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Assalto em Criciúma tem características do “novo cangaço”


As atenções do país amanheceram voltadas para Criciúma nesta terça-feira (1ª). O município, localizado no Sul de Santa Catarina, vivenciou horas de terror após o assalto de grandes proporções a uma agência bancária.

A atuação profissional e a rápida fuga dos criminosos chamaram a atenção. O maior roubo já registrado na história do Estado tem características que se assemelham ao “novo cangaço” ou o “cangaço moderno”.

Segundo o analista de segurança, Eugênio Moretzsohn, as expressões são utilizadas por comentaristas da imprensa da região do Nordeste brasileiro, desde o início dos anos 2000, para se referir às ações agressivas de grupos criminosos fortemente armados que, antigamente, cercavam pequenas cidades do sertão nordestino.

Os criminosos imobilizavam forças de segurança e faziam reféns como escudos humanos e aterrorizavam a população para roubar dinheiro de agências bancárias e caixas eletrônicos.

Moretzsohn explica que a ação em Criciúma é um exemplo dessa técnica de ataque no estilo dos Commandos – força militar de elite preparada para ações de elevado risco –  conhecida por RAVO (Rapidez, Agressividade, Violência e Objetividade).

“No passado, essas quadrilhas aprenderam com paramilitares renegados e ex-policiais algumas dessas técnicas especializadas, e se aperfeiçoaram com o conteúdo hoje disponível na Deep Web, parte oculta da internet por onde trafegam informações de grupos terroristas e organizações criminosas internacionais”, esclareceu.

Características do crime

Conforme o Coronel da reserva da PM (Polícia Militar) e especialista em segurança pública, Carlos Alberto de Araújo, o crime não compõe o perfil de segurança pública de Santa Catarina. Ele reafirma as características do novo cangaço no assalto, citando como exemplo o famoso Lampião.

“São quadrilhas bem estruturadas e com grande número de pessoas. Possuem armamento pesado, logística complexa e completa que envolve veículos de fuga e esconderijos”, pontuou.

Araújo explicou que se tratam de crimes bem planejados em que a quadrilha acompanha a rotina do local, faz levantamentos prévios e se prepara bem antes de agir.

“Se caracteriza por atuações rápidas e marcadas por instrumentos para produzir medo como tiros para o alto e  uso de reféns. Essa quadrilha parece se encaixar em quadrilhas que atuavam no interior de São Paulo e  tem longa história no Nordeste”, acrescenta.

O Coronel chama a atenção para o fato do crime ter ocorrido em um município de médio porte. “Em geral acontece em municípios pequenos em que o esquema de segurança é menor”.

Perfil da quadrilha 

Um grupo bastante organizado, fortemente armado e que aparentemente é  profissional no assunto. Assim resumiu o delegado Vitor Bianco Júnior, responsável pela investigação.

De acordo com ele, estima-se que participaram do assalto entre 30 e 40 criminosos. Ainda não foi identificado se eram apenas homens ou haviam também mulheres. Todos utilizavam roupas pretas, balas clavas e armamento potente.

Com relação aos dez carros encontrados abandonados no interior de Nova Veneza, o delegado informou que ainda não passaram pela perícia criminal. Os automóveis foram encaminhados à DIC (Divisão de Investigação Criminal) de Criciúma. “Os veículos foram pintados de preto e são de diversos modelos, entre eles Land Rouver, Mitsubishi, Volkswagen. Alguns eram blindados”, destacou.

Segundo ele, são carros potentes e que facilitam a fuga com rapidez, mas não tinham nenhum tipo de adaptação. Alguns possuíam placas da cidade de São Paulo e outros não tinham placas.  O delegado informou que as investigações seguem.  (ND Mais)