Sônia, Beth e Andréa são servidoras do Poder Judiciário catarinense, lotadas nas comarcas de Videira, Lages e Caçador, respectivamente. Elas não se conhecem e também nunca se falaram, mas são personagens de histórias muito parecidas. Em comum, carregam o perfil colaborador. Na rotina diária, essas mulheres conseguem desenvolver atividades em outras unidades ou setores, sem causar qualquer prejuízo ao seu trabalho. Fazem porque gostam de ajudar, para compartilhar conhecimentos e aprender, de forma voluntária.
Há pouco tempo, uma família da região Meio-Oeste ficou ainda mais completa com a chegada de uma criança. A oficial da infância da comarca de Videira, Sônia Maria Cardozo dos Santos, foi uma das responsáveis pela adoção. Esta não é uma das funções de um oficial da infância, porém, ao saber que a assistente social estava afastada por problema de saúde e havia uma criança a aguardar por uma família, não pensou duas vezes e se prontificou a ajudar.
A servidora tomou conta da parte de documentação – exceto os pareceres técnicos da área de assistência social, inseriu as informações no sistema e cuidou da aproximação dos adotantes. Ela também estava presente no momento da entrega. Tudo com a anuência do juízo.
“O serviço não pode parar, especialmente quando se trata de adoção. A gente sabe que uma criança não deve ficar esperando e que a legislação precisa ser cumprida na prática”, destaca a servidora, doutoranda em Direito e com pesquisa referente Criança e Adolescente. “Para mim, foi gratificante. Um trabalho de muito afeto, que resultou em pessoas melhores e uma criança em boa família”.
Doação que vale a pena
Arlete Miguel Souza, ou Beth, como todos a conhecem, presta serviço à Justiça há 32 anos. É técnica judiciária auxiliar e, atualmente, trabalha no Juizado Especial Cível (JEC), em Lages. Também integra a equipe da 3ª Vara Cível como colaboradora. Agora, cuida do cadastro excepcional para arquivar os processos físicos da unidade no sistema. Já ajudou na digitalização de processos na vara da Família e também passou pela Fazenda.
Certa vez, interrompeu as férias para assumir as atividades de uma colega que precisou fazer uma cirurgia e se dispôs a ir para outra comarca. Na ficha funcional tem elogios e manifestações de gratidão de magistrados. Ser útil e ajudar o outro é um ensinamento que vem de casa. “Meus pais sempre me orientaram a perguntar o que eu posso fazer por você em vez de o que precisa. Acredito que ajudar por obrigação vale muito menos do que quando se faz por doação”. O bom relacionamento com os colegas possibilita que identifique onde pode auxiliar. E eles sempre a recebem de braços abertos.
Houve uma época em que Beth pediu remoção para comarca da Capital para atuar na distribuição do Fórum Rid Silva. O desejo da servidora sempre foi de interagir com colegas de outras comarcas. “Foi um aprendizado excepcional, tanto na parte laborativa quanto afetiva”.
Da vizinhança para o cartório
A oficial de justiça Andréa Araujo Bostelmam Mandelli e a chefe de cartório da Vara da Família, Infância e Juventude, Patrícia Faoro Casagrande, além de colegas de trabalho são vizinhas há pouco mais de dois anos em Caçador. Por terem uma relação próxima, conversam muito sobre os anseios, dificuldades e superações em seus cargos. Isso permitiu as inúmeras trocas de experiências profissionais. Ao vivenciar todas as situações das funções que cada uma exerce, Andréa observou algumas questões em que poderia contribuir com Patrícia no cartório desde o início de 2019.
Além dos inúmeros mandados que recebe, dedicou-se a algumas funções cartorárias, com a finalidade de tornar a prestação jurisdicional mais célere, como foram os Mutirões dos Processos de Execução de Prestações Alimentícias. A pandemia intensificou a contribuição, pois foi um período de suspensão do cumprimento de mandados, o que permitiu que Andréa dedicasse seu tempo na organização e execução das atividades relacionadas a digitalização dos autos físicos, que possibilitou o cumprimento de um dos planos traçados com a magistrada titular da unidade para 2020, que era extinção dos processos físicos. Recentemente, a unidade recebeu a certificação de 100% digital. Na equipe que conquistou esse feito estava Andréa.
“É gratificante poder colaborar na organização e agilização das rotinas cartorárias, principalmente numa unidade que tem um número expressivo de processos e muitas demandas são urgentes. Além do aprendizado constante, sou grata por contribuir também com o conhecimento que possuo”, diz Andréa, que é formada em Direito e Psicologia e tem cinco especializações. Ela mantém o auxílio nas atividades do cartório, sem prejuízo do cumprimento dos seus mandados.
Fonte: G1