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Terremotos na Croácia atingem moradores em quarentena

Um número ainda indeterminado de pessoas ficou ferido quando parte de edifícios e telhados desabou. Uma adolescente está em estado crítico


Governo croata alerta população para evitar aglomerações após desastre
Foto: EFE/EPA/ANTONIO BAT


Dois tremores fortes, com magnitudes entre 5,0 e 5,5 graus na escala Richter, causaram pânico em Zagreb neste domingo (22), deixando e várias pessoas feridas e sérios danos materiais, em meio ao confinamento imposto pelas autoridades croatas na luta contra a expansão do novo coronavírus.

O primeiro terremoto, o mais forte, levantou os habitantes da capital croata de suas camas por volta das 6h30 (local, 2h30 de Brasília), seguido pelo segundo terremoto meia hora depois. Nas horas seguintes, várias réplicas foram sentidas, embora tenham sido muito mais brandas.


Pânico nas ruas


Milhares de pessoas entraram em pânico nas ruas, incluindo muitos pacientes dos principais hospitais que cuidam de pessoas com infecções pelo vírus SARS-CoV-2.

Uma clínica de maternidade decidiu realizar os partos programados para este domingo em ambulâncias ao ar livre, enquanto dezenas de mães com bebês recém-nascidos saíram às ruas em meio às incomuns temperaturas baixas para a época, de apenas 4 graus.

Um número ainda indeterminado de pessoas ficou levemente ferido quando parte de edifícios e telhados desabou. Uma adolescente de 15 anos está em estado crítico.


A Catedral de Zagreb, a construção mais alta da cidade, sofreu danos à sua torre, cuja ponta quebrou e impactou bem em frente à casa do cardeal local e do arcebispo Josip Bozanic. Fontes do bispado disseram à imprensa que o que aconteceu hoje é um "sinal de Deus". Em outra igreja próxima, o teto interior desabou, deixando a basílica cheia de escombros.


Epicentro

Segundo as autoridades croatas, o epicentro do tremor ficava a 7 quilômetros ao norte de Zagreb, a uma profundidade de apenas 10 quilômetros, o que explicaria os fortes danos a inúmeros edifícios no centro da cidade. O terremoto também foi sentido na Eslovênia e no sul da Áustria.

O exército croata foi enviado imediatamente após os tremores para as áreas mais afetadas para remover os escombros, enquanto especialistas em estatística e arquitetos revisaram os edifícios mais afetados, incluindo o Parlamento croata, seriamente afetado.

O primeiro-ministro da Croácia e atual presidente da União Europeia, Andrej Plenkovic, disse que o terremoto de hoje foi o mais grave no país nos últimos 140 anos.

Devido aos danos sofridos, ocorreram inúmeros cortes de energia e água, além de alguns incêndios, que foram controlados em pouco tempo. No centro de Zagreb, vários veículos foram destruídos por partes de edifícios que caíram nas ruas.


Avisos contraditórios

A "Rádio Croácia" recomendou que as pessoas não se movimentassem pelo centro da cidade, considerando o perigo de varandas e pedaços de edifícios que podem estar caindo nas ruas.

O Ministério do Interior, por sua vez, aconselhou que os cidadãos deixem suas casas como precaução contra o perigo de tremores secundários novos e mais fortes, mantendo sempre uma distância social de pelo menos um metro para evitar contágios pelo novo coronavírus.

"Mantenha distância. Não fiquem juntos. Estamos enfrentando duas graves crises, o terremoto e a epidemia", alertou o ministro do Interior, Davor Bozinovic.

O ministro da Saúde Pública, Vili Beros, por sua vez, pediu cautela à população e que sejam cumpridas especialmente as regras do distanciamento social para evitar um boom de infecções. "O perigo do coronavírus é maior que o de um novo terremoto", considerou.

Até o momento, a Croácia registrou 235 casos confirmados de Covid-19, 29 apenas no sábado (21), com uma morte.


Centro nuclear preservado

Cerca de 50 quilômetros a noroeste de Zagreb, fica a usina nuclear de Krsko, que opera desde 1981 no território da Eslovênia, em conjunto com a Croácia.

Segundo a agência de notícias eslovena "STA", o local não foi danificado e está funcionando normalmente, mas os técnicos realizarão inspeções adicionais nas instalações.

Na Áustria, o governador da região da fronteira da Caríntia, Peter Kaiser, exigiu após o terremoto que a usina de Krsko fosse fechada.


"Desta vez, tudo provavelmente correu bem, mas o que acontecerá na próxima vez?", perguntou o governador em um comunicado, no qual exige uma mudança de energia para fontes renováveis.


Fonte: R7