Marcial Mattei tem 87 anos e continua abrindo as portas da sapataria para receber clientes
Seu Mattei é aposentado, mas ainda trabalha como sapateiro (Foto: Kiane Berté/Oeste Mais)
De calçado em calçado, Marcial Mattei, de 87 anos – morador de Ponte Serrada há 60 anos – foi costurando uma história de paixão e legado do pai e do avô, firmando as ideias que tinha, da mesma forma que uma tachinha se firma para se prender em uma sola.
Usando um avental, habilidades manuais, paciência e também bastante criatividade, seu Mattei – como é conhecido – ajuda a calçar os ponteserradenses por mais de seis décadas.
Ele iniciou os serviços aos 28 anos, quando se mudou sozinho para Ponte Serrada, em 1960, ao vir para o casamento de um irmão. Na época, a profissão era promissora, pois não havia indústrias de calçados e isso facilitava aumentar a lista de clientes e arrecadar uma boa quantia em dinheiro. Hoje, seu Mattei pode ser considerado um dos últimos sapateiros da região e do país.
O idoso já é aposentado como sapateiro há 30 anos, mas antes de se dedicar aos calçador, trabalhava na colônia com os pais.
Em Ponte Serrada, Marcial conheceu a esposa, com que teve quatro filhos: um menino e três meninas. O filho homem acabou falecendo por problemas de saúde, as mulheres se casaram, tiveram filhos e hoje moram em Curitiba (PR), mas sempre quando podem visitam o pai.
A profissão de sapateiro passou de geração para geração na família de Marcial. Começou sendo o ganha-pão do avô dele, depois para o pai e agora, para ele mesmo. “Meu pai não queria me ensinar, eu roubei a profissão dele. Ele trabalhou por 80 anos como sapateiro”, relembra.
Marcial recorda o quanto decaiu a procura por consertos e por fabricação manual de algum tipo de calçado nos dias de hoje. “Hoje eu cuido da loja, mas ninguém manda mais arrumar, porque agora eles compram tudo pronto já. Se estraga, compra de novo”, conta ele, que muitas vezes fechava as portas da sapataria depois da meia-noite.
Sapataria de Mattei, localizada na Rua Sete de Setembro, no Centro de Ponte Serrada (Foto: Kiane Berté/Oeste Mais)
O aposentado relembra que comprava todo o material necessário dos viajantes que batiam em sua porta e, depois disso, criava os moldes com papel para começar tudo do zero. Era tanto trabalho que ele não tinha tempo para o lazer.
Hoje em dia, seu Mattei fecha as portas da sapataria quase todas as tardes. As pessoas que o procuram nesse horário e não sabem onde o encontrar, podem ficar sabendo que Marcial passa duas, três horas, e às vezes até mais tempo jogando baralho com os amigos.
Além do jogo sagrado de baralho, ele costuma pescar com alguns companheiros. Sempre tem alguma coisa para fazer quando não está atendendo. “A profissão não é ruim, mas não é mais profissão. Quem parou no tempo morreu, quem continuou, comprou máquinas e expandiu o negócio. Continuei porque gosto, não dá pra ficar de ‘varde’”, descreve.
Como a procura pelo serviço diminuiu e muito, hoje seu Mattei abre as portas quando quer ou quando já espera por clientes que precisam urgente dos serviços. Mesmo assim, diz não querer largar tão cedo a loja.
No espaço pequeno onde está instalada a sapataria, seu Mattei passa as manhãs e algumas tardes na companhia de duas máquinas de costura, linhas, cola, pregos, tecidos, e ouvindo música em seu radinho que fica aos fundos da loja, esperando até que alguém bata na porta para lhe trazer um calçado ou alguma coisa que possa arrumar.
Último calçado produzido por Mattei (Foto: Kiane Berté/Oeste Mais)
A bota de recordação
Seu Mattei não só conserta sapatos, como também já chegou a construir os próprios. Além de botas, criava chinelos, tudo do zero. A última obra feita por ele foi um par de botas pretas, inteiramente de couro, e que está exposta em seu local de trabalho – localizado na Rua Sete de Setembro, ao lado da residência dele.
A bota, que demonstra o esforço e a dedicação que teve durante os últimos anos, nunca foi usada por ele ou qualquer outra pessoa. Segundo Mattei, o calçado vai ficar como recordação dos tempos em que suas mãos viviam ocupadas, e que a construção dos calçados agora vai ficar somente na memória dele e de quem adquiriu algum produto que produziu.
Segundo o sapateiro, o calçado vai ficar exposto na estante para que os netos possam ver o trabalho desenvolvido pelo avô no passado.
Fonte: Oeste Mais
Seu Mattei é aposentado, mas ainda trabalha como sapateiro (Foto: Kiane Berté/Oeste Mais)
De calçado em calçado, Marcial Mattei, de 87 anos – morador de Ponte Serrada há 60 anos – foi costurando uma história de paixão e legado do pai e do avô, firmando as ideias que tinha, da mesma forma que uma tachinha se firma para se prender em uma sola.
Usando um avental, habilidades manuais, paciência e também bastante criatividade, seu Mattei – como é conhecido – ajuda a calçar os ponteserradenses por mais de seis décadas.
Ele iniciou os serviços aos 28 anos, quando se mudou sozinho para Ponte Serrada, em 1960, ao vir para o casamento de um irmão. Na época, a profissão era promissora, pois não havia indústrias de calçados e isso facilitava aumentar a lista de clientes e arrecadar uma boa quantia em dinheiro. Hoje, seu Mattei pode ser considerado um dos últimos sapateiros da região e do país.
O idoso já é aposentado como sapateiro há 30 anos, mas antes de se dedicar aos calçador, trabalhava na colônia com os pais.
Em Ponte Serrada, Marcial conheceu a esposa, com que teve quatro filhos: um menino e três meninas. O filho homem acabou falecendo por problemas de saúde, as mulheres se casaram, tiveram filhos e hoje moram em Curitiba (PR), mas sempre quando podem visitam o pai.
A profissão de sapateiro passou de geração para geração na família de Marcial. Começou sendo o ganha-pão do avô dele, depois para o pai e agora, para ele mesmo. “Meu pai não queria me ensinar, eu roubei a profissão dele. Ele trabalhou por 80 anos como sapateiro”, relembra.
Marcial recorda o quanto decaiu a procura por consertos e por fabricação manual de algum tipo de calçado nos dias de hoje. “Hoje eu cuido da loja, mas ninguém manda mais arrumar, porque agora eles compram tudo pronto já. Se estraga, compra de novo”, conta ele, que muitas vezes fechava as portas da sapataria depois da meia-noite.
Sapataria de Mattei, localizada na Rua Sete de Setembro, no Centro de Ponte Serrada (Foto: Kiane Berté/Oeste Mais)
O aposentado relembra que comprava todo o material necessário dos viajantes que batiam em sua porta e, depois disso, criava os moldes com papel para começar tudo do zero. Era tanto trabalho que ele não tinha tempo para o lazer.
Hoje em dia, seu Mattei fecha as portas da sapataria quase todas as tardes. As pessoas que o procuram nesse horário e não sabem onde o encontrar, podem ficar sabendo que Marcial passa duas, três horas, e às vezes até mais tempo jogando baralho com os amigos.
Além do jogo sagrado de baralho, ele costuma pescar com alguns companheiros. Sempre tem alguma coisa para fazer quando não está atendendo. “A profissão não é ruim, mas não é mais profissão. Quem parou no tempo morreu, quem continuou, comprou máquinas e expandiu o negócio. Continuei porque gosto, não dá pra ficar de ‘varde’”, descreve.
Como a procura pelo serviço diminuiu e muito, hoje seu Mattei abre as portas quando quer ou quando já espera por clientes que precisam urgente dos serviços. Mesmo assim, diz não querer largar tão cedo a loja.
No espaço pequeno onde está instalada a sapataria, seu Mattei passa as manhãs e algumas tardes na companhia de duas máquinas de costura, linhas, cola, pregos, tecidos, e ouvindo música em seu radinho que fica aos fundos da loja, esperando até que alguém bata na porta para lhe trazer um calçado ou alguma coisa que possa arrumar.
Último calçado produzido por Mattei (Foto: Kiane Berté/Oeste Mais)
A bota de recordação
Seu Mattei não só conserta sapatos, como também já chegou a construir os próprios. Além de botas, criava chinelos, tudo do zero. A última obra feita por ele foi um par de botas pretas, inteiramente de couro, e que está exposta em seu local de trabalho – localizado na Rua Sete de Setembro, ao lado da residência dele.
A bota, que demonstra o esforço e a dedicação que teve durante os últimos anos, nunca foi usada por ele ou qualquer outra pessoa. Segundo Mattei, o calçado vai ficar como recordação dos tempos em que suas mãos viviam ocupadas, e que a construção dos calçados agora vai ficar somente na memória dele e de quem adquiriu algum produto que produziu.
Segundo o sapateiro, o calçado vai ficar exposto na estante para que os netos possam ver o trabalho desenvolvido pelo avô no passado.
Fonte: Oeste Mais