorando a gente tá. (Por Upiara Boschi/NSC)