Por volta das 0h40min e 22h20 desta terça-feira (8), moradores de Gramado voltaram a sentir tremores de terra nas proximidades do bairro Piratini, especialmente no entorno da Rua Prefeito Nelson Dinnebier. Esta não foi a primeira vez: episódios do tipo começaram a ser percebidos no município ainda no dia 21 de agosto, quando ocorreram por quatro vezes (4h, 16h, 20h e 22h), repetindo-se na madrugada do dia 22, por volta das 5h20min. Na última quinta-feira (3), outros dois tremores, ainda mais intensos, foram sentidos pelos moradores do município e também de Canela, município vizinho, com registros às 9h45min e 9h. Tremores também foram registrados na sexta-feira (4), por volta das 14h, conforme informações da Defesa Civil de Gramado.
Desde o primeiro registro, o órgão busca esclarecimentos a respeito de suas causas e riscos. De acordo com o coordenador da Defesa Civil de Gramado, Alexandre Silva, uma avaliação realizada por especialistas recentemente concluiu que os tremores ocorrem em função da acomodação do solo após as chuvas recentes. A origem dos tremores, ainda de acordo com avaliação de especialistas, não é de detonações por explosivos, hipótese levantada inicialmente.
Por meio da assessoria de imprensa, a prefeitura de Gramado repassou avaliação feita pelo professor do Departamento de Engenharia de Minas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) Enrique Munaretti, em que diz que “a formação rochosa de Gramado é composta por placas de basalto. Depois de um período de estiagem, as fissuras entre as placas foram novamente ‘preenchidas’ após as chuvas recentes, causando estes movimentos das rochas originando os ruídos e tremores”.
De acordo com o coordenador da Defesa Civil de Gramado, nenhum destes eventos chegou a causar estragos críticos.
— Alguns moradores nos relataram pequenas rachaduras, mas os abalos não causaram outros danos maiores. Seguimos monitorando a situação — afirma Silva.
Segundo ele, nenhum dos tremores foi medido até o momento porque o sismógrafo (aparelho que detecta os movimentos do solo) mantido em Canela é operado por equipes da Universidade de São Paulo (USP) e, em função da pandemia e da suspensão de atividades, não vinha registrando dados.
“São estrondos assustadores”
A recorrência dos tremores tem preocupado moradores do município, sobretudo do bairro Piratini, onde ocorrem com mais intensidade, segundo relatos de populares e da própria Defesa Civil.
— São estrondos rápidos e muito assustadores, que nos deixam abalados e extremamente preocupados. Minha casa é antiga, de tijolos, bem estruturada, mas chega a tremer toda. Soube de residências que tiveram estragos — relata Iria de Souza Pinto, 67, que mora na rua Rua Prefeito Nelson Dinnebier.
A aposentada conta que na noite de terça-feira já estava deitada quando o tremor ocorreu, fazendo com que levantasse imediatamente, encontrando outros vizinhos, assustados, pela rua.
Em uma postagem na sua conta pessoal do Facebook, feita às 17h de terça-feira — algumas horas antes do último estrondo ocorrido — , ela relata a preocupação com os tremores. A publicação teve mais de 80 comentários com relatos de outros moradores da cidade, que também estão preocupados com a situação.
— É assustador porque a gente não sabe o que está acontecendo e ninguém nos dá uma resposta satisfatória. Queremos uma explicação, uma análise. Se acontecer uma tragédia, não venham dizer que foi fatalidade — destaca a moradora.
Fonte: Pioneiro