O agricultor Aléssio Biagentini tem 73 anos e há 51 trabalha em sua propriedade rural, localizada na Linha Duque de Caxias, interior de Ibicaré.
A sua propriedade foi uma das mais de 60 atingidas pelo tornado ocorrido na última sexta-feira (14), na região Meio Oeste de Santa Catarina. Ele relatou à reportagem da Rádio Tropical os momentos vividos naquela tarde.
Quando os ventos se intensificaram, seu Aléssio que estava trabalhando na propriedade correu para junto da esposa e os dois se agacharam em um canto em frente a uma churrasqueira em uma área construída em alvenaria na propriedade.
“A gente se escondeu em frente da churrasqueira, de repente arrancou parte da estrutura e caiu tudo. Ficaram só umas poucas telhas, exatamente sobre o local que nós estávamos”, lembra ele.
A casa da família Biagentini, construída em madeira, teve parte da varanda arrancada e toda a estrutura ficou comprometida. Eles não podem mais voltar a morar na residência porque a estrutura ficou comprometida.
“Destruiu tudo, estrevaria das vacas, garagem dos carros, a varanda da casa. A casa ficou, mas vou ter que demolir e construir uma nova, porque por dentro estourou tudo”, complementa.
Na propriedade, seu Aléssio trabalha com gado de leite e de corte, mas já adiantou que vai reduzir a atividade por conta da idade avançada. Seu objetivo agora, é apenas reconstruir a casa e seguir a vida.
Ele também lamentou a destruição da estrutura da igreja e do salão comunitário da Linha Duque de Caxias, que foram construídos pelos membros da comunidade com muito esforço.
“Graças a Deus estamos vivos e ninguém se machucou. Agradeço a todos que estão me ajudando. Pro resto da vida eu vou construir uma casinha e vamos vivendo”, comentou.
O morador da Linha São José, Vicente Sartori, também teve a casa atingida pelo tornado. Ele mora em frente à Igreja da comunidade, que ficou totalmente destruída.
No momento do tornado ele não estava em casa. Quando tentou chegar na residência, se deparou com o acesso totalmente interditado por árvores e também pelo portal da comunidade que foi ao chão.
“Eu só pensava na minha mulher e no meu irmão de 82 anos que estavam em casa. Achei que era o fim deles, mas graças a Deus quando consegui chegar em casa encontrei eles bem”, lembrou
Ele lembra que construiu a casa a pouco mais de 25 anos, e nunca houve destelhamento. Agora praticamente todo o telhado foi danificado.
Vicente é tesoureiro na diretoria da igreja da Linha São José. Segundo ele, uma reforma tinha acabado de ser feita, com a troca de janelas e de parte da cerâmica.
Os moradores haviam se organizado para fazer a limpeza do espaço na tarde do sábado, porque no domingo seria celebrada missa.
“Quando cheguei em casa e vi minha família sadia, agradeci a Deus e agradeço toda hora. Mas foi espantoso o negócio”, finaliza Sartori.
“A primeira coisa que lembrei foi das minhas vacas que são meu ganha pão”
Ele disse que inicialmente parecia que vinha uma chuva tranquila, mas quando começou a escurecer intensamente, toda a família foi para dentro de casa para se proteger.
Em poucos minutos começou a ventania, depois confirmada como tornado, que acabou com tudo.
“Foram três passadas, a primeira forte, a segunda mais ainda e a terceira não tanto. Mas na segunda o que tinha, levou”.
Todos os galpões da propriedade foram destruídos, entre o galpão das vacas, das máquinas, chiqueiro, confinamento, entre outros.
Ele disse que agora é erguer a cabeça e continuar trabalhando para reconstruir o que foi destruído. O mais importante, segundo ele, é que a família está bem e ninguém se machucou.
“Quando passou a primeira coisa que lembrei foi das minhas vacas que são o meu ganha pão, mas elas estavam bem”, contou o produtor bastante emocionado.
Já no sábado amigos e familiares foram até a casa de Adair para ajudá-lo com a parte mais urgente da reconstrução, para que pudesse ordenhar as vacas.
“Moro há 51 anos aqui. Não é fácil ver a tua vida inteira dedicada para uma coisa e tudo destruído em 2 ou 3 minutos”, finalizou.
Fonte: Rádio Tropical FM