Vacina para a Covid-19: esse foi o assunto de uma ligação telefônica realizada nas primeiras horas da manhã desta sexta-feira (4) pelo governador de Santa Catarina, Carlos Moisés da Silva (PSL) ao governador de São Paulo, João Doria (PSDB).
Em Santa Catarina, os insumos já foram adquiridos para a aplicação da vacina e a Secretaria Estadual de Saúde avalia ampliar a rede de frios para poder receber vacinas que exijam temperaturas de ultracongeladores. Os detalhes foram revelados em uma reportagem exclusiva do ND+.
Carlos Moisés explicou que a intenção do contato e a aproximação com Doria foi entender “quais são os planejamentos que São Paulo tem para a imunização” contra ao novo coronavírus.
“Recebi uma manifestação da Fecam (Federação Catarinense dos Municípios), por uma audiência que tivemos com vários prefeitos e o presidente, Paulo Roberto Weiss, que eles estavam fazendo contato com o Instituto Butantan para fazer a aquisição da vacina. Naturalmente o governo foi incitado a entender esse movimento”, explicou.
Moisés detalhou que Doria manifestou interesse em ter Santa Catarina junto aos estados que devem aderir ao plano paulista.
“Ele falou que já há planos de intenção, uma espécie de comprometimento de aquisição da vacina, com alguns estados. Me citou pelo menos dois ou três estados que estavam construindo e disse também que SC seria bem-vinda se quisesse construir”, comentou.
A vacina
João Doria, anunciou na quinta-feira (3), em coletiva de imprensa, que São Paulo começará a vacinação contra a Covid-19 no próximo mês de janeiro. No entanto, ele ainda não apresentou um plano para que isso aconteça.
Segundo Doria, 46 milhões de doses da CoronaVac — vacina contra a Covid-19 produzida pelo Instituto Butantan em parceria com a farmacêutica chinesa Sinovac — já estarão disponíveis em São Paulo até o dia 1º de 2021. Após a chegada da segunda remessa da vacina nesta quinta, o estado paulista tem disponibilidade de 1,12 milhão de doses agora.
A vacina ainda está na terceira fase de teste, em que a eficácia precisa ser comprovada antes de ser liberada pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). Segundo o governo paulista, a previsão é de que o imunizante tenha uma autorização de uso emergencial por parte da entidade ainda no primeiro mês do ano que vem. Caso não seja distribuído pelo SUS (Sistema Único de Saúde), Doria disse que já tem um plano estadual de imunização elaborado.
“Indago se os membros do governo federal não enxergam, não leem e não registram que temos mais de 500 brasileiros morrem todos os dias de Covid-19. É surpreendente essa indiferença, esse distanciamento e falta de compaixão com vidas de brasileiros”, afirmou Doria em coletiva no Palácio dos Bandeirantes, em São Paulo.
Não é a primeira vez que Doria dá uma data para início da vacinação contra Covid-19 no estado. Em setembro, quando assinou o contrato para compra de 46 milhões de doses da CoronaVac, ele disse que a intenção era começar a campanha de vacinação para profissionais da saúde no estado em 15 de dezembro.
Moisés vai esperar
Carlos Moisés garantiu que vai esperar a validação da vacina por meio da Anvisa para fazer a aquisição. “Não há como investir dinheiro público em algo que não está certificado pelo governo central e, por outro lado, seria mais uma manobra, pois, teríamos que decidir por quem começar a vacinar, se seria pelos profissionais da saúde que estão na linha de frente ou pessoas com comorbidades e assim por diante”, declarou. “Seria uma operação de guerra”.
O governador comentou ainda que participa de um grupo de WhatsApp com os demais gestores estaduais de todo o Brasil. “É um debate bastante aquecido do que fazer. É importante que o governo central tenha de fato a batuta para gerenciar esse processo”, concluiu.
Fonte: Michel Teixeira