No começo da semana um supermercadista denunciou que os preços do leite UHT estavam subindo e agora o Ministério Público investiga
Aumento do valor do leite comprado por supermercadistas é analisado em inquérito do Ministério Público – Foto: Arquivo/Edu Cavalcanti/ND
Um áudio que tem circulado nos aplicativos de mensagens desde o começo da semana chamou a atenção para as prateleiras de leite UHT (o longa-vida de caixinha) onde os preços têm sofrido variação para cima. No áudio, um supermercadista denunciava o que ele chamou de abuso por parte das indústrias, que estariam se aproveitando da pandemia.
O autor do áudio é o empresário Francisco Crestani, que tem supermercados em São Miguel do Oeste, no Extremo Oeste do Estado, e em Francisco Beltrão, no Paraná. Crestani contou que gravou o desabafo após ter feito o levantamento do preço do leite nas indústrias, atividade que ele realiza às segundas-feiras. “As três indústrias que podiam atender o meu pedido apresentaram preços diferentes das semanas anteriores e, pior, disseram que não entregariam os pedidos já em carteira”, disse.
Não entregar os pedidos em carteira significava que o supermercadista deveria fazer outro pedido com os preços do dia, que variavam entre R$ 3,10 e R$ 3,80 – dependo da indústria. Antes, os valores estavam entre R$ 2,10 e R$2,30, segundo Crestani. “Não dá para aceitar o preço subir de R$ 2,20 para ‘3 e alguma coisa’ e isso logo nessa hora de tanta dificuldade, quando as crianças estão fora das creches e das escolas e que tem que ter leite em casa para elas”, comentou.
Após a repercussão do áudio do empresário, as indústrias voltaram atrás e entregaram os pedidos feitos por ele anteriormente com os preços normais. “As indústrias tentaram rebater o áudio, mas não conseguiram, pois tenho tudo gravado. Elas podem ter combinado o preço do leite, mas não acertaram o discurso”, afirmou Francisco Crestani, que também é vice-presidente de Finanças e Gestão da Fecomércio (Federação do Comércio) e membro do Conselho Fiscal da Acats (Associação Catarinense de Supermercados).
Em nota, o presidente da Acats, Paulo Cesar Lopes, afirmou que, em muitos casos, como o do leite, os supermercados são responsabilizados de maneira injusta pelo aumento do preço. “Quem forma o preço não é o setor supermercadista, e sim a cadeia anterior. O supermercado é o elo final da cadeia produtiva, é repassador, então nosso papel é este e precisamos preservá-lo, cada um com sua responsabilidade”, disse.
MP quer saber se houve abuso
O MPSC instaurou inquérito civil para investigar se as indústrias catarinenses que produzem, distribuem e vendem leite no estado estão praticando o aumento abusivo de preços do produto se aproveitando da situação de emergência decorrente da pandemia do novo coronavírus.
De acordo com a 29ª Promotoria de Justiça da Capital, que atua na área dos Direitos do Consumidor e tem abrangência estadual, as indústrias tinham prazo até ontem para responder às questões levantadas pelo procedimento com a remessa dos documentos e notas fiscais que comprovem suas informações.
A promotora de Justiça Analú Librelato Longo solicitou às empresas as notas fiscais emitidas na quinzena anterior à edição do decreto que declarou situação de emergência e as notas fiscais das operações efetuadas desde o dia 18 até quarta-feira passada.
As empresas também devem informar a produção diária de leite (integral, semidesnatado e desnatado) no período anterior e após o decreto.
Sindileite
Procurado, o Sindileite (Sindicato das Indústrias de Laticínios de Santa Catarina) enviou nota em que trata como uma “infeliz coincidência” o preço do leite ter subido nesse período da pandemia do novo coronavírus.
De acordo com o sindicato, o aumento do produto ocorre devido a vários fatores, como a estiagem que afeta o Estado, o aumento do dólar, quarentena que encareceu o preço do frete e o custo da produção.
“Os preços do leite UHT vinham em uma curva de estabilidade de preços desde novembro/19 a fevereiro/20, enquanto isso os custos da matéria prima (leite) no mesmo período, subiram 10%, sem considerar os aumentos de outros insumos de produção”, explicou o Sindileite.
A nota também ressalta que “o leite UHT é um produto com variação semanal de preços, tanto para cima quanto para baixo, e é altamente sensível ao nível de produção no campo, diferentemente de outros lácteos que mantêm uma curva mais estável”.
Produtores
A ACCB (Associação Catarinense de Criadores Bovinos) divulgou nota para esclarecer a “condição do produtor de leite do Estado em relação ao aumento do leite para os consumidores”. Segundo a nota, devido ao preço mantido pelo Conseleite (Conselho Paritário Produtores/Indústrias de Leite) de Santa Catarina ao produtor, a classe não recebeu “nada desse aumento que está sendo repassado para o consumidor”.
Fonte: ND+
Aumento do valor do leite comprado por supermercadistas é analisado em inquérito do Ministério Público – Foto: Arquivo/Edu Cavalcanti/ND
Um áudio que tem circulado nos aplicativos de mensagens desde o começo da semana chamou a atenção para as prateleiras de leite UHT (o longa-vida de caixinha) onde os preços têm sofrido variação para cima. No áudio, um supermercadista denunciava o que ele chamou de abuso por parte das indústrias, que estariam se aproveitando da pandemia.
O autor do áudio é o empresário Francisco Crestani, que tem supermercados em São Miguel do Oeste, no Extremo Oeste do Estado, e em Francisco Beltrão, no Paraná. Crestani contou que gravou o desabafo após ter feito o levantamento do preço do leite nas indústrias, atividade que ele realiza às segundas-feiras. “As três indústrias que podiam atender o meu pedido apresentaram preços diferentes das semanas anteriores e, pior, disseram que não entregariam os pedidos já em carteira”, disse.
Não entregar os pedidos em carteira significava que o supermercadista deveria fazer outro pedido com os preços do dia, que variavam entre R$ 3,10 e R$ 3,80 – dependo da indústria. Antes, os valores estavam entre R$ 2,10 e R$2,30, segundo Crestani. “Não dá para aceitar o preço subir de R$ 2,20 para ‘3 e alguma coisa’ e isso logo nessa hora de tanta dificuldade, quando as crianças estão fora das creches e das escolas e que tem que ter leite em casa para elas”, comentou.
Após a repercussão do áudio do empresário, as indústrias voltaram atrás e entregaram os pedidos feitos por ele anteriormente com os preços normais. “As indústrias tentaram rebater o áudio, mas não conseguiram, pois tenho tudo gravado. Elas podem ter combinado o preço do leite, mas não acertaram o discurso”, afirmou Francisco Crestani, que também é vice-presidente de Finanças e Gestão da Fecomércio (Federação do Comércio) e membro do Conselho Fiscal da Acats (Associação Catarinense de Supermercados).
Em nota, o presidente da Acats, Paulo Cesar Lopes, afirmou que, em muitos casos, como o do leite, os supermercados são responsabilizados de maneira injusta pelo aumento do preço. “Quem forma o preço não é o setor supermercadista, e sim a cadeia anterior. O supermercado é o elo final da cadeia produtiva, é repassador, então nosso papel é este e precisamos preservá-lo, cada um com sua responsabilidade”, disse.
MP quer saber se houve abuso
O MPSC instaurou inquérito civil para investigar se as indústrias catarinenses que produzem, distribuem e vendem leite no estado estão praticando o aumento abusivo de preços do produto se aproveitando da situação de emergência decorrente da pandemia do novo coronavírus.
De acordo com a 29ª Promotoria de Justiça da Capital, que atua na área dos Direitos do Consumidor e tem abrangência estadual, as indústrias tinham prazo até ontem para responder às questões levantadas pelo procedimento com a remessa dos documentos e notas fiscais que comprovem suas informações.
A promotora de Justiça Analú Librelato Longo solicitou às empresas as notas fiscais emitidas na quinzena anterior à edição do decreto que declarou situação de emergência e as notas fiscais das operações efetuadas desde o dia 18 até quarta-feira passada.
As empresas também devem informar a produção diária de leite (integral, semidesnatado e desnatado) no período anterior e após o decreto.
Sindileite
Procurado, o Sindileite (Sindicato das Indústrias de Laticínios de Santa Catarina) enviou nota em que trata como uma “infeliz coincidência” o preço do leite ter subido nesse período da pandemia do novo coronavírus.
De acordo com o sindicato, o aumento do produto ocorre devido a vários fatores, como a estiagem que afeta o Estado, o aumento do dólar, quarentena que encareceu o preço do frete e o custo da produção.
“Os preços do leite UHT vinham em uma curva de estabilidade de preços desde novembro/19 a fevereiro/20, enquanto isso os custos da matéria prima (leite) no mesmo período, subiram 10%, sem considerar os aumentos de outros insumos de produção”, explicou o Sindileite.
A nota também ressalta que “o leite UHT é um produto com variação semanal de preços, tanto para cima quanto para baixo, e é altamente sensível ao nível de produção no campo, diferentemente de outros lácteos que mantêm uma curva mais estável”.
Produtores
A ACCB (Associação Catarinense de Criadores Bovinos) divulgou nota para esclarecer a “condição do produtor de leite do Estado em relação ao aumento do leite para os consumidores”. Segundo a nota, devido ao preço mantido pelo Conseleite (Conselho Paritário Produtores/Indústrias de Leite) de Santa Catarina ao produtor, a classe não recebeu “nada desse aumento que está sendo repassado para o consumidor”.
Fonte: ND+