Autoridades argentinas anunciaram ter detectado nuvens de gafanhotos em pelo menos quatro fazendas nos municípios de Campo Viera e Itacaruaré, na província de Misiones, muito perto da fronteira com o Rio Grande do Sul.
A cidade de Itacaruaré fica a cerca de 20 quilômetros de Porto Xavier (RS). Já Campo Viera está a menos de cem quilômetros da fronteira. Os insetos já teriam atacado lavouras de chá e erva-mate, de acordo com o site do jornal El Diário de Missiones.
Segundo o Serviço Nacional de Saúde e Qualidade Agroalimentar (Senasa), os insetos encontrados não são o gafanhoto sul-americano, responsável por um decreto de emergência há poucos meses, mas sim do gênero Zoniopoda e da espécie Chromacris speciosa.
“Pedimos aos produtores que verifiquem suas lavouras e campos, pois os insetos estão atacando diferentes plantações de erva-mate, chá e frutas cítricas”, disse o representante da Associação dos Produtores Agrícolas de Missiones, Cristian Klingbeil, ao jornal El Diario de Misiones.
Os insetos foram localizados, principalmente, em plantas daninhas e árvores de grande porte, de acordo com o Senasa. A orientação das autoridades argentinas é que os produtores que encontrarem os insetos em suas propriedades entrem em contato. A aplicação de qualquer químico para dissipar as nuvens só é indicada após a avaliação de especialistas.
RS em alerta
O secretário de Agricultura do Rio Grande do Sul, Luis Antonio Covatti Filho, disse que a nuvem de gafanhotos está a cerca de 50 quilômetrors do Estado, mas observou que, desta vez, não é uma espécie migratória.
“É diferente daquela primeira ameaça porque não se move muito. Tem poucas chances de chegar aqui, mas estamos monitorando e estamos preparados para agir com rapidez”, afirmou.
Ele ainda ressaltou que a situação de emergência fitossanitária decretada em junho pelo governo federal, por meio do Ministério da Agricultura, ainda está em vigor para as áreas produtoras do RS e de Santa Catarina.
O estado de emergência dá prerrogativas aos Estados para contratação de pessoal por tempo determinado para prestação de serviços nas ações de defesa agropecuária e tem validade de um ano.
Sete meses de monitoramento
A preocupação com o avanço de nuvens de gafanhotos se estende há pelo menos sete meses. No dia 22 de maio, um boletim do Senasa alertava sobre o perigo de uma nuvem de gafanhotos egressa do Paraguai.
No dia anterior, as equipes argentinas haviam se deslocado a Fortín Leyes, zona da província de Formosa na fronteira com as terras paraguaias, para confirmar a presença dos insetos da espécie Schistocerca cancellata (gafanhoto sul-americano).
Com capacidade de deslocamento que pode chegar a 140 quilômetros por dia – embora tal movimento seja considerado raríssimo -, o gafanhoto sul-americano avançou rapidamente, passando pelas províncias argentinas de Chaco, Santa Fé e Corrientes.
A estimativa inicial para o primeiro de 10 grupos confirmados entre o fim de maio e agosto passou de 40 milhões para 400 milhões de insetos. No fim de julho, os gafanhotos chegaram a província de Entre Ríos, ficando a uma distância de 20 quilômetros para o Uruguai e a menos de 90 quilômetros do Brasil.
O alívio veio com a notícia, em agosto, de que, após sucessivas operações terrestres e aéreas, a nuvem havia sido controlada por técnicos do Senasa, restando apenas poucos remanescentes. Desde então, outras nuvens surgiram, mas o perigo iminente aos plantios gaúchos foi reduzido consideravelmente com a erradicação do grupo que estava próximo a Barra do Quaraí (RS).
Fonte: Globo Rural