A vitamina D não teve efeito no tratamento de pacientes hospitalizados com covid-19, nem mesmo em dose alta. É o que mostra um estudo brasileiro, conduzido por pesquisadores da USP (Universidade de São Paulo), publicado nesta quarta-feira (17) no JAMA (Jornal da Associação Médica Americana).
A pesquisa analisou dados de 237 pacientes hospitalizados com quadros moderados ou graves de covid-19, entre 2 de junho e 27 de agosto de 2020.
Metade deles foi escolhida aleatoriamente para receber uma dose única oral de 200.000 UI (unidades internacionais) de vitamina D3. O restante tomou placebo. Nenhum dos participantes sabia em qual grupo estava.
Trata-se do primeiro estudo duplo cego randomizado a analisar a relação da vitamina D com a covid-19.
Ao final, os pesquisadores concluíram que “o tempo médio de internação não foi significativamente diferente entre os grupos de vitamina D3 e placebo”.
Além disso, também não houve diferença significativa entre os grupos em relação à admissão em unidade de terapia intensiva, necessidade ventilação mecânica ou mortalidade.
O artigo trata justamente de uma suplementação que vem sendo apontada como um possível benefício contra a covid-19.
É conhecido que a vitamina D pode aumentar a imunidade inata e adaptativa, sendo a deficiência dela um fator de risco potencial para doenças não transmissíveis e doenças agudas do trato respiratório, incluindo infecções virais como é a covid-19, salientam os autores.
“Foi sugerido que os níveis séricos ideais de 25-hidroxivitamina D podem ter propriedades imunomoduladoras e anti-inflamatórias e possivelmente beneficiar pacientes com covid-19. No entanto, os benefícios da suplementação de vitamina D3 para pacientes com covid-19 permanecem especulativos e apenas parcialmente apoiados por estudos observacionais e 1 ensaio clínico não randomizado de pequena escala”, observam.
Vale ressaltar que a dose utilizada no estudo é muito superior ao máximo recomendado por entidades médicas: entre 400 UI e 2.000 UI por dia.
Na semana passada, outro estudo demonstrou que o tratamento com zinco e vitamina D também é ineficaz para casos leves da infecção pelo coronavírus.
Joaçabense participa do estudo
O joaçabense Henrique Dalmolin fez parte do estudo pela HCUSP. O profissional se formou em Medicina na Unoesc Joaçaba em 2016. Fez residência em Clínica Médica na Universidade Fderal do Paraná e, agora, faz a segunda residência em Reumatologia no HCUSP em Sao Paulo.