Anélio Thomazzoni iniciou com o projeto em 2005 e hoje é grande referência no país
Anélio Thomazzoni é pioneiro no projeto de biogás no país (Fotos: Arquivo pessoal)
Além de ser uma fonte alternativa de energia elétrica, térmica e de biocombustível, o biogás tem potencial para viabilizar a redução de custos e a diversificação de renda, promovendo sustentabilidade econômica e aumentando o poder de competitividade do seu empreendimento.
Conforme o Centro Internacional de Energias Renováveis Biogás (CIBiogás), entre 2015 e 2018, a produção do combustível mais do que dobrou, passando de 1,5 milhão para 3,1 milhões de metros cúbicos ao dia.
O biogás é uma mistura de gases que foi produzida pela decomposição biológica da matéria orgânica na ausência de oxigênio. Normalmente consiste em uma mistura gasosa composta principalmente de gás metano e gás carbônico, com pequenas quantidades de gás sulfídrico e umidade.
Em Vargeão, no Oeste, o produtor Anélio Tomazzoni, de 57 anos, é um dos produtores pioneiros de biogás. Segundo ele, o objetivo de iniciar com a projeto foi para que a granja dele, que fica localizada na Linha Bela Vista, interior de Passos Maia, ficasse produzindo de uma forma ecologicamente correta, sem poluir o meio ambiente.
Ainda conforme o produtor, o processo utilizado por ele com o biogás, com os biodigestores, com a fertirrigação, e com a compostagem de dejetos, elimina 100% a condição de poluição.
Propriedade da família Thomazzoni fica localizada na Linha Bela Vista, interior de Passos Maia (Fotos: Arquivo pessoal)
Produção de biogás
A propriedade de Anélio passou a receber a produção de biogás em 2005, quando foram instalados quatro biodigestores. “Naquela época já se comentava muito em biogás e em gerar energia elétrica com o biogás, então, nós tivemos interesse. Nessa época surgia o Tratado de Quioto, um programa a nível mundial, onde as empresas que não poderiam reduzir a emissão de gás estufa poderiam pagar para empresas que pudessem reduzir, e nesse caso contemplou a suinocultura e bovinocultura, porque o dejeto suíno, ficando a céu aberto, vai produzir metano, que é o principal gás do efeito estufa”, comenta o produtor.
Anélio explica que, de 2005 até o ano de 2012, a produção de biogás da família Thomazzoni era utilizada para secagem de grãos de milho, nos meses de fevereiro e março, sendo que nos outros dez meses que restavam do ano, o gás era inutilizável.
De acordo com ele, foi nessa fase que surgiu a ideia de colocar um motor para ser alimentado com o biogás, onde iria tocar um alternador, que produziria a energia elétrica. Assim, através de um projeto pioneiro da Itaipu Nacional, que foi a empresa a fazer pesquisas no Brasil, desenvolveu formas de gerar energia com biogás.
“Através deles iniciamos a compra de motores em 2014, e em agosto de 2015, começamos a gerar a primeira geração de energia biogás”.
Até o ano de 2017, Anélio já havia construído mais de três biodigestores, sendo que hoje, ao todo, possui sete, além de um balão chamado de silo pulmão, onde é depositado o biogás. “A produção de um dia fica armazenada, e ela é consumida durante a noite e durante o dia também, já que o consumo é ininterrupto e os motores trabalham 24 horas por dia”.
Ainda em 2015 ele iniciou a ampliação do local, concluindo em 2018, com dois geradores de 420 kva e um de 120 kva, num total de 960 kva. Em meio aos trabalhos, Anélio fala também sobre os desafios encontrados na produção de biogás. Segundo ele, o tempo, a demora, e a burocracia que encontraram na Celesc para poder conectar a produção, foi o mais exaustante.
“Hoje já está mais tranquilo. Santa Catarina está mais flexível, outros estados também, como Minas Gerais, que é o mais flexível para gerar energia e jogar na rede tem um incentivo maior”.
Local já possui sete biodigestores (Fotos: Arquivo pessoal)
Projeto pioneiro
Além da produção de biogás, a família Thomazzoni também é pioneira em Santa Catarina na Geração Distribuída, chamada de geração GD, onde produz a energia e injeta diretamente na rede da Celesc.
“Geramos o dia todo, a noite toda, e toda a produção vai para a rede. No momento em que a gente necessita do uso da energia, automaticamente a energia volta para nós através da rede da Celesc”, explica.
Além disso, a propriedade passou a ter uma inovação em relação à produção de biogás, onde foi criado um sistema de aquecimento do dejeto, passando a utilizar a sobra de calor dos motores.
“Nisso somos pioneiros também, pelo que se sabe, em Santa Catarina e no Brasil. Temos dois biodigestores aquecidos”, ressalta. “No inverno principalmente, a temperatura dentro dos biodigestores caem para até 12ºC, 15, 18ºC, e quando você reduz de 20ºC a temperatura dentro do biodigestor, reduz também a produção de biogás, porque as baterias que fazem a conversão da matéria orgânica elas se reproduzem com a temperatura mais próxima de 37 e 38ºC, ai a produção de biogás chega a ser 50 % mais”, diz ele, que trouxe a ideia da Alemanha e passou a adaptá-la na propriedade.
Propriedade também possui produção de energia solar (Fotos: Arquivo pessoal)
Pontos positivos
Anélio explica que os pontos positivos de se ter um biodigestor são diversos. Segundo ele, a limpeza da propriedade é o principal, além de reduzir a quantidade de moscas, mosquitos e também o odor forte que geralmente se sente em propriedades com suínos.
Outro ponto positivo apontado pelo produtor é a questão da segurança, porque o ambiente é todo fechado e dificulta a possibilidade de acidentes no local.
“O adubo depois de passar no biodigestor fica mais assimilável para a planta absorver, trabalhamos com uma fértirrigação e ela, além de não ter mais basicamente quase nada de odor do dejeto, temos a vantagem que ele sem o metano e o gás carbônico que está junto, sem o enxofre, a planta consegue aproveitar melhor, consegue absorver os nutrientes”.
Nova atividade na propriedade
A propriedade da família Thomazzoni também produz energia solar, que consiste na energia proveniente da luz e do calor do Sol. Conforme Anélio, a energia solar é uma boa alternativa por ser também pouco poluente.
“Hoje está crescendo muito isso no Brasil, porque não ficamos dependente apenas de usinas hidrelétricas que tomam um espaço, e esse espaço tomado é retirado da fauna e da flora, então desequilibra o meio ambiente”, comenta.
Por Kiane Berté
Fonte: Oeste Mais
Anélio Thomazzoni é pioneiro no projeto de biogás no país (Fotos: Arquivo pessoal)
Além de ser uma fonte alternativa de energia elétrica, térmica e de biocombustível, o biogás tem potencial para viabilizar a redução de custos e a diversificação de renda, promovendo sustentabilidade econômica e aumentando o poder de competitividade do seu empreendimento.
Conforme o Centro Internacional de Energias Renováveis Biogás (CIBiogás), entre 2015 e 2018, a produção do combustível mais do que dobrou, passando de 1,5 milhão para 3,1 milhões de metros cúbicos ao dia.
O biogás é uma mistura de gases que foi produzida pela decomposição biológica da matéria orgânica na ausência de oxigênio. Normalmente consiste em uma mistura gasosa composta principalmente de gás metano e gás carbônico, com pequenas quantidades de gás sulfídrico e umidade.
Em Vargeão, no Oeste, o produtor Anélio Tomazzoni, de 57 anos, é um dos produtores pioneiros de biogás. Segundo ele, o objetivo de iniciar com a projeto foi para que a granja dele, que fica localizada na Linha Bela Vista, interior de Passos Maia, ficasse produzindo de uma forma ecologicamente correta, sem poluir o meio ambiente.
Ainda conforme o produtor, o processo utilizado por ele com o biogás, com os biodigestores, com a fertirrigação, e com a compostagem de dejetos, elimina 100% a condição de poluição.
Propriedade da família Thomazzoni fica localizada na Linha Bela Vista, interior de Passos Maia (Fotos: Arquivo pessoal)
Produção de biogás
A propriedade de Anélio passou a receber a produção de biogás em 2005, quando foram instalados quatro biodigestores. “Naquela época já se comentava muito em biogás e em gerar energia elétrica com o biogás, então, nós tivemos interesse. Nessa época surgia o Tratado de Quioto, um programa a nível mundial, onde as empresas que não poderiam reduzir a emissão de gás estufa poderiam pagar para empresas que pudessem reduzir, e nesse caso contemplou a suinocultura e bovinocultura, porque o dejeto suíno, ficando a céu aberto, vai produzir metano, que é o principal gás do efeito estufa”, comenta o produtor.
Anélio explica que, de 2005 até o ano de 2012, a produção de biogás da família Thomazzoni era utilizada para secagem de grãos de milho, nos meses de fevereiro e março, sendo que nos outros dez meses que restavam do ano, o gás era inutilizável.
De acordo com ele, foi nessa fase que surgiu a ideia de colocar um motor para ser alimentado com o biogás, onde iria tocar um alternador, que produziria a energia elétrica. Assim, através de um projeto pioneiro da Itaipu Nacional, que foi a empresa a fazer pesquisas no Brasil, desenvolveu formas de gerar energia com biogás.
“Através deles iniciamos a compra de motores em 2014, e em agosto de 2015, começamos a gerar a primeira geração de energia biogás”.
Até o ano de 2017, Anélio já havia construído mais de três biodigestores, sendo que hoje, ao todo, possui sete, além de um balão chamado de silo pulmão, onde é depositado o biogás. “A produção de um dia fica armazenada, e ela é consumida durante a noite e durante o dia também, já que o consumo é ininterrupto e os motores trabalham 24 horas por dia”.
Ainda em 2015 ele iniciou a ampliação do local, concluindo em 2018, com dois geradores de 420 kva e um de 120 kva, num total de 960 kva. Em meio aos trabalhos, Anélio fala também sobre os desafios encontrados na produção de biogás. Segundo ele, o tempo, a demora, e a burocracia que encontraram na Celesc para poder conectar a produção, foi o mais exaustante.
“Hoje já está mais tranquilo. Santa Catarina está mais flexível, outros estados também, como Minas Gerais, que é o mais flexível para gerar energia e jogar na rede tem um incentivo maior”.
Local já possui sete biodigestores (Fotos: Arquivo pessoal)
Projeto pioneiro
Além da produção de biogás, a família Thomazzoni também é pioneira em Santa Catarina na Geração Distribuída, chamada de geração GD, onde produz a energia e injeta diretamente na rede da Celesc.
“Geramos o dia todo, a noite toda, e toda a produção vai para a rede. No momento em que a gente necessita do uso da energia, automaticamente a energia volta para nós através da rede da Celesc”, explica.
Além disso, a propriedade passou a ter uma inovação em relação à produção de biogás, onde foi criado um sistema de aquecimento do dejeto, passando a utilizar a sobra de calor dos motores.
“Nisso somos pioneiros também, pelo que se sabe, em Santa Catarina e no Brasil. Temos dois biodigestores aquecidos”, ressalta. “No inverno principalmente, a temperatura dentro dos biodigestores caem para até 12ºC, 15, 18ºC, e quando você reduz de 20ºC a temperatura dentro do biodigestor, reduz também a produção de biogás, porque as baterias que fazem a conversão da matéria orgânica elas se reproduzem com a temperatura mais próxima de 37 e 38ºC, ai a produção de biogás chega a ser 50 % mais”, diz ele, que trouxe a ideia da Alemanha e passou a adaptá-la na propriedade.
Propriedade também possui produção de energia solar (Fotos: Arquivo pessoal)
Pontos positivos
Anélio explica que os pontos positivos de se ter um biodigestor são diversos. Segundo ele, a limpeza da propriedade é o principal, além de reduzir a quantidade de moscas, mosquitos e também o odor forte que geralmente se sente em propriedades com suínos.
Outro ponto positivo apontado pelo produtor é a questão da segurança, porque o ambiente é todo fechado e dificulta a possibilidade de acidentes no local.
“O adubo depois de passar no biodigestor fica mais assimilável para a planta absorver, trabalhamos com uma fértirrigação e ela, além de não ter mais basicamente quase nada de odor do dejeto, temos a vantagem que ele sem o metano e o gás carbônico que está junto, sem o enxofre, a planta consegue aproveitar melhor, consegue absorver os nutrientes”.
Nova atividade na propriedade
A propriedade da família Thomazzoni também produz energia solar, que consiste na energia proveniente da luz e do calor do Sol. Conforme Anélio, a energia solar é uma boa alternativa por ser também pouco poluente.
“Hoje está crescendo muito isso no Brasil, porque não ficamos dependente apenas de usinas hidrelétricas que tomam um espaço, e esse espaço tomado é retirado da fauna e da flora, então desequilibra o meio ambiente”, comenta.
Por Kiane Berté
Fonte: Oeste Mais