O presidente da República, Jair Bolsonaro, anunciou a criação de um comitê estratégico contra a pandemia. O anúncio ocorreu nesta quarta-feira (24), após reunião com membros dos três poderes. Segundo ele, o comitê vai discutir caminhos para o combate à Covid-19 em todo o país.
Durante o anúncio, Bolsonaro afirmou que o Brasil vai se dedicar à vacinação em massa, defendeu o tratamento precoce e não citou o isolamento social. “Fizemos uma reunião com todos os líderes da República, uma reunião bastante proveitosa. Mais do que harmonia, imperou a solidariedade e a intenção de minimizarmos os efeitos da pandemia. A vida em primeiro lugar”, declarou o presidente.
Entre os resultados da reunião, Bolsonaro destacou que o comitê decidiu que se reunirá toda semana com autoridades para definir ou redirecionar as ações de combate ao novo coronavírus. “Tratamos também da possibilidade de tratamento precoce. Isso fica a cargo do ministro da Saúde, que respeita o direito e o dever do médico ‘off label’ de tratar os infectados”, pontuou.
O chamado tratamento precoce não é recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e foi recentemente condenado por associações como a Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) e a Associação Médica Brasileira (AMB). “Infelizmente, medicações como hidroxicloroquina/cloroquina, ivermectina, nitazoxanida, azitromicina e colchicina, entre outras drogas, não possuem eficácia científica comprovada de benefício no tratamento ou prevenção da Covid-19, quer seja na prevenção, na fase inicial ou nas fases avançadas dessa doença, sendo que, portanto, a utilização desses fármacos deve ser banida”, declara a AMB.
Já o novo ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, fez um pronunciamento centrado nas ações de reconhecimento do SUS e defesa da vacina. “O sistema de saúde do Brasil dará as respostas que a população brasileira quer. A conclusão é o fortalecimento do Sistema Único de Saúde, articulado nos três níveis, União, Estados e Municípios, para prover à população brasileira, com agilidade, uma campanha de vacinação que possa atingir uma cobertura vacinal capaz de reduzir a circulação do vírus.”
Mais ações
As lideranças que participaram da reunião também prometeram ações concretas além da criação do comitê. Arthur Lira, presidente da Câmara dos Deputados, disse que a Casa terá votações importantes. “Saio daqui para tratarmos de projetos que poderemos votar hoje ainda, como a oferta de novos leitos em uma parceria com a iniciativa privada”, comentou.
Os diálogos com empresas privadas também foram citados por Rodrigo Pacheco, presidente do Senado Federal, que ressaltou que as medidas do grupo serão tomadas “desde já”. “Medidas como a participação da iniciativa privada, a ampliação de leitos de UTI, a solução dos problemas de oxigênio e de insumos de medicação e, fundamentalmente, a política de vacinação.”
Luiz Fux, presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), pontuou que o comitê vai verificar “estratégias capazes de evitar a judicialização, que é um fator de demora na tomada de decisões”, levantando que “os problemas da pandemia exigem soluções rápidas.”
O governador presente escolhido para falar pelos representantes dos estados foi Ronaldo Caiado, de Goiás. “As ações serão feitas dentro do campo diplomático, buscando maior parceria dos países que têm hoje uma cota maior do que necessárias de vacina, que haja o compartilhamento conosco, buscando sensibilizar os laboratórios que hoje têm a tecnologia da vacina, que também entendam a necessidade de ser compartilhada para que outros laboratórios também possam produzir, já que temos uma demanda de 8 bilhões de pessoas no planeta.”
Pronunciamento nacional
A reunião com membros dos três poderes foi fechada à imprensa e sem transmissão para a população, mas o presidente da República foi aos meios de comunicação na noite de terça-feira (23) para se pronunciar sobre a pandemia. Em cadeia de rádio e TV, Bolsonaro afirmou que 2021 será o ano da vacinação dos brasileiros.
“Não sabemos por quanto tempo teremos que enfrentar essa doença, mas a produção nacional vai garantir que possamos vacinar os brasileiros todos os anos, independentemente das variantes que possam surgir”, disse. O presidente também detalhou que, até o fim deste ano, estarão disponíveis mais de 500 milhões de doses para vacinar toda a população que precisa ser imunizada no país.