O setor registrou crescimento de 30% na atual safra em relação à anterior
Uma colônia altamente produtiva e resistente é resultado direto da qualidade da abelha rainha. É ela quem cede metade do material genético para as filhas operárias, que reproduzem hábitos comportamentais e de higiene. Uma colmeia com rainha jovem e selecionada geneticamente produz pelo menos 30% a mais de mel, e a substituição no comando das operações tem se tornado uma das ações de manejo mais importantes para o crescimento do setor.
Em Santa Catarina, a safra de mel 2019/2020 trouxe números satisfatórios aos produtores, com 7,5 mil toneladas. O crescimento foi de 30% em relação ao período 2018/2019, que teve 5,8 mil toneladas. Para o presidente da Federação das Associações dos Apicultores e Meliponicultores de Santa Catarina (FAASC), Ivanir Cella, o avanço nas técnicas de cultivo tem contribuído para esses resultados.
Há uma década, quando a apicultura catarinense enfrentou pragas que dizimaram cerca de 40% das colmeias do Estado, o setor precisou se reinventar. Cella relembra que produtores, órgãos governamentais e entidades se uniram, devido à necessidade de um “choque tecnológico”. Medidas tomadas para enfrentar as doenças, como a troca da rainha, surtiram efeito também na produtividade.
— As mesmas ações que ajudavam a conter a mortalidade, melhoraram a produção. Uma rainha velha é menos produtiva, morre mais fácil. Alimentação equilibrada, controle de temperatura, tecnologias implementadas no momento de necessidade, mostraram ao produtor que aquele sistema antigo, empírico, não dava mais – recorda Cella.
Nos números da safra atual, também é considerada a produção do mel da bracatinga, o melato, que ocorre a cada dois anos. Seja a partir da flor de laranjeira, do eucalipto, mel claro ou escuro, todos resultado do trabalho das abelhas, sob a coordenação da rainha. A técnica de substituí-la tem crescido entre os apicultores, que ganham na produtividade e na saúde da colmeia.
A engenheira agrônoma Tânia Patrícia Schafaschek, da Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri) de Videira, trabalha na seleção genética das rainhas há dez anos. Uma das pragas que atacou as colmeias há alguns anos, o ácaro Varroa destructor permitem, continua entre as ameaças atuais. Uma rainha com alto poder higiênico vai ensinar as filhas a localizar os ácaros e removê-los, explica Tania.
— A rainha jovem tem maior capacidade de postura, consegue manter uma população de abelhas operárias maior na colônia, o que aumenta a produtividade. Também é possível selecionar uma rainha com a característica de se defender de doenças e parasitas. A capacidade de produzir feromônio, que também é maior, ajuda a manter a coesão da colônia, com cada indivíduo desempenhando sua função – argumenta a especialista.
Uma colônia saudável também é mais resistente a períodos críticos o inverno, quando há escassez de alimento.
Seleção de colônias e rainhas
A reprodução de abelhas rainhas de alta qualidade depende, primeiro, da seleção das colônias. Quanto maior o número de colmeias observadas, maior é a segurança de encontrar boas matrizes, explica Tania no boletim técnico intitulado “Seleção e produção de rainhas de abelhas Apis melífera”, publicado este ano. Produtividade, ausência de doenças e menores taxas de infestação por varroa são os pontos iniciais a serem observados.
O método mais utilizado pelos produtores em Santa Catarina é o de transferência de larvas. Além de escolher por tamanho, eles têm a certeza de que a rainha que procuram, com características específicas, sairá dali, conta a especialista. Quem não produz as próprias rainhas pode comprá-las com subsídio da Secretaria de Estado da Agricultura, da Pesca e do Desenvolvimento Rural.
Para a compra de cada rainha o Estado subsidia R$ 25, com pedido máximo de 75 insetos. A ideia é promover a melhoria genética do apiário, já que as rainhas são selecionadas e fornecidas por seis produtores cadastrados. Quem adere ao programa e recebe essas rainhas passa por treinamento para inserir a nova comandante na colônia, para que não haja rejeição.
Com os resultados satisfatórios na produtividade a partir da inserção de novas rainhas, a intenção da Epagri é chegar a 11 fornecedores de rainhas, explica o chefe da Divisão de Estudos Apícolas da Epagri, Rodrigo Durieux Cunha. Todos eles passam por avaliação e seguem um padrão, dentro do protocolo de criação de rainhas.
— Ficaria um para cada região agroecológica, respeitando as peculiaridades de cada microclima, cada região, importante para valorizar o material genético de cada local – explica Cunha.
A Epagri estima que a troca de rainha tenha sido utilizada por cerca de 3 mil apicultores em 12 mil colmeias do Estado em 2019, gerando um incremento de 64 toneladas de mel, que equivalem a cerca de R$ 932 mil.
Mercado de rainhas em expansão
Com produção média de 21 quilos por colmeia ao ano, os números podem triplicar quando existe a substituição periódica da abelha rainha aliada a outras técnicas de manejo. Em Araranguá, no Sul do Estado, Kátia Eloiza Heep chega a coletar 73 quilos por colônia no apiário que comanda. Especialista em melhoramento genético de abelhas rainhas, ela fornece insetos para diferentes estados do país.
São cerca de 50 matrizes com rainhas selecionadas, de onde são reproduzidas as demais a partir do método de transferência de larvas. Os insetos podem ser vendidos ainda como realeira, que é a princesa ou “rainha virgem”, ainda no casulo, a um preço médio de R$ 12. A princesa já nascida, na gaiola e marcada pelo ano de nascimento, a R$ 20. A rainha fecundada, que chega pronta para ser inserida na colmeia, fica entre R$ 40 e R$ 50, conforme o fornecedor.
— A rainha seleciona é 50% do resultado, a outra metade é o manejo, a alimentação das abelhas e o clima, que precisa ajudar. É preciso fornecer alimento no inverno, para que as abelhas não abandonem a colmeia ou quando florescer, demorem demais para começar a trabalhar – explica Kátia.
Para quem tem apiário fixo, o ideal é trocar de rainha a cada um ano e meio. Já quem migra para a Serra, para acompanhar a florada do mel silvestre, pode trocar todo ano para manter a produtividade em alta.
Fonte: NSC
Uma colônia altamente produtiva e resistente é resultado direto da qualidade da abelha rainha. É ela quem cede metade do material genético para as filhas operárias, que reproduzem hábitos comportamentais e de higiene. Uma colmeia com rainha jovem e selecionada geneticamente produz pelo menos 30% a mais de mel, e a substituição no comando das operações tem se tornado uma das ações de manejo mais importantes para o crescimento do setor.
Em Santa Catarina, a safra de mel 2019/2020 trouxe números satisfatórios aos produtores, com 7,5 mil toneladas. O crescimento foi de 30% em relação ao período 2018/2019, que teve 5,8 mil toneladas. Para o presidente da Federação das Associações dos Apicultores e Meliponicultores de Santa Catarina (FAASC), Ivanir Cella, o avanço nas técnicas de cultivo tem contribuído para esses resultados.
Há uma década, quando a apicultura catarinense enfrentou pragas que dizimaram cerca de 40% das colmeias do Estado, o setor precisou se reinventar. Cella relembra que produtores, órgãos governamentais e entidades se uniram, devido à necessidade de um “choque tecnológico”. Medidas tomadas para enfrentar as doenças, como a troca da rainha, surtiram efeito também na produtividade.
— As mesmas ações que ajudavam a conter a mortalidade, melhoraram a produção. Uma rainha velha é menos produtiva, morre mais fácil. Alimentação equilibrada, controle de temperatura, tecnologias implementadas no momento de necessidade, mostraram ao produtor que aquele sistema antigo, empírico, não dava mais – recorda Cella.
Nos números da safra atual, também é considerada a produção do mel da bracatinga, o melato, que ocorre a cada dois anos. Seja a partir da flor de laranjeira, do eucalipto, mel claro ou escuro, todos resultado do trabalho das abelhas, sob a coordenação da rainha. A técnica de substituí-la tem crescido entre os apicultores, que ganham na produtividade e na saúde da colmeia.
A engenheira agrônoma Tânia Patrícia Schafaschek, da Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri) de Videira, trabalha na seleção genética das rainhas há dez anos. Uma das pragas que atacou as colmeias há alguns anos, o ácaro Varroa destructor permitem, continua entre as ameaças atuais. Uma rainha com alto poder higiênico vai ensinar as filhas a localizar os ácaros e removê-los, explica Tania.
— A rainha jovem tem maior capacidade de postura, consegue manter uma população de abelhas operárias maior na colônia, o que aumenta a produtividade. Também é possível selecionar uma rainha com a característica de se defender de doenças e parasitas. A capacidade de produzir feromônio, que também é maior, ajuda a manter a coesão da colônia, com cada indivíduo desempenhando sua função – argumenta a especialista.
Uma colônia saudável também é mais resistente a períodos críticos o inverno, quando há escassez de alimento.
Seleção de colônias e rainhas
A reprodução de abelhas rainhas de alta qualidade depende, primeiro, da seleção das colônias. Quanto maior o número de colmeias observadas, maior é a segurança de encontrar boas matrizes, explica Tania no boletim técnico intitulado “Seleção e produção de rainhas de abelhas Apis melífera”, publicado este ano. Produtividade, ausência de doenças e menores taxas de infestação por varroa são os pontos iniciais a serem observados.
O método mais utilizado pelos produtores em Santa Catarina é o de transferência de larvas. Além de escolher por tamanho, eles têm a certeza de que a rainha que procuram, com características específicas, sairá dali, conta a especialista. Quem não produz as próprias rainhas pode comprá-las com subsídio da Secretaria de Estado da Agricultura, da Pesca e do Desenvolvimento Rural.
Para a compra de cada rainha o Estado subsidia R$ 25, com pedido máximo de 75 insetos. A ideia é promover a melhoria genética do apiário, já que as rainhas são selecionadas e fornecidas por seis produtores cadastrados. Quem adere ao programa e recebe essas rainhas passa por treinamento para inserir a nova comandante na colônia, para que não haja rejeição.
Com os resultados satisfatórios na produtividade a partir da inserção de novas rainhas, a intenção da Epagri é chegar a 11 fornecedores de rainhas, explica o chefe da Divisão de Estudos Apícolas da Epagri, Rodrigo Durieux Cunha. Todos eles passam por avaliação e seguem um padrão, dentro do protocolo de criação de rainhas.
— Ficaria um para cada região agroecológica, respeitando as peculiaridades de cada microclima, cada região, importante para valorizar o material genético de cada local – explica Cunha.
A Epagri estima que a troca de rainha tenha sido utilizada por cerca de 3 mil apicultores em 12 mil colmeias do Estado em 2019, gerando um incremento de 64 toneladas de mel, que equivalem a cerca de R$ 932 mil.
Mercado de rainhas em expansão
Com produção média de 21 quilos por colmeia ao ano, os números podem triplicar quando existe a substituição periódica da abelha rainha aliada a outras técnicas de manejo. Em Araranguá, no Sul do Estado, Kátia Eloiza Heep chega a coletar 73 quilos por colônia no apiário que comanda. Especialista em melhoramento genético de abelhas rainhas, ela fornece insetos para diferentes estados do país.
São cerca de 50 matrizes com rainhas selecionadas, de onde são reproduzidas as demais a partir do método de transferência de larvas. Os insetos podem ser vendidos ainda como realeira, que é a princesa ou “rainha virgem”, ainda no casulo, a um preço médio de R$ 12. A princesa já nascida, na gaiola e marcada pelo ano de nascimento, a R$ 20. A rainha fecundada, que chega pronta para ser inserida na colmeia, fica entre R$ 40 e R$ 50, conforme o fornecedor.
— A rainha seleciona é 50% do resultado, a outra metade é o manejo, a alimentação das abelhas e o clima, que precisa ajudar. É preciso fornecer alimento no inverno, para que as abelhas não abandonem a colmeia ou quando florescer, demorem demais para começar a trabalhar – explica Kátia.
Para quem tem apiário fixo, o ideal é trocar de rainha a cada um ano e meio. Já quem migra para a Serra, para acompanhar a florada do mel silvestre, pode trocar todo ano para manter a produtividade em alta.
Fonte: NSC