Os casos recentes de mulheres assassinadas em Santa Catarina aumentaram o alerta para o número de feminicídios no Estado este ano. Após um primeiro semestre de dados abaixo da média, os últimos meses registraram um salto nas estatísticas. Até o fim de junho, 24 mulheres haviam morrido em função do gênero, agora o número de vítimas passou para 46.
Somente no último fim de semana dois casos foram registrados no Estado. No sábado a jovem Ariane Isabel Tenfen Mendes, de 21 anos, foi morta por golpes de faca em Águas Frias, no Oeste catarinense. O ex-companheiro é o principal suspeito do crime. Na madrugada de domingo para segunda-feira uma mulher de 32 anos também foi assassinada a facadas no frigorífico em que trabalhava na cidade de Seara. Segundo a polícia, o autor do crime é um homem que não aceitava o fim do relacionamento.
Para a delegada Patrícia Zimmermann D’Ávila, coordenadora das Delegacias de Proteção à Criança, ao Adolescente, à Mulher e ao Idoso (Dpcamis) em SC, os números recentes fazem o Estado encostar nas estatísticas do ano passado, que teve dados preocupantes em relação à violência contra a mulher.
Até o dia 10 de novembro do ano passado os registros mostravam 50 casos de feminicídios, contra 46 até agora em 2020. O dado já é superior aos registrados no período em 2017 e 2018, quando ocorreram 45 e 36 casos, respectivamente.
Por causa da pandemia e do isolamento social, os primeiros seis meses de 2020 haviam sido de dados otimistas para o Estado. A polícia registrou uma queda de 25% no número de feminicídios e de 9% em todos os crimes de violência doméstica. A subnotificação preocupava, mas na visão da delegada era possível ver uma relação com medidas de isolamento — como o fechamento de bares. Com o Estado vivendo um momento de relaxamento nas restrições contra o coronavírus, os números voltaram a subir.
— O que também está nos preocupando é a situação das pessoas. A situação financeira, emocional, pessoas desesperadas com o isolamento. Há um aumento da agressividade, um aumento dos conflitos. É uma condição muito diferente que estamos vivendo em 2020 — ressalta a delegada.
Como denunciar
Assim como outros canais de denúncia, ampliados logo no início da pandemia para facilitar a comunicação das ações de violência contra mulheres, a Polícia Civil lançou a Delegacia de Polícia Virtual da Mulher, que permite o registro de qualquer ocorrência amparada pela Lei Maria da Penha.
Além disso, o canal traz informações às vítimas que ainda têm dúvidas sobre todo o procedimento que envolveu a denúncia. A iniciativa é do projeto PC por elas da Delegacia de Proteção à Criança, Adolescente, Mulher e Idoso (DPCAMI).