Adoção de tecnologia gera eficiência energética e economia ao município, além de bem-estar social
Os municípios brasileiros estão, aos poucos, modernizando seus sistemas de iluminação pública (IP). Porém, a maior parte ainda usa lâmpadas de vapor de sódio ou de mercúrio, que possuem elementos tóxicos. Conforme dados da Associação Brasileira das Concessionárias de Iluminação Pública (ABCIP), o Brasil tem cerca de 16 milhões pontos de IP. Por isso, promover a modernização com tecnologia LED, além de resultar em eficiência energética e economia na conta de luz municipal, também é uma forma de proteção do meio ambiente.
“Isoladamente, a lâmpada tradicional tem uma concentração relativamente baixa de compostos tóxicos, porém, em grandes volumes pode causar danos sérios à população e ao meio ambiente”, alerta o engenheiro Derek Voigt Derek, mestre em engenharia de produção com foco em gestão de operações e logística reversa pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). “Dessa maneira, é de suma importância que a população tenha conhecimento sobre as formas de manejo, descontaminação e descarte adequado desses materiais, colaborando na fiscalização e controle nas suas cidades”, completa.
Derek trabalha na empresa de consultoria internacional Arcadis, contratada pelo consórcio SQE LUZ, formado pelas empresas ENGIE e QUANTUM Engenharia, e que atua nas cidades de Florianópolis, São José, Blumenau, Joinville e São Francisco do Sul. Só no primeiro semestre de 2020, o consórcio substituiu 13,6 mil lâmpadas tradicionais por LED nos municípios em que opera em Santa Catarina. O trabalho segue protocolos rígidos conforme as normas ambientais vigentes, com o descarte enviado a empresas especializadas que emitem certificado de descontaminação.
A seguir, 5 motivos para promover a modernização da iluminação pública e o descarte correto dos insumos antigos em seu município:
1) EFICIÊNCIA ENERGÉTICA: Investir na modernização da iluminação pública gera economia ao Município, pois a eficientização energética entrega maior luminosidade com menos custo. As lâmpadas LED emitem luz branca com índice de 70% da percepção das cores, contra 30% das lâmpadas comuns. Desta forma, ampliam a visibilidade, gerando segurança e embelezamento dos espaços públicos. Ainda, consumem 50% menos energia elétrica do que as lâmpadas tradicionais e duram cerca de cinco vezes mais. Também suportam melhor as condições bruscas de tempo e temperatura, sendo mais resistentes a choques, vibrações e impactos externos, resultando em baixa manutenção ou troca. Com essa eficientização e economia, o Município consegue investir na implantação de novos pontos de iluminação pública.
2) DESENVOLVIMENTO SOCIAL: A emissão de luz branca e consequente maior luminosidade, proporciona também o embelezamento da cidade e o aumento da sensação de segurança, tendo em vista que crimes são inibidos pela facilidade de identificação dos suspeitos. Assim, são incentivadas a vida noturna e a prática de esportes à noite, por exemplo. Essa maior movimentação e segurança também encorajam empreendedores a abrirem ou expandirem seus negócios, gerando uma cadeia de efeitos positivos com capacidade de alavancar o turismo, gerando emprego, renda e bem-estar social.
3) PRESERVAÇÃO AMBIENTAL: A maior parte dos parques brasileiros de iluminação pública são tradicionais, com predominância das lâmpadas de alta pressão, que possuem vapores metálicos tóxicos em sua composição, como o mercúrio. Esses elementos químicos, em grande quantidade, podem contaminar solo, água e ar, causando danos à saúde e ao meio ambiente. Já as lâmpadas de LED não têm elementos tóxicos, sendo 100% recicláveis. Porém, ao promover a modernização, é preciso fazer a destinação correta do material antigo. “Os municípios precisam contratar empresas especializadas para descontaminação das lâmpadas da iluminação pública ao fim da vida útil, garantindo que não sejam descartadas em lixões ou aterros sanitários”, alerta o engenheiro Derek. Existem normas ambientais, assim como empresas especializadas em reciclagem de lâmpadas que realizam todos os procedimentos necessários. É importante que as Prefeituras contratem esse serviço de forma direta ou por meio de empresas gestoras dos contratos de IP, o que pode ser feito via licitação ou parceria público-privada (PPP).
4) SUSTENTABILIDADE: Além de proteger o meio ambiente, promover a destinação correta dos insumos da iluminação pública resultantes da modernização também pode gerar economia ao Município. Isso pode ser conseguido pelo mapeamento do processo e gestão dos resíduos da iluminação pública, assim como formas de viabilizar a logística reversa junto a fornecedores e fabricantes. Ou seja, é possível recuperar valor em produtos e materiais descartados, trazendo-os de volta ao ciclo produtivo para reuso, reciclagem, redução ou até mesmo descontaminação, aplicando a destinação final de maneira segura e ambientalmente correta.
5) MENOS LIXO NAS RUAS: O Brasil produz cerca de 80 milhões de toneladas de resíduos sólidos por ano, conforme dados da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe). Mas só 4% desse total é reutilizado. O resto vai para os lixões. E a reciclagem, quando ocorre, geralmente é por meio de iniciativas que surgem devido a um problema social, quando famílias catam e vendem materiais recicláveis como forma de sobrevivência. Ou seja, é um processo que não está propriamente relacionado a uma conscientização ambiental ou regulatória. Esse cenário inclui os insumos da iluminação pública. “A responsabilidade pela busca da logística reversa e destinação correta dos resíduos das lâmpadas é de todos os atores da cadeia de suprimentos, o que engloba fabricantes, importadores, comércios e consumidores finais”, alerta o engenheiro Derek. Portanto, cabe aos administradores públicos buscar parcerias e fiscalizar as ações, sendo que a sociedade pode e deve colaborar nesse processo.
Fonte: Dina de Freitas | Estrutura de Comunicação