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“E vós, quem dizeis que eu sou? ”

(Mt 16,15)


Está evidente, em nossos dias, o quanto percebemos, vemos e escutamos que falta aos cristãos saber quem é Jesus de Nazaré. Criou-se muitas imaginações de Jesus, conforme a adocicada vontade individual e proveito próprio das pessoas. Jesus deve se adaptar à vontade de cada pessoa. Em meditações para o dia a dia, podemos contemplar Jesus caminhando com seus discípulos, atento (a) às palavras de Jesus e de Pedro, igualmente atento (a) às reações dos discípulos. Jesus faz a pergunta: “E vós quem dizeis que eu sou? ” Jesus revela sua identidade (“Messias, o Filho do Deus vivo”). E desvela a identidade de Pedro: “Tu és petros (cascalho – pedra de tropeço no caminho) e sobre esta petra (rocha) edificarei minha Igreja”. Palavras de sabedoria e resistência contrastando entre o que vem de Deus e as que nascem do próprio interesse de Pedro. Um processo que vai de fora para dentro, Pedro se torna rocha firme (petra) quando se apoia na identidade de Jesus (a verdadeira Rocha). Isso acontece com cada um de nós a modo dos discípulos. Nossa identidade profunda é constituída pela fragilidade/ petros e pela fortaleza/ petra. Só no encontro com aquele que é a rocha firme é que transparece a petra que está oculta em nosso interior.



Jesus sabe que habita seus corações. Porque de Deus só posso falar a partir do coração. Jesus ensina aos seus que, ao servir o Evangelho, e estar próximo dos últimos, é trazer libertação a todos os oprimidos e justiça para os esquecidos e que, para isso, tem um preço: o da própria vida. Segui-lo é crer e colocar os pés no seu caminho, o que significa sair de onde se sinta mais seguro e entregar a vida, no cotidiano, aos que serve: entregar-se na própria ternura, na misericórdia, na compaixão aos pequenos.

Igual a Pedro possamos percorrer esse caminho que nos leva a falar a partir do coração, desse poço que é nossa experiência de vida. No exercício de nossa missão, Jesus nosso Senhor, fonte de água viva, em seu nome caminharemos e anunciaremos o Reino de Deus.

O mundo necessita urgentemente do anúncio explícito e coerente do Reino anunciado por Jesus. Os sinais o Reino configura numa atitude de coerência, de amizade, de solidariedade e de fraternidade. Enquanto espalhamos ódio, mentiras, radicalismos nas redes sociais, estamos atuando conforme o anti-reino. Mentiras, atitudes fundamentalistas, ódio, radicalismos provam o quanto hipocritamente exigimos dos outros aquilo que não conseguimos praticar. Por isso, Jesus continua cobrando de nós, que carregamos o nome de cristãos, mais coerência, docilidade, ternura e acolhimento entre nós.

Assim como Pedro recebeu a missão do Mestre para edificar a sua Igreja, nós, pela graça do batismo, temos a missão de mantermos unidos a Igreja, alicerce da casa que deve construir os fundamentos de uma nova Igreja, aquela querida por Jesus por dar sua vida por toda a humanidade. Nessa Igreja, governada pelo Papa Francisco em comunhão com os bispos, clero e todo o povo batizado, somos um corpo sólido iluminado pelo Espírito Santo.  Não há outra saída, a não ser, viver na sinceridade, coerência e verdade. Toda a mentira sustentada, alimentada e mantida, é um sinal anti-reino e por isso impede que os sinais de uma vida nova aconteça entre nós.

 Sejamos membros vivos da doutrina que confessa que Jesus Cristo é o Filho de Deus. É nele que depositamos nossa confiança. Nele buscamos as luzes para construir um mundo mais justo e fraterno. Com ele conseguiremos orientações para solidificar entre nós os sinais do Reino de Deus que Jesus veio anunciar.

Não percamos a oportunidade, nesse tempo de pandemia, fazer nossa auto avaliação como somos cristãos e como acreditamos em Jesus Cristo, o Filho de Deus.

Que Maria Santíssima, nesse mês dedicado ao Sagado Coração de Jesus, e ao Doce Coração de Maria, a cresça a nossa fé concreta e autêntica em Jesus o Filho de Deus.

Dom Severino Clasen

Bispo Diocesano de Caçador





Fonte: Diário Rio do Peixe