O maior grupo criminoso do País dá mostras de que se tornou ameaça real ao Rio Grande do Sul. São antigas as ligações do Primeiro Comando da Capital (PCC), de São Paulo, com facções gaúchas, em especial Os Manos, sediada no Vale do Sinos, mas a interação teria ficado mais forte. É o que indicam as prisões em Gramado e São Leopoldo, entre quarta e quinta-feira, de criminosos suspeitos de invadir Criciúma, em Santa Catarina, e roubar mais de R$ 80 milhões do Banco do Brasil durante a noite de segunda e madrugada de terça. Além de nove presos, pouco mais de R$ 50 mil foram recuperados.
Em Gramado, foi encontrado na manhã de ontem um dos líderes do PCC, o mineiro Márcio Geraldo Alves Ferreira, o Buda, acusado de participar de plano em 2014 para resgatar do presídio em São Paulo o chefe da organização, Marcos Camacho, o Marcola. Chegou a ser um dos mais procurados do País, mas estava livre na Serra gaúcha, hospedado em uma casa de luxo, por
meio de habeas corpus. Um comparsa correu para o mato e também foi capturado. Celulares e mais de R$ 8 mil foram apreendidos.
meio de habeas corpus. Um comparsa correu para o mato e também foi capturado. Celulares e mais de R$ 8 mil foram apreendidos.
Casa alugada
“Recebemos a informação que uma pessoa envolvida no crime em Santa Catarina teria estado neste imóvel. O homem que foi preso dentro da casa é natural de Minas Gerais e seria membro de uma facção criminosa de São Paulo. Essa facção atua tanto no Brasil como fora do País”, declarou o delegado de Roubos do Departamento Estadual de Investigações Criminais, João Paulo de Abreu. Segundo ele, a casa foi alugada por aplicativo.
Paulistas circulavam no Vale do Sinos
Em São Leopoldo, foram presos dois paulistas, de 30 e 44 anos, com vasta ficha criminal. Eles circulavam pela BR-116 em um Hyundai HB20, emplacado em São Paulo, usado no ataque em Criciúma. A desfaçatez de rodar com tantos rastros surpreendeu os investigadores. A outra prisão no RS foi em Morrinhos do Sul, quase na divisa com Santa Catarina, em outra casa alugada pelo bando. “O homem preso disse que foi contratado para queimar as roupas e tudo que tivesse no local. Ele afirmou que recebeu R$ 5 mil para ir até lá e executar essa ação, como se fosse uma queima de arquivo”, comenta o vice-governador e secretário da Segurança, Ranolfo Vieira Júnior.
Não foram apreendidas armas e dinheiro, mas encontrados oito celulares, munição de fuzil e rádios na frequência da Brigada Militar. “Essa situação leva a crer que este local tenha sido usado como base de transição de apoio à quadrilha.”
Outras capturas
Outros três suspeitos foram presos quarta-feira na cidade catarinense de Passo de Torres, na divisa com o RS. “Os três homens, que estavam em um carro, apresentaram documentação falsa. Em apuração junto à delegacia de Araranguá (SC), foi constatado que eles estavam foragidos. Junto com eles, havia a quantia de R$ 49 mil”, disse o superintendente da Polícia Rodoviária Federal do Rio Grande do Sul, Luís Carlos Reischak. Também na quarta, uma mulher de 31 anos foi presa na zona sul de São Paulo, suspeita de envolvimento no crime. Estava com armas e drogas.
Bando comemorou roubo com churrasco
O aluguel de uma casa em outubro em área rural em Três Cachoeiras, no litoral norte gaúcho, mostra que a quadrilha fixou bases em vários pontos da região Sul para o ataque em Criciúma. O imóvel foi usado, conforme as investigações, para comemoração do assalto já na madrugada de terça. O churrasco reuniu cerca de 30 bandidos.
Fonte: Michel Teixeira