Casados há 42 anos, Neli Teresinha Correa de Oliveira, de 65 anos, e Joaquim Soares de Oliveira, de 75, morreram de Covid-19 com 24 horas de diferença e distantes quase 600 quilômetros. Os dois viviam em Chapecó, no Oeste de Santa Catarina, mas por falta de vaga de UTI na região, Joaquim foi levado até Criciúma, no Sul do estado. A idosa morreu na manhã do dia 28 de fevereiro em Maravilha, no Oeste, enquanto o marido, sem saber do acontecido com a mulher, veio a óbito em 1º de março.
“Eram um casal muito alegre”, disse o filho do casal, Márcio Adriano Corrêa, de 47 anos.
“Um não ia sobreviver longe do outro. A gente sente muito pela forma como esse maldito vírus vem tirando essas vidas da gente”, lamenta o filho.
Segundo ele, no dia 17 de fevereiro o casal começou a ter os primeiros sintomas da doença. Os dois buscaram ajuda em uma Unidade de Pronto Atendimento da localidade onde moravam. No dia 19 foram transferidos para o Hospital Regional do Oeste, em Chapecó.
Os dois permaneceram no local e chegaram a aguardar juntos por uma vaga na UTI, de acordo com o filho. Contudo, sem a liberação de novas vagas na unidade, os dois foram transferidos: Um para Maravilha e outro para Criciúma.
O casal respondeu de maneira diferente ao vírus. Segundo familiares, Neli vinha apresentando melhora e até conseguia se comunicar com os filhos por videochamada.
Neli Teresinha Correa de Oliveira morreu de Covid 24 horas antes do companheiro em Maravilha (SC) — Foto: Redes Sociais/Reprodução
Em Criciúma, Joaquim tinha um quadro mais delicado. O filho mais novo do casal, Roque Júnior, 33 anos, chegou a ir até o Sul do estado para ficar mais próximo do pai.
“Teve momentos que eu avaliei que foi bom ele ter ido para lá, até pelo número de pessoas que estavam aqui [em Chapecó]. Estava mais conturbado aqui na região. Lá estava um pouco mais tranquila a situação. Mas é claro que também gostaríamos que ele estivesse perto, foi bem complicado”, disse
Mas a situação mudou. Neli teve um Acidente Vascular Cerebral (AVC) no dia 28 de fevereiro e não resistiu. Enquanto a família se preparava para o velório da idosa, Joaquim piorou. Na manhã do dia 1º de março, sem saber da partida da mulher, o idoso também faleceu.
Joaquim Soares de Oliveira teve que ser transferido de Chapecó para Criciúma — Foto: Redes Sociais/Reprodução
Covid fez outros pacientes na família
Em julho do ano passado, o filho mais novo do casal ficou sete dias internado na UTI. Roque Júnior, chegou a ter 80% do pulmão comprometido pela doença. Em novembro, o filho Cirino Corrêa de Oliveira, começou a apresentar sintomas. Ele foi internado e ficou 59 dias no hospital. Neli e Joaquim deixam quatro filhos e três netos.
“Eles eram um muito alegres e unidos. Gostavam muito de festa, de dançar. Aproveitavam as festas familiares. Foi muito triste e difícil toda essa situação”, lamentou o Márcio Adriano Corrêa.
Santa Catarina mantém todas as 16 regiões de saúde em situação gravíssima para a Covid-19, segundo a matriz divulgada pelo governo do estado na manhã deste sábado (6). Esse é o pior nível na matriz de risco do estado pela segunda semana seguida.
Fonte: G1