A Caixa anunciou nesta quinta-feira (9/4) medidas adicionais para o setor imobiliário no período de crise. Entre as novidades está a liberação de R$ 43 bilhões para o financiamento da casa própria. Até então, o banco já havia anunciado cerca de R$ 111 bilhões em novas linhas de crédito. Segundo a instituição, cerca de 5,5 milhões de famílias serão beneficiadas e 1,2 milhão de empregos serão preservados. Os recursos estarão disponíveis a partir da próxima segunda-feira, dia 13.
Em transmissão pelo Facebook, o presidente da Caixa, Pedro Guimarães, anunciou, também, a carência de seis meses para novos contratos imobiliários de pessoas físicas. Isso significa que quem comprar um imóvel agora poderá começar a pagar só daqui a 180 dias. Medida inédita, segundo o presidente, que “reforça o equilíbrio entre o problema de saúde e da economia”.
“É uma medida para parte mais relevante da carteira de crédito da Caixa Econômica Federal, o coração do banco, que é o crédito imobiliário. Nós temos 5,5 milhões de famílias beneficiadas por essa operação que gera um volume muito grande de empregos”, afirmou. As pausas nos financiamentos valerão também para aqueles que usam o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) para o pagamento.
A porcentagem das parcelas que não é coberta pelo FGTS poderá ser pausada, explicou o vice-presidente de habitação, Jair Luis Mahl. “A partir de segunda-feira, aqueles que estavam usando o FGTS para o pagamento parcial das parcelas continuarão e ainda vão poder pedir a pausa daquela parte: os 20% ou 30% que são sua parte no pagamento”, explicou.
Clientes adimplentes ou com até duas parcelas em atraso terão também o direito de optar pelo pagamento parcial da prestação do financiamento, por 90 dias. Atualmente, é possível pedir uma pausa nas prestações do financiamento habitacional por meio de contato telefônico e aplicativo Habitação Caixa, disponível para plataformas Android e iOS.
Já as construtoras e incorporadoras poderão antecipar até 20% dos recursos do Financiamento à Produção de empreendimentos para obras a serem iniciadas. Também será permitido para obras em andamento e sem atrasos no cronograma, antecipar a liberação de recursos correspondentes a até três meses, desde que seja limitado a 10% do total financiado. Entre outras medidas, empresas podem prorrogar o início das obras em até 180 dias e reformular o cronograma de execução por questões relacionadas à pandemia. Obras concluídas ou em fase de amortização poderão incluir ou prorrogar carência de até 180 dias.
Otimismo
O setor da construção civil recebeu com otimismo as novas medidas. De acordo com nota da Câmara Brasileira da Construção Civil (CBIC), a iniciativa permite a continuidade do financiamento imobiliário no país e da produção de mais de 500 mil unidades habitacionais responsáveis pela geração de 1,2 milhão de empregos diretos e indiretos, o que vai abrandar os impactos econômicos e sociais da pandemia pelo coronavírus.
“Em uma época como esta de crise, que só tem comparativo com uma grande guerra, somente medidas fortes, na linha de manter empregos e estimular a aquisição para manutenção futura do trabalho poderão tirar o país dessa situação”, disse José Carlos Martins, presidente da CBIC. “No pós-guerra, a reconstrução é inevitável”, reforçou.
O executivo alertou, também, sobre a necessidade de o mercado financeiro adequar suas práticas à conjuntura do país. “É preciso repensar a concentração do financiamento imobiliário em poucos bancos. Imagine se o Brasil não tivesse a Caixa e somente os três bancos privados. Imagine o risco sistêmico, a perda de emprego e a insolvência de tantas empresas por todo o país”, apontou Martins.
Eduardo Aroeira, presidente da Associação das Empresas do Mercado Imobiliário (Ademi-DF), igualmente destacou o papel da Caixa. “Foi uma medida de grande mérito. Vai ajudar não somente a manter os empregos, como dar fôlego às empresas para honrar seus compromissos com os fornecedores”, disse. Ainda não há cálculos sobre o tamanho exato do tombo que a construção civil poderia ter nem o quanto será alavancada a partir das atuais medidas. “Não temos essa estimativa, mas a expectativa é de que essas ações estimulem as vendas, que haviam caído de forma acentuada”, destaca Aroeira.
Luiz França, presidente da Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc), definiu as medidas da Caixa como “extremamente importantes para o mercado”. “A Caixa fez um estudo técnico das necessidades em função de algo que nunca tínhamos passado, que é uma pandemia. Tomou medidas pela preservação do fluxo de caixa tanto para pessoas físicas quanto jurídicas”, salientou.
França destacou principalmente a carência de seis meses para pessoas físicas e para empresas. “Muitas pessoas querem comprar imóvel, mas não se sentem seguras para fazer isso agora. Para as empresas, significa uma ligação muito importante no mercado porque é dinheiro que vai circular na economia, pagar funcionários e manter as empresas funcionando”, disse.
Fonte: Correio Braziliense