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BRF quer oferecer carnes cultivadas em laboratório até 2024


A BRF anunciou nesta quinta-feira, dia 4, a união com a startup israelense Aleph Farms para ser a primeira empresa brasileira a produzir produtos diretamente a partir das células dos animais. A chamada carne cultivada é um exemplo de agricultura celular e uma nova forma de produzir proteína animal.

A novidade surgiu com o desenvolvimento da biotecnologia na produção de alimentos, trazendo benefícios para a cadeia produtiva e vantagens para o meio ambiente, além de ampliar a variedade de portfólio para atender a todos os perfis de consumidores.

A iniciativa segue o planejamento estratégico Visão 2030, revelado pela BRF em dezembro de 2020, que espera registrar receitas superiores a R$ 100 bilhões até 2030.
 
"Desde 2014 temos testemunhado uma crescente demanda global por novas fontes de proteína impulsionadas por diversos fatores, como preocupações ambientais, novas dietas e estilos de vida, que impulsionam o crescimento dos estilos alimentares, incluindo as dietas flexitarianas e vegetarianas em todo o mundo", ressalta o CEO da BRF, Lorival Luz.

Além do co-desenvolvimento e produção, a BRF também distribuirá produtos de carne cultivada no Brasil. Pesquisas com consumidores brasileiros estão em andamento e a ideia é oferecer produtos desse tipo ao mercado brasileiro até 2024. A indústria de carnes cultivadas deve movimentar US$ 140 bilhões na próxima década, segundo projeções da Blue Horizon, que investe em proteínas alternativas. "Queremos investir em inovações neste segmento e trazer ainda mais progresso tecnológico ao mercado", acrescenta Lorival Luz.

Fase de testes

Ainda em fase de testes, a novidade poderá chegar ao mercado brasileiro de diversas formas, como hamburguer, almôndegas, embutidos como salsicha, ou mesmo steaks. Os ganhos em sustentabilidade são enormes: para cada 1 kg de carne bovina, gasta-se em média 15 mil litros de água. A tecnologia empregada no cultivo garante economia de 70% desse volume, evita o desmatamento e assegura maiores hectares de terra fértil, além de zero emissão de gases (a produção da Aleph Farms pretende zerar as emissões de carbono por completo até 2025). A carne cultivada também é livre de quaisquer antibióticos, o que garante maior saudabilidade à proteína e menos riscos à saúde do consumidor. Ainda conforme a BRF, a carne cultivada provém de uma amostra celular animal 100% natural.

Ciência por trás da carne cultivada

Toda carne é composta de células, até os menores seres vivos da natureza. A produção de carne cultivada começa com a obtenção de células de alta qualidade de animais, porém, sem o abate. As células são cultivadas fora do corpo do animal com o fornecimento de nutrientes e ambiente propício para o desenvolvimento. O processo automatizado e o ambiente estéril eliminam a necessidade de antibióticos e reduz muito o risco de patógenos ou contaminantes. Todo esse processo leva uma fração do tempo necessário para cultivar carne convencional com uma fração dos recursos que exige.