Você deve estar acompanhando as diferentes reações da população brasileira no cotidiano, e observando o quanto os mecanismos de busca da internet mostram aumento de pesquisas sobre saúde mental, morte por causa do novo Coronavírus – Covid-19, desesperança e impaciência no aguardo da chegada da vacina. Certo?
A pergunta é: o que as pessoas impactadas pelo grande número de mortes, principalmente de parentes, amigos e familiares, e pela demora do fim da pandemia, fazem quando acham que nada mais funciona? Veja exemplos.
Peste bubônica: Segundo a BBC News Brasil, quando a peste bubônica alcançou a Europa, aproximadamente em 1350, e matou um terço da população, foram muitas as pessoas que buscaram o fim da peste pedindo ajuda a Deus, de forma a rezarem, “desesperadamente, para que a praga terminasse”.
Varíola: Serioga R. C. Mariano, ao estudar as “Medidas de Combate à Varíola na Parayba no século XIX” (2019, p. 10), a partir de 1866, conta que, após a população tentar de tudo para vencer a doença, inclusive com a prática de suas tradições religiosas, e quando nada mais dava certo, “pessoas e poderes públicos recorriam à ajuda da Providência Divina”, e era comum acreditar na punição dos culpados pela divindade, por causa dos seus pecados, recorrendo a rituais de penitência e autoflagelos comunitários.
Febre Amarela: Em seu livro, História da Febre Amarela (Rio de Janeiro, 1969, p. 19), Dr. Odair franco relata que a primeira epidemia da febre amarela no Brasil foi a que irrompeu no Recife em 1685 [...]. Cita o médico João Ferreira da Rosa, que escreveu o livro Tratado único da Constituição Pestilencial de Pernambuco, de 1694. Ele registrou: “[...] esta doença é particularmente castigo de Deus pelos pecados dos homens [...] por causa dos péssimos costumes”.
E hoje, como você se vê em relação à pandemia atual? Também considera que ela ocorre por causa dos seus pecados ou dos pecados comunitários? Pessoas que você conhece exortam à mudança de vida e à necessidade de penitência pessoal e comunitária para que ela termine?
No seu artigo Pecado, Castigo e Redenção: a Peste como Elemento do Proselitismo Cristão (Portugal, Séculos XIV/XVI) (v. 2, n. 3, 1997, p. 183-205), Mario Jorge da Motta Bastos salienta que, talvez, “[...] a doença traduz a temporária ausência divina, a de sua verdadeira face, do Pai misericordioso”, para algumas pessoas, o que é diferente para outras.
Se você lê a Bíblia, sabe que existem relatos de pandemias e de orações para que elas terminem. Reveja os livros de Êxodo e Deuteronômio, entre outros, e registre, também, sua forma de ver o momento presente, a sua experiência. Vamos nessa?
Leia mais os estudos acima citados:
Por Douglas Varela
Fonte: Rádio Capinzal