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Jovem de Ponte Serrada fala sobre a luta contra o câncer e como lida com perdas e reconhece vitórias

Tuane Franzon Ribak recebeu o diagnóstico de Leucemia Linfoide Aguda em meados de 2020

Certamente receber o diagnóstico de uma grave doença não é fácil. Muitas pessoas ainda costumam dizer que sabem como o outro se sente porque já viveram algo parecido. Aí que está o ponto: parecido, semelhante. Ninguém sabe de fato pelo o que o outro está passando, como diz o velho ditado “coração do homem é terra que ninguém pisa”. Mas, mesmo sem saber como o outro se sente, podemos com empatia e sabedoria auxiliar aqueles que amamos.

Hoje a jovem Tuane Franzon Ribak, de 29 anos, passa por uma árdua batalha: a luta contra o câncer. A nutricionista xanxerense que foi criada em Ponte Serrada seguia a vida normalmente morando e trabalhando em Lages, na Serra catarinense, até que em meados deste ano começou a sentir um cansaço extremo.

“Foi aí que marquei um pneumologista, pois achava que tinha pneumonia, ele pediu exames e num desses exames, uma tomografia acusou derrame pleural, nisso o médico já descartou a pneumonia e já me internou no Hospital Nossa Senhora dos Prazeres, em Lages. Lá fiquei 12 dias internada, onde fiz a cirurgia da pleuroscopia, foi pra biópsia o material coletado, e o primeiro diagnóstico que tive, era um linfoma, logo após, com esse mesmo material e outro laboratório, tive outro diagnóstico, sarcoma de ewing”, conta Tuane.


Logo em seguida aos dois diagnósticos, Tuane retornou à cidade dos pais, Ponte Serrada, e começou uma nova bateria de exames, desta vez ela foi para Chapecó, no hospital da Unimed, onde fez uma punsão da medula e uma nova cirurgia de pleuroscopia. Conforme a nutricionista, a leucemia num primeiro momento não fazia sentido porque o hemograma dela não estava ruim.


Tuane Franzon Ribak tem 29 anos (Fotos: Arquivo pessoal)

“Para nossa surpresa, os exames deram positivo para leucemia, no primeiro momento o laudo acusou leucemia bifenotípica e no outro dia concluiu como leucemia LLA. Foi então que, dois dias após o diagnóstico, iniciei com as quimioterapias”, comenta.

De acordo com a Associação Brasileira de Linfoma e Leucemia (Abrale), a LLA (Leucemia Linfoide Aguda) é um tipo de câncer mais comum durante a infância, mas também ocorre em adultos. A LLA não é uma doença hereditária e as causas não são conhecidas, segundo a associação.

Além de ter descoberto que enfrentaria uma grande batalha, Tuane teve que assimilar tudo durante a pandemia de Covid-19. Ela diz que foram tantas novidades no início, que não sobrou tempo para pensar na pandemia, o foco era apenas na cura. Mas, com o passar dos dias, a nutricionista conta que foi assimilando as informações sobre o novo coronavírus e passou a notar todos os cuidados que tomavam no hospital. Segundo ela, como estava praticamente sem imunidade, a equipe do hospital sempre seguia todos os protocolos. Tuane recebeu alta do hospital nesta quarta-feira, dia 12, mas nada mudou com relação aos cuidados.
“Como sou do grupo de risco agora, não posso sair de casa, não posso receber visitas. São cuidados que para mim fazem toda diferença nesse momento”, relata a jovem.

Apoio dos amigos e da família

A respeito do apoio familiar e dos amigos, Tuane diz que se sente muito grata pelas pessoas que fazem parte da vida dela. A jovem conta que a mãe abandonou o emprego para cuidar dela, já o pai não aceitava o diagnóstico, dizia que ela não merecia passar por isso.



“Sobre os meus amigos, não tenho palavras para descrever, não me deixam um só segundo, me mandam mensagens, fazem companhia nos finais de semana, pelo celular, meus primos Basílio e o Matheus rasparam os cabelos para me dar mais força ainda. Todos eles são sensacionais, são pessoas que estão de mãos dadas comigo, me dando força, coragem, amor e carinho, me bastam, eu preciso de pessoas que estejam de alma e coração comigo”

Mudanças alimentares

Com relação à alimentação, a jovem relata que seu paladar alterou somente após o início das quimioterapias. Segundo Tuane, um dos efeitos colaterais da quimioterapia é o enjoo e ela sentia muitos no começo do tratamento.

“No início eu só conseguia comer frutas, era o que o meu estômago aceitava, depois passei para as sopas e pão, aí comecei a comer batata doce todos os dias”, comenta a jovem.

Durante o período no hospital, Tuane tinha acompanhamento nutricional e fazia uso de suplementos. Ela diz ainda que tem restrição quanto a alimentos crus, como as saladas que só podem ser consumidas se forem cozidas. Em casa, ela deve evitar ao máximo o consumo de alimentos industrializados.


Doação de sangue

Uma parte primordial do tratamento se dá a partir da transfusão de sangue, por isso Tuane fez uma campanha nas redes sociais para que as pessoas doem sangue para ela no Centro de Hematologia e Hemoterapia de Santa Catarina (Hemosc). O sangue da nutricionista de Ponte Serrada é o A positivo, mas qualquer pessoa pode doar, independente do tipo sanguíneo.

“Muitas pessoas não entendem o motivo que eu preciso constantemente de doação de sangue. A Leucemia é uma doença que atinge a medula onde o sangue é produzido. Como realizamos as quimioterapias, ela acaba bloqueando a produção, dessa forma precisamos de constante doação de sangue, pois não temos a produção de sangue”.

Por conta da pandemia de Covid-19, é necessário que a pessoa agende a doação. Também é recomendado que o doador leia as orientações preliminares no site do Hemosc. O hemocentro da região de Ponte Serrada fica em Chapecó, na Rua São Leopoldo, 391 D, Bairro Esplanada e os telefones para agendar a doação são: (49) 3700-6401 ou (49) 3700-6410.
“Gostaria de deixar uma mensagem para as pessoas que passam por algum problema de saúde, ou conhecem alguém que está passando, e até mesmo para aqueles que não possuem problemas de saúde, mas possuem algum outro problema, ‘SEJA LÁ O QUE ESTIVER PASSANDO, ENFRENTE DE CABEÇA ERGUIDA’, Deus nosso pai, nunca dá um fardo maior que podemos carregar, e Ele nos dá todas as armas para lutar. Ele tem um propósito muito grande para a sua vida, mesmo que não entenda nesse momento, conforme vamos caminhando o chão vai se formando em nossos pés. Não desista! Atravesse tudo com muito amor e paz no coração, não existe erros nos planos de Deus”, finaliza Tuane.

Por Melyna Branco





Fonte: Oeste Mais