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Pai apaixonado e policial determinado: quem é o PM ferido no assalto em Criciúma


Segurança de carro-forte, Jeferson Luiz Esmeraldino era um jovem que perseguia o sonho de vestir a farda. Estudou até conseguir passar no concurso público para ingressar na Polícia Militar de Santa Catarina. Natural de Tubarão, no sul-catarinense, realizou o sonho de entrar na PM em 2016 e, por dois anos, fez parte do Pelotão de Patrulhamento Tático (PPT), a unidade especializada da corporação.

Aos 32 anos, integra o 9ª Batalhão de Polícia Militar de Criciúma. Na madrugada de segunda (30) para terça-feira (1º), estava em mais uma noite de trabalho na radiopatrulha, quando, junto com outros colegas, enfrentou pelo menos 30 homens armados que invadiram a tesouraria do Banco do Brasil e sitiaram a cidade no maior assalto da história de Santa Catarina.

Na ação criminosa, foi atingido no abdômen quando estava na Avenida Gabriel Zanette, a 550 metros do 9º BPM. Socorrido por colegas, foi levado para a UTI no Hospital São João Baptista. O projétil acertou o fígado e o estômago do militar. Desde terça-feira, Jeferson passou por três cirurgias. O boletim divulgado às 11 horas dessa sexta-feira (4) aponta que o estado de saúde do soldado apresenta melhoras. Foi desligada a sedação, e o militar está despertando conforme a evolução da recuperação. Em nota, a PM de Santa Catarina afirmou que os médicos “estão muito confiantes que logo ele despertará e retomará os seus sentidos.”

— Ele caiu do meu lado, eu só escutava as munições passando do lado da minha orelha. Olhei e ele estava caído, atrás de mim, eu, um pouco mais na frente — recorda o soldado Rafael Fontana, 33 anos.

Os soldados Fontana e Matheus Espindola, 28 anos, são dois dos colegas que tiveram a ideia de criar uma vaquinha online para arrecadar recursos para auxiliar na recuperação do policial. A meta é chegar a pelo menos R$ 10 mil. Até as 16h desta sexta-feira, a campanha já havia somado R$ 6.790,00. Como o Estado de Santa Catarina deve pagar os custos do hospital, o objetivo da mobilização é juntar recursos para quitar as contas do mês, curativos e futura assistência que possa ser necessária.

— Queremos ajudar de alguma forma pelo que ele fez pela população catarinense. Não queremos que ele fique com a vida atrasada, não sabemos o que ele vai precisar depois de sair do hospital. Nossa ideia é dar algum conforto para a recuperação dele. Só queremos que ele saia o quanto antes do hospital. A família dele está lá, ao lado dele, e queremos abraçar, ajudando nesta parte — explica o soldado Espindola, que também presenciou o momento em que o colega foi atingido.

Na descrição dos amigos, Jeferson é um homem reservado e apaixonado pela filha de cinco anos. Na vida pessoal, gosta de pescar, é rigoroso com treino na academia e busca cursos de qualificações dentro da PM. Separado da mãe da filha, Jeferson mora de aluguel em Tubarão e tem planos de comprar um apartamento. Percorria quase 130 quilômetros por dia no trajeto de ida e volta entre Tubarão, onde mora, até o 9º BPM em Criciúma. No domingo (29), chegou a comentar com um dos colegas que avaliava pedir transferência para Tubarão para ficar mais próximo à rotina da filha.

— O Jeferson vive para a filha dele, tudo na vida dele é a filha. Faz tudo por ela. Ele é apaixonado pela polícia, mas a filha é a vida dele. É um cara confiável, quer o bem de todos, é fora da curva. E tecnicamente, é excepcional. Não fez nada de errado para acontecer aquilo tudo. Foi azar do destino — conta Espindola.

Em nota divulgada pela PM catarinense, a corporação afirma que a ficha profissional de Jeferson possui vários elogios registrados. A tropa se refere ao policial como um  “excelente profissional, atencioso e muito correto. Tais consagrações demonstram a grandeza deste soldado da Polícia Militar e a competência com a qual sempre realizou suas funções.”

Espindola está afastado do batalhão para dar apoio à família de Jeferson e resolver pendências pessoais do amigo. Mesmo à frente da mobilização, admite que a ficha ainda não caiu:

— Cada vez que eu olhava meu celular, eram 50 mensagens. Muita informação em grupos, saí de todos eles para focar nas coisas do Jeferson. A cada 12 horas sai um boletim (médico) e ele está cada vez melhor. As notícias só melhoram. Estamos começando a ficar mais felizes e confiantes. Tem muita corrente de oração. Nossa prioridade é ele.

Jeferson e Fontana foram colegas na Escola da Polícia Militar de SC. O soldado lembra que, durante as aulas, o amigo era quieto mas dedicado, empolgado com a missão de ingressar na corporação.

— Não tem uma explicação para gente querer ser policial. Tu nasces para isso. E ele é assim. Não é salário, é porque gostamos. Se fosse para ir de novo (para a ocorrência do assalto), iríamos. Ser policial não é só colocar a farda, é todo um contexto, é amar o que faz. Tirando o susto, tenho certeza que ele quer melhorar para voltar a trabalhar — afirma Fontana.

Como ajudar

Doações podem ser feitas através de um site: acesse, clique aqui

O objetivo da mobilização é juntar recursos para quitar as contas do mês, curativos e futura assistência que possa ser necessária
   
(GauchaZH)