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"Não deixem a situação chegar como chegou aqui", alerta xanxerense que está na Itália

País já contabiliza cerca de 3 mil mortes e quase 30 mil casos de coronavírus

Celso Antônio Paulini e a esposa Monikaren Paulini (Foto: Arquivo Pessoal)

Há cinco anos morando em Verona, na Itália, o casal xanxerense Celso Antônio Paulini, de 34 anos, e a esposa Monikaren Paulini, de 32, teve a rotina drasticamente alterada por causa da pandemia de coronavírus que afeta o país e o mundo. Até esta quarta-feira, dia 18, a Itália já contabiliza quase 30 mil casos da doença. O número de mortos chega a quase três mil.

“A realidade que esse vírus trouxe para nós é muito além do que se imagina, ele representa muito mais que a vida, a morte, a restrição da liberdade, a restrição econômica, e só se aprende a lição quando a água chega no pescoço. Infelizmente está sendo assim por onde ele está chegando. As pessoas só sabem agir na hora de combater”, lamenta Monikaren.

Pais de Cristofer Paulini, de um ano e dez meses, o casal falou ao Oeste Mais como está passando os dias de quarentena no país europeu. “Não deixem a situação chegar como chegou aqui na Itália, lá na China. Estejam alertas, prontos, mas acima de tudo, não se apavorem, estejam calmos, não deixem que o pânico tome conta de vocês, porque quando ele toma conta, vira um caos”, orienta a brasileira.


O marido de Monikaren trabalha como funcionário em uma empresa de gesso. Ele conta que segue indo ao serviço após conseguir uma autorização, já que está trabalhando apenas com o patrão. “A gente está trabalhando em um canteiro de obras, uma construção, e nessa construção estou só eu e ele. É uma casa, mas só nós dois estamos trabalhando, então ainda não foi proibido nessa área, até segunda ordem. Do jeito que as coisas estão aumentando, pode ser que acabem proibindo”, preocupa-se.

Homem vestido com equipamento de proteção na Itália (Foto: AFP)


Vivendo com medo

“A situação que a gente está vivendo hoje é a situação de medo”, expressa Celso. “A gente sai na rua com medo, evita as pessoas, assim como as outras evitam a gente. Todo mundo tem se evitado justamente pela distância de segurança que eles pedem aqui de pelo menos um metro”, afirma.

Segundo a esposa, que não tem a mesma liberdade do marido para deixar a residência, as saídas de casa estão autorizadas apenas para ir a locais como supermercado, farmácia, posto de combustível e posto de saúde. Para outras atividades é preciso autorização especial, do contrário, conta Monikaren, quem for flagrado na rua pode ser multado em 206 euros e pegar de três a seis meses de prisão, dependendo do caso. “Em uma loja, 11 pessoas foram presas por estarem consumindo bebida alcoólica”, conta.


Para ir ao mercado, por exemplo, o casal destaca que apenas uma pessoa pode entrar no estabelecimento. Além disso, as idas não podem passar de duas por semana. Embora não perceba a falta de alimentos, Celso diz que outros materiais já não são encontrados. “Tem faltado máscaras. Foi pedido para outros países e comprado de outros países essas máscaras e álcool em gel para prevenção”, relata.

Casal e o filho moram na Itália há quatro anos (Foto: Arquivo Pessoal)


Sem atos fúnebres

O sofrimento de quem perde alguém é ampliado pela impossibilidade da despedida. Monikaren relata o drama de familiares de pessoas que morrem em decorrência do vírus: “Nós vimos casos de pessoas que morrem em suas casas e não são enterradas porque o mesmo decreto impede atos fúnebres. Igrejas estão lotadas de caixões, [pessoas] que morreram no hospital e não podem ser enterradas, é uma situação muito grave”.


Repúdio às brincadeiras

A brasileira também lamenta a quantidade de brincadeira em cima da doença, principalmente memes nas redes sociais. “Vemos constantemente nas redes sociais as pessoas brincando sobre o assunto, vemos comparando com outros problemas sociais, como a fome, por exemplo, que mata milhares de pessoas todos os dias, que ninguém fala ou faz nada a respeito. Deveriam dar um corte nesses memes porque não vale a pena, pois o vírus não está deixando as pessoas só doentes, está matando”.

Enquanto a situação não se ameniza, Celso e Monikaren devem seguir aprendendo a viver de forma diferente. Ao lado do filho, o casal encontra motivação para lidar da melhor forma com a nova rotina. “Ele não entende porque tem que ficar o dia todo em casa, então ele escolhe alguns brinquedos para brincar. Hoje teve um belo dia de sol, normalmente iríamos ao parque brincar, mas não podemos, então brincamos na sacada aqui de casa”, finaliza a xanxerense.



* Informações apuradas pela estagiária Carla Martins

Fonte: Oeste Mais