Para fortalecer o agronegócio catarinense e agregar valor à pecuária de corte e de leite, o Estado busca atingir um novo nível de excelência na sanidade animal: a erradicação da brucelose e da tuberculose bovina, zoonoses que ameaçam a saúde pública e o setor. O status garantirá mais um reconhecimento internacional a Santa Catarina que já é declarada área livre de febre aftosa sem vacinação e de peste suína clássica.
Como forma de contribuir com o trabalho de certificação e de fiscalização das propriedades desenvolvido pela Companhia Integrada de Desenvolvimento Agrícola de Santa Catarina (Cidasc), a Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Santa Catarina (Faesc) instalou 14 laboratórios para a execução de diagnósticos de brucelose e tuberculose no rebanho bovino catarinense. O serviço está disponível aos produtores desde 2018 em 14 Sindicatos Rurais que contemplam as regionais da Faesc no Estado: Água Doce, Campo Erê, Capinzal, Chapecó, Curitibanos, Joaçaba, Lages, Mafra, Rio do Oeste, São Joaquim, São Miguel do Oeste, Seara, Videira e Xanxerê.
De acordo com o vice-presidente de finanças da Faesc, Antônio Marcos Pagani de Souza, que coordena o programa estadual de Assistência Técnica e Gerencial (ATeG) de pecuária de corte, cada laboratório conta com um médico veterinário para a realização dos exames, por meio de convênio celebrado entre a Federação e os Sindicatos Rurais. Ele reforça que os profissionais são credenciados pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e os laboratórios certificados pelo Mapa e pela Cidasc, órgão responsável pelo controle e pela fiscalização no Estado.
“É importante que os produtores façam os exames e certifiquem as propriedades para qualificar e assegurar a bovinocultura de corte e leite do estado. Além dos escritórios da Cidasc e do apoio do Instituto Catarinense de Sanidade Agropecuária (ICASA) no trânsito de animais, os Sindicatos dispõem destes laboratórios, com custo apenas de manutenção para cobrir as despesas do médico e do material utilizado”, destaca.
O dirigente sublinha que os exames sanitários de brucelose e de tuberculose com resultado negativo são necessários para o produtor movimentar animais de reprodução, crias acima de 10 meses (gado de corte e de leite).
“A erradicação das zoonoses está ao nosso alcance. Disponibilizamos as ferramentas necessárias para alcançar esse objetivo e esta busca deve ser um compromisso de todos”, reforça Pagani.
Mais propriedades certificadas
O presidente da Faesc, José Zeferino Pedrozo, ressalta que a meta da Federação é ampliar o número de propriedades rurais certificadas como livres de brucelose e tuberculose para dar mais segurança aos produtores e qualificar a pecuária de corte e de leite. Segundo ele, os laticínios pagam entre um e cinco centavos a mais por litro de leite às propriedades certificadas.
“Além da questão da sanidade, há incentivos e vantagens que agregam valor aos produtos. Se o Estado tem como meta a exportação do leite, assegurar o status sanitário é fundamental”, observa Pedrozo ao destacar que as propriedades certificadas também podem vender reprodutores sem exigência de novos testes.
De acordo com a Cidasc, Santa Catarina conta hoje com mais de 750 propriedades certificadas como livres de brucelose e tuberculose e todos os anos são realizados em média 300 mil exames para detectar a presença das zoonoses. Em todo o Estado, o rebanho abrange 4,7 milhões de bovinos. A certificação é opcional para produtores de bovinos, mas obrigatória para produção de queijos artesanais de leite cru.
Para ser certificada, conforme a Cidasc, a propriedade deve passar por uma bateria de exames sanitários repetidos num intervalo de 6 a 12 meses e fazer o controle de movimentação em suas divisas. Além dos exames de sangue, são feitos testes periódicos em tanques de leite de propriedades e em abatedouros como forma de vigilância ativa.
Não existe cura para a tuberculose nem para a brucelose. Ao ser identificado um animal positivo para qualquer uma das doenças, deve ser realizado o sacrifício sanitário.
Brucelose tuberculose
Estimativas do Mapa apontam que a brucelose gera perdas da ordem de 20% a 25% na produção de leite e redução do tempo de vida produtiva dos animais, o que exige uma taxa de reposição de cerca de 30% e, consequentemente, gera custos para o produtor.
No caso da tuberculose, a estimativa é de 10% a 18% na queda da produção e também há diminuição da taxa de fertilidade nas fêmeas afetadas. Além disso, ambas geram prejuízos provocados pela maior dificuldade de comercialização dos animais, em razão da perda de credibilidade da unidade de criação, e repercussão negativa nos mercados nacional e internacional.
Em 2001, o MAPA criou o Programa Nacional de Controle e Erradicação da Brucelose e da Tuberculose (PNCEBT) com o objetivo de promover o controle nos estados que tinham como meta diminuir os números de zoonoses. A proposta continua sendo caminhar para a erradicação.
As estratégias de atuação dividem-se em medidas obrigatórias e voluntárias. Entre as obrigatórias constam a vacinação contra brucelose e o controle de trânsito. A realização de testes nos animais antes da aquisição é uma das medidas mais importantes para se evitar a entrada das doenças no rebanho.
Já os programas de certificação são de livre adesão, sendo a certificação de propriedade monitorada exclusiva para gado de corte e a certificação de propriedade livre mais direcionada para as fazendas produtoras de leite.
Dados da pecuária catarinense:
Rebanho: 4,7 milhões
Produtores: 77 mil
Municípios com produção: 293
Bovinos de corte: 51,4%
Bovinos de leite: 34,74%
Aptidão mista: 13,75%
Propriedades certificadas: 750
Exames realizados por ano: 300 mil
Fonte: Assessoria de Comunicação