A estiagem registrada em Santa Catarina atingiu muitos segmentos. No Oeste do Estado a falta de chuva prejudicou especialmente a pecuária. A criação de animais é uma atividade que envolve grande número de famílias rurais da região.
Bruna e Anderson Lovato apostaram no sistema de produção de leite à base de pastagem perene de verão em São Lourenço do Oeste. “Aqui, a primeira coisa que ajudou mesmo foi o capim Pioneiro”, comemora Bruna. A tecnologia é difundida pela Epagri.
Ela diz que na comparação com pastagens semeadas, as perenes de verão tiveram um desempenho excelente na estiagem. “Como foi uma época que a gente estava sem silagem, o capim Pioneiro estava sendo a silagem para as nossas vacas, conseguiu atender às necessidades delas, sem dúvida nenhuma”, afirma a agricultora.
O Tifton foi outra pastagem perene que socorreu o casal em tempos de poucas chuvas. “A gente até tinha implantado um pedaço de pasto de semente e não veio, se não fosse o Pioneiro e o Tifton, não tinha pasto para a vacas”, pondera Anderson.
Bruna reforça a importância das pastagens perenes e diz que, se dependessem somente de pastagem semeada, muitos animais da propriedade poderiam ter morrido de fome. A propriedade da família é uma URT (Unidade de Referência Técnica) da Epagri em produção de leite à base de pasto e também contribui com a Empresa como unidade de pesquisa participativa.
Cisterna
Também em São Lourenço do Oeste, o jovem Diogo Dalzóquio investiu na produção leiteira da família após passar por curso da Epagri. Nos últimos dois anos, além de apostar na melhoria da pastagem, ele comprou um caixa de água de 10 mil litros e implantou sistema de distribuição para piquetes e para instalações na propriedade, como a sala de ordenha.
Com a estiagem recente, o sistema não foi suficiente, então ele investiu na cisterna, “que resolveu tudo”, revela Diogo, completando: “já faz quatro meses de estiagem a ainda tenho um pouco de água no reservatório”.
O agricultor Roque Gasparetto, de Chapecó, tem um aviário onde enfrentava há 10 anos problemas graves com falta de água. Naquela época, a Epagri o auxiliou na execução do projeto para construção de cisterna e obtenção de financiamento por meio da Secretaria de Estado da Agricultura, da Pesca e do Desenvolvimento Rural.
“A água da chuva não custa nada, não precisou abrir poço artesiano, ela sustenta o aviário. Agora, deu uma pancada de chuva, 15mm só, mas entraram na cisterna 8, 10 mil litros de água, então para mais uns dias eu tenho. Solucionou o problema”, descreve Roque.
Ele também exalta o modelo de financiamento, com juros subsidiados pelo governo do Estado. Ele conta que poderia ter antecipado a quitação do financiamento, “mas como não tem juro, vamos deixar para pagar no prazo”, avalia o avicultor.
Ações
Mário Jovino Alessio, extensionista da Epagri em Chapecó, afirma que o tema água sempre foi rotina do seu trabalho no município. “Anualmente são planejadas ações em relação à proteção, captação distribuição e armazenamento de água nas propriedades”, diz, acrescentando que, em períodos de estiagem, essas ações são intensificadas.
“Já fizemos várias visitas às propriedades, procurando identificar problemas e potencialidades em relação à água, para juntamente com o agricultor tomar a decisão mais acertada e, aí sim, encaminhar às políticas públicas disponibilizadas pelo Estado, que a Epagri executa, para mitigar, solucionar ou pelo menos minimizar os efeitos da estiagem”, relata o extensionista.
Chuva
Aos poucos a chuva vai voltando ao Oeste do Estado, renovando a esperança de dias melhores. Na semana entre 24 de novembro de 1 de dezembro Chapecó registrou 124mm de chuva. Em São Lourenço do Oeste a precipitação foi de 66mm no mesmo período. (ND Mais)