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Polícia Civil gaúcha indicia seis pessoas por morte de cliente do Carrefour, no RS


A Polícia Civil gaúcha indiciou seis pessoas por homicídio doloso triplamente qualificado por motivo torpe, asfixia e recurso que impossibilitou a defesa da vítima, no caso envolvendo a morte de um cliente de unidade do supermercado Carrefour no bairro Passo D’Areia, Zona Norte de Porto Alegre. O incidente ocorreu na noite de 19 de novembro e foi registrado por câmeras de monitoramento e celulares de testemunhas.

Caso sejam levados ao banco dos réus, os envolvidos estarão sujeitos a sentenças de 12 a 30 anos de prisão. Ainda não há uma previsão de datas, porém, no que se refere aos próximos passos do processo.

João Alberto “Beto” Silveira Freitas, um homem negro de 40 anos, foi agredido e asfixiado por dois seguranças de uma empresa terceirizada que prestava serviços ao estabelecimento, após um desentendimento no corredor em frente aos caixas do supermercado. Levado até uma das saídas de acesso ao estacionamento, onde sofreu o socos e chutes, além de ter o tórax comprimido durante a sua imbolização.

Os indiciados são os dois seguranças (um deles também era policial temporário da Brigada Militar e acabou desligado da corporação) e uma fiscal, além de um vigilante e de outros dois funcionários do Carrefour. Os dois primeiros foram presos em flagrante logo após o crime, enquanto a mulher – que também gravou a cena e teria coagido uma das testemunhas – acabou recebendo voz-de-prisão dias depois.

Já os demais teriam contribuído para o desfecho do crime por demora e omissão de socorro, sendo que dois deles teriam impedido a aproximação da esposa do homem agredido e de outras pessoas que tentaram ajudar.

Resultados

A conclusão do inquérito policial foi divulgada em entrevista coletiva no Palácio da Polícia. Ao todo, 33 pessoas foram ouvidas pelo inquérito.

O laudo do IGP (Instituto-Geral de Perícias) confirmou que houve “ação contundente contra a cabeça da vítima”), mas apontou como causa da morte de Beto foi asfixia mecânica, por sufocação indireta da vítima ao ter o seu tórax comprimido, impedindo assim o movimento de inspiração e expiração do ar pelos pulmões. Não foram encontrados sinais de embriaguez ou uso de drogas.

Ainda segundo a polícia, houve um exagero nas agressões impostas à vítima. A equipe de investigação, no entanto, concluiu que não há elementos para acusar os envolvidos em crime de injúria racial ou racismo, ainda que admitam motivação relacionada ao chamado “racismo estrutural”.

A delegada Roberta Bertoldo comentou: “Uma outra pessoa estando naquele momento, naquele lugar, poderia ter um tratamento diferenciado”. Sua colega Vanessa Pitrez, diretora do Departamento de Homicídios, acrescentou:

“Após cerca de 40 depoimentos, incluindo os reinquiridos [pessoas chamadas mais uma vez a prestar esclarecimentos], concluímos um caso com base em provas e análises minuciosas da postura e conduta de cada um. O fato é que são quatro autores e dois participantes, mas todos respondendo por homicídio doloso triplamente qualificado”. (O Sul)