Santa Catarina já soma R$ 436 milhões em perdas na produção agropecuária devido à estiagem. Desde o início do ano, a falta de chuva fez com que 107 municípios decretassem situação de emergência. Além disso, 173 cidades já precisaram de abastecimento emergencial de água.
A Serra e o Oeste são as regiões mais afetadas pela seca. Em 63% e 37% dos municípios dessas regiões, respectivamente, os impactos da estiagem são considerados altos. No Estado, são 90 municípios (31,1%) com impactos severos causados pela falta de chuvas. Os dados constam de um relatório divulgado pela Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de SC (Epagri).
Dos R$ 436 milhões em perdas, quase metade (R$ 199 milhões) corresponde a queda na produção de soja. Segundo a Epagri, a irregularidade na distribuição das chuvas fez com que as lavouras se comportassem de maneira diferente dependendo do seu estágio de desenvolvimento. Com isso, algumas lavouras registraram condições mais favoráveis do que outras em municípios próximos. Ainda sim, a queda estimada na produção é de 132 mil toneladas (-5,8%).
O milho também representa uma parcela importante nas perdas: R$ 129 milhões. A queda estimada na produção chega a 178 mil toneladas (-6,9%). De acordo com a empresa, a situação é ainda pior em algumas regiões.
“Nas microrregiões de Campos de Lages, Curitibanos e Joaçaba, onde a primeira safra do plantio do milho ocorre mais tarde, a estiagem alcançou as lavouras na época de floração e enchimento de grãos, provocando perdas mais significativas, que variaram entre 10% e 60%”, diz o relatório.
Além da soja e o milho, as culturas com mais perdas são o leite (R$ 33 milhões), o feijão (R$ 26 milhões) e a maçã (R$ 21 milhões). Esta última é a cultura que registra a maior queda percentual na estimativa de produção, com -16,9% (98 mil toneladas).
A falta de chuvas afeta o Estado desde o ano passado. Segundo projeções da meteorologia da Secretaria de Estado da Agricultura, a maioria das regiões registrou queda de 300 mm na precipitação em relação à média histórica, chegando a 500 mm de diferença em algumas localidades da Serra e do Oeste.
Isolamento social diminuiu a demanda
Além da estiagem, outro problema enfrentado pelos produtores é a queda na demanda causada pelas medidas de isolamento social devido à pandemia de Coronavírus. Com o fechamento de lanchonetes e restaurantes, por exemplo, os suinocultores reduziram o número de abates em até 50%.
O mesmo aconteceu com o leite. Segundo a Epagri, as agroindústrias do setor foram orientadas a diminuir sua produção devido à baixa na demanda. A queda chegou a 4% em março e 8% em abril, o que representa 26 milhões de litros que deixaram de ser produzidos.
Perdas por cultura:
Soja: R$ 199 milhões
Milho: R$ 129 milhões
Leite: R$ 33 milhões
Feijão: R$ 26 milhões
Maçã : R$ 21 milhões
Tomate: R$ 18 milhões
Cebola: R$ 4,5 milhões
Maracujá: R$ 3,5 milhões
Batata: R$ 3,1 milhões
Banana: R$ 1,5 milhão
Total: R$ 436 milhões
Fonte: Murici Balbinot/ RCN