Foto: Getty Images
Vinte e seis anos atrás, o dia 1º de maio ganhou um novo significado para várias pessoas. Analisando friamente, é só o 122º dia do ano. Em boa parte do mundo, se comemora o Dia do Trabalho. Entretanto, ficou marcado como o dia em que morreu Ayrton Senna.
Muitos dizem jocosamente que se trata do “dia das viúvas”, apelido pejorativo dado àqueles que são fãs, digamos, extremados do piloto. Mas foi o ponto mais obscuro de um final de semana tenso, que teve o acidente de Rubens Barrichello na sexta e a morte de Roland Ratzemberger no sábado, após grave batida na curva Villeneuve.
Não cabe entrar nos detalhes do acidente, já tratado várias e várias vezes. Mas é importante neste dia tratar do seu legado. Um piloto que, mesmo os detratores reconhecem ser de extremo talento. Que levou alguns padrões a novos patamares e marcou com força o seu nome na história do automobilismo mundial.
Senna mostrou seu valor em um momento em que a categoria estava em plena expansão midiática pelo mundo. Seu desempenho se batendo junto a outros titãs como Nigel Mansell, Nelson Piquet e, especialmente, Alain Prost, deixaram alguns momentos impactantes para os fãs da velocidade.
Esta é uma das vantagens do brasileiro sobre alguns grandes: seus feitos têm registros e tem um acesso relativamente fácil. Nem tanto em relação às categorias menores (o famoso caso da corrida sem os freios dianteiros na FF2000 em 82 é marcado com base nos relatos do chefe de equipe), mas podemos ver alguns extratos como as voltas de qualificação no Estoril 1986 e Jerez 1990 e provas como Monaco 1984, Estoril 1988, entre outras. Neste domingo, teremos novamente Suzuka 88 na tela, talvez a sua obra-prima.
Nos últimos tempos, se vê em alguns locais, especialmente nas redes sociais, pessoas questionando se Senna era tão bom assim. Tenham certeza que, se não fosse, não teria sido escolhido por vários especialistas e pilotos como um dos melhores de todos os tempos da F1.
Para os brasileiros, a condição acaba ganhando mais força. Incorporou a narrativa do “Brasil que dá certo” na época pesada do país na segunda parte da década de 80/ início de 90. A imagem de bom moço, de determinação, arrojo e vencedora foi talhada e marcou muito o público nacional. Não à toa que recebeu homenagens de chefe de estado quando seu corpo veio para o Brasil.
Claro que tinha seus erros. Afinal, era humano e os cometeu várias vezes. Inclusive por muitas vezes seu arrojo e vontade eram considerados “perigosos” (a discussão de Senna com Stewart neste sentido é clássica e pode ser vista tanto no documentário como em vídeos na internet). Muitos ainda não o consideram como tão completo assim, pois seu mérito estava em ser rápido, mas não ser um “desenvolvedor”, um estrategista.
Unanimidade é algo praticamente impossível. Mas uma coisa é certa: Ayrton Senna acabou sendo muito mais do que um simples piloto de corridas. Tornou-se um exemplo de tenacidade e de vitória. Não à toa, sua imagem é usada para exercícios motivacionais e para muitos, é o significado de F1.
O grande aparato de mídia, que ajudou a construir essa imagem, garantiu a grande metamorfose: a morte na pista, em ação, com tudo se desenrolando para milhões de pessoas em praticamente tempo real, fez com que o brasileiro entrasse para a esfera dos mitos.
Foto: AFP
Acredito que todo mundo já ouviu a frase de muita gente “parei de ver F1 quando Senna morreu”. Ela acaba comprovando para alguns a ideia de que “brasileiro só gosta de ser vencedor”. Em muitos acasos, é tragicamente verdade. Mas a chama continua acesa. E até hoje, o grande público acaba sim perguntando, quando vê um brasileiro despontando com chances de chegar na F1, a comparação acaba sendo direta: este é o novo Senna?
Senna é enorme. Mas não único. Temos sim que lembrar o que fez Emerson Fittipaldi (duas vezes campeão e construtor), Nelson Piquet (três vezes campeão em jornadas que merecem também ser lembradas – e muito!), Rubens Barrichello, Felipe Massa, José Carlos Pace, Chico Landi e tantos outros. Se hoje gostamos de F1, é graças a estes caras que ajudaram a construir esta cultura.
Lembremos sim de Senna. Com todas suas qualidades e defeitos. Respeitando seus feitos e defeitos. Sempre lembrando que, antes de Senna, era um Silva. Um homem muito especial, fora de série no que fazia e que virou parte da família de muitos. E vários adoram odiar. Mas querendo ou não, um dos grandes. Obrigado, Ayrton.
Fonte: F1 Mania
Vinte e seis anos atrás, o dia 1º de maio ganhou um novo significado para várias pessoas. Analisando friamente, é só o 122º dia do ano. Em boa parte do mundo, se comemora o Dia do Trabalho. Entretanto, ficou marcado como o dia em que morreu Ayrton Senna.
Muitos dizem jocosamente que se trata do “dia das viúvas”, apelido pejorativo dado àqueles que são fãs, digamos, extremados do piloto. Mas foi o ponto mais obscuro de um final de semana tenso, que teve o acidente de Rubens Barrichello na sexta e a morte de Roland Ratzemberger no sábado, após grave batida na curva Villeneuve.
Não cabe entrar nos detalhes do acidente, já tratado várias e várias vezes. Mas é importante neste dia tratar do seu legado. Um piloto que, mesmo os detratores reconhecem ser de extremo talento. Que levou alguns padrões a novos patamares e marcou com força o seu nome na história do automobilismo mundial.
Senna mostrou seu valor em um momento em que a categoria estava em plena expansão midiática pelo mundo. Seu desempenho se batendo junto a outros titãs como Nigel Mansell, Nelson Piquet e, especialmente, Alain Prost, deixaram alguns momentos impactantes para os fãs da velocidade.
Esta é uma das vantagens do brasileiro sobre alguns grandes: seus feitos têm registros e tem um acesso relativamente fácil. Nem tanto em relação às categorias menores (o famoso caso da corrida sem os freios dianteiros na FF2000 em 82 é marcado com base nos relatos do chefe de equipe), mas podemos ver alguns extratos como as voltas de qualificação no Estoril 1986 e Jerez 1990 e provas como Monaco 1984, Estoril 1988, entre outras. Neste domingo, teremos novamente Suzuka 88 na tela, talvez a sua obra-prima.
Nos últimos tempos, se vê em alguns locais, especialmente nas redes sociais, pessoas questionando se Senna era tão bom assim. Tenham certeza que, se não fosse, não teria sido escolhido por vários especialistas e pilotos como um dos melhores de todos os tempos da F1.
Para os brasileiros, a condição acaba ganhando mais força. Incorporou a narrativa do “Brasil que dá certo” na época pesada do país na segunda parte da década de 80/ início de 90. A imagem de bom moço, de determinação, arrojo e vencedora foi talhada e marcou muito o público nacional. Não à toa que recebeu homenagens de chefe de estado quando seu corpo veio para o Brasil.
Claro que tinha seus erros. Afinal, era humano e os cometeu várias vezes. Inclusive por muitas vezes seu arrojo e vontade eram considerados “perigosos” (a discussão de Senna com Stewart neste sentido é clássica e pode ser vista tanto no documentário como em vídeos na internet). Muitos ainda não o consideram como tão completo assim, pois seu mérito estava em ser rápido, mas não ser um “desenvolvedor”, um estrategista.
Unanimidade é algo praticamente impossível. Mas uma coisa é certa: Ayrton Senna acabou sendo muito mais do que um simples piloto de corridas. Tornou-se um exemplo de tenacidade e de vitória. Não à toa, sua imagem é usada para exercícios motivacionais e para muitos, é o significado de F1.
O grande aparato de mídia, que ajudou a construir essa imagem, garantiu a grande metamorfose: a morte na pista, em ação, com tudo se desenrolando para milhões de pessoas em praticamente tempo real, fez com que o brasileiro entrasse para a esfera dos mitos.
Foto: AFP
Acredito que todo mundo já ouviu a frase de muita gente “parei de ver F1 quando Senna morreu”. Ela acaba comprovando para alguns a ideia de que “brasileiro só gosta de ser vencedor”. Em muitos acasos, é tragicamente verdade. Mas a chama continua acesa. E até hoje, o grande público acaba sim perguntando, quando vê um brasileiro despontando com chances de chegar na F1, a comparação acaba sendo direta: este é o novo Senna?
Senna é enorme. Mas não único. Temos sim que lembrar o que fez Emerson Fittipaldi (duas vezes campeão e construtor), Nelson Piquet (três vezes campeão em jornadas que merecem também ser lembradas – e muito!), Rubens Barrichello, Felipe Massa, José Carlos Pace, Chico Landi e tantos outros. Se hoje gostamos de F1, é graças a estes caras que ajudaram a construir esta cultura.
Lembremos sim de Senna. Com todas suas qualidades e defeitos. Respeitando seus feitos e defeitos. Sempre lembrando que, antes de Senna, era um Silva. Um homem muito especial, fora de série no que fazia e que virou parte da família de muitos. E vários adoram odiar. Mas querendo ou não, um dos grandes. Obrigado, Ayrton.
Fonte: F1 Mania