Walter Kranz e a esposa Ao diante da capela inaugurada dia 7 de dezembro
Foto: Fabrício Kuhn, divulgação
Treze Tílias, ou Dreizehnlinden em alemão, é uma cidade do Oeste de Santa Catarina fundada por imigrantes de Tirol, Áustria, em 1933, que surpreende não só pela beleza das flores e arquitetura típica, mas pelo carinho com que recebe os visitantes.
Faz jus ao nome que recebeu, o mesmo de poema épico escrito por Friedrich Weber nos anos de 1800, no qual Treze Tílias é um mosteiro onde ocorre um acordo de paz. Tílias são árvores grandes com flores perfumadas.
Hoje com 7,7 mil moradores, Treze Tílias ganhou dia 7 deste mês a Capela dos Amigos e da Gratidão, projeto que completa as atrações da Vinícola Kranz, uma recente âncora do município que tem nas agroindústrias, no turismo e nas esculturas de madeira e fibra os pontos altos da sua economia.
O empresário Walter Melik Kranz, nascido na cidade há 70 anos e que foi importante executivo da multinacional alemã Mercedes-Benz no Brasil, Peru, México e China, onde liderou fábricas de ônibus, foi o idealizador da capela no complexo da vinícola, situado no Centro da Cidade.
- O objetivo foi materializar um sentimento que a gente tinha e que se cristalizou mais durante esse projeto, nas nossas dificuldades. Tivemos ajuda fundamental de amigos e familiares e decidimos agradecê-los com essa obra – afirmou Kranz.
Capela é nova atração
Kranz e a esposa Ao, chinesa com quem casou quando atuava no gigante asiático, receberam familiares, amigos e parceiros para a inauguração da capela. No evento, ele abriu o jogo sobre os dois grandes impactos que as empresas que fundou sofreram em função de erros na economia brasileira causados por governos recentes.
Quando completou 50 anos, ele deixou a Mercedes porque queria voltar à terra natal e fundar um negócio próprio usando expressiva soma de recursos que recebeu quando saiu da multinacional. Em 2003 fundou uma transportadora e, em 2006, a Vinícola Kranz.
Em 2009, quando a transportadora tinha 11 caminhões, o setor de transportes entrou em crise. A razão principal foi o lançamento do programa Pró-Caminhoneiro pelo governo federal, que eliminou o IPI de caminhões e reduziu os juros de financiamento de 11,5% para 4% ao ano.
Então, enquanto a Kranz Transportes estava pagando R$ 370 mil por caminhões, os veículos passaram a ser vendidos por R$ 290. Esse programa derrubou o frete e forçou o fechamento da transportadora, que deixou dívida milionária a pagar. Com isso, a empresa passou a ter dificuldades para dar continuidade à vinícola. E esta, por sua vez, também enfrentou muitas dificuldades de vendas devido à recessão de dois anos que atingiu o Brasil.
Ajuda de amigos
Com a vinícola inacabada e sem crédito bancário, Walter Kranz conta que procurou linhas de fomento para projetos inovadores, mas disse que encontrou apenas alternativas em que alguém pedia propina de 5% a 10%. Mesmo reconhecendo que havia errado na gestão do negócio porque deveria ter deixado o dinheiro próprio para capital de giro e usado financiamento para investir, ele disse que não aceitou praticar ilegalidades.
Mais recentemente, diante da pressão de banco privado para tomar os terrenos dados em garantia, rezou para o Santo Expedito, o das causas impossíveis. No dia seguinte, o amigo Comandante Wilson Silva, de São Paulo, ligou. O catarinense contou o drama e o militar articulou com a esposa Ana e filhos a providencial ajuda financeira necessária para pagar o banco. Por isso Wilson Silva e a esposa foram convidados especiais da inauguração da capela que faz homenagem aos amigos.
A propósito, muitos outros amigos também colaboraram para o novo espaço religioso que abriga até oito pessoas. Entre as obras sacras estão a escultura em madeira de Nossa Senhora de Fátima, doada pelo amigo escultor Conrado Moser, e a do Santo Expedito, doada parcialmente pelo escultor Werner Thaler.
Um novo sócio
Além da participação de Wilson Silva, Walter Kranz busca mais um sócio para novos projetos da vinícola. Como diferencial para atrair investidores e clientes, a Kranz tem os fatos de contar com dezenas de produtos premiados e de ter sido eleita Vinícola Revelação do Ano de 2019 na Wine South America, Feira Internacional do Vinho, realizada em Bento Gonçalves, RS.
A empresa conta também com variado mix de sucos naturais com blends de frutas e geleias. Após distribuir seus produtos em supermercados premium de SC e São Paulo, agora a Kranz vende apenas na sua loja, em Treze Tílias, e pela internet. Uma das apostas futuras é o enoturismo, com a abertura de bistrô e espaço para degustação. Outro novo negócio será a produção de sucos premium para outras marcas.
- O enoturismo está apenas começando em Santa Catarina. Enquanto, no Brasil, o consumo per capita de vinho são 2,8 litros por ano, na Europa é 40 e na Espanha 60. Nossos vinhos são bem melhores do que muitos importados mais conhecidos – afirma Kranz, que também construiu ao lado da vinícola uma horta orgânica com canteiros circulares que encanta os visitantes.
Como no poema de Weber, Treze Tílias é um local de harmonia. O trezetiliense Walter Kranz conseguiu superar as piores crises dos seus negócios. Agora torce para que a cidade-poema receba ainda mais turistas para que as vendas cresçam e a vinícola entre em longo ciclo de paz nas finanças.
Praça central de Treze Tílias(Foto: Divulgação)
Entre os equipamentos turísticos de Treze Tílias estão uma dezena de hotéis, minicidade, museus, lojas de esculturas sacras, duas cervejarias e as construções em enxaimel no estilo de Tirol, com belos jardins.
Por Estela Benetti
Fonte: NSC TV
Foto: Fabrício Kuhn, divulgação
Treze Tílias, ou Dreizehnlinden em alemão, é uma cidade do Oeste de Santa Catarina fundada por imigrantes de Tirol, Áustria, em 1933, que surpreende não só pela beleza das flores e arquitetura típica, mas pelo carinho com que recebe os visitantes.
Faz jus ao nome que recebeu, o mesmo de poema épico escrito por Friedrich Weber nos anos de 1800, no qual Treze Tílias é um mosteiro onde ocorre um acordo de paz. Tílias são árvores grandes com flores perfumadas.
Hoje com 7,7 mil moradores, Treze Tílias ganhou dia 7 deste mês a Capela dos Amigos e da Gratidão, projeto que completa as atrações da Vinícola Kranz, uma recente âncora do município que tem nas agroindústrias, no turismo e nas esculturas de madeira e fibra os pontos altos da sua economia.
O empresário Walter Melik Kranz, nascido na cidade há 70 anos e que foi importante executivo da multinacional alemã Mercedes-Benz no Brasil, Peru, México e China, onde liderou fábricas de ônibus, foi o idealizador da capela no complexo da vinícola, situado no Centro da Cidade.
- O objetivo foi materializar um sentimento que a gente tinha e que se cristalizou mais durante esse projeto, nas nossas dificuldades. Tivemos ajuda fundamental de amigos e familiares e decidimos agradecê-los com essa obra – afirmou Kranz.
Capela é nova atração
Kranz e a esposa Ao, chinesa com quem casou quando atuava no gigante asiático, receberam familiares, amigos e parceiros para a inauguração da capela. No evento, ele abriu o jogo sobre os dois grandes impactos que as empresas que fundou sofreram em função de erros na economia brasileira causados por governos recentes.
Quando completou 50 anos, ele deixou a Mercedes porque queria voltar à terra natal e fundar um negócio próprio usando expressiva soma de recursos que recebeu quando saiu da multinacional. Em 2003 fundou uma transportadora e, em 2006, a Vinícola Kranz.
Em 2009, quando a transportadora tinha 11 caminhões, o setor de transportes entrou em crise. A razão principal foi o lançamento do programa Pró-Caminhoneiro pelo governo federal, que eliminou o IPI de caminhões e reduziu os juros de financiamento de 11,5% para 4% ao ano.
Então, enquanto a Kranz Transportes estava pagando R$ 370 mil por caminhões, os veículos passaram a ser vendidos por R$ 290. Esse programa derrubou o frete e forçou o fechamento da transportadora, que deixou dívida milionária a pagar. Com isso, a empresa passou a ter dificuldades para dar continuidade à vinícola. E esta, por sua vez, também enfrentou muitas dificuldades de vendas devido à recessão de dois anos que atingiu o Brasil.
Ajuda de amigos
Com a vinícola inacabada e sem crédito bancário, Walter Kranz conta que procurou linhas de fomento para projetos inovadores, mas disse que encontrou apenas alternativas em que alguém pedia propina de 5% a 10%. Mesmo reconhecendo que havia errado na gestão do negócio porque deveria ter deixado o dinheiro próprio para capital de giro e usado financiamento para investir, ele disse que não aceitou praticar ilegalidades.
Mais recentemente, diante da pressão de banco privado para tomar os terrenos dados em garantia, rezou para o Santo Expedito, o das causas impossíveis. No dia seguinte, o amigo Comandante Wilson Silva, de São Paulo, ligou. O catarinense contou o drama e o militar articulou com a esposa Ana e filhos a providencial ajuda financeira necessária para pagar o banco. Por isso Wilson Silva e a esposa foram convidados especiais da inauguração da capela que faz homenagem aos amigos.
A propósito, muitos outros amigos também colaboraram para o novo espaço religioso que abriga até oito pessoas. Entre as obras sacras estão a escultura em madeira de Nossa Senhora de Fátima, doada pelo amigo escultor Conrado Moser, e a do Santo Expedito, doada parcialmente pelo escultor Werner Thaler.
Um novo sócio
Além da participação de Wilson Silva, Walter Kranz busca mais um sócio para novos projetos da vinícola. Como diferencial para atrair investidores e clientes, a Kranz tem os fatos de contar com dezenas de produtos premiados e de ter sido eleita Vinícola Revelação do Ano de 2019 na Wine South America, Feira Internacional do Vinho, realizada em Bento Gonçalves, RS.
A empresa conta também com variado mix de sucos naturais com blends de frutas e geleias. Após distribuir seus produtos em supermercados premium de SC e São Paulo, agora a Kranz vende apenas na sua loja, em Treze Tílias, e pela internet. Uma das apostas futuras é o enoturismo, com a abertura de bistrô e espaço para degustação. Outro novo negócio será a produção de sucos premium para outras marcas.
- O enoturismo está apenas começando em Santa Catarina. Enquanto, no Brasil, o consumo per capita de vinho são 2,8 litros por ano, na Europa é 40 e na Espanha 60. Nossos vinhos são bem melhores do que muitos importados mais conhecidos – afirma Kranz, que também construiu ao lado da vinícola uma horta orgânica com canteiros circulares que encanta os visitantes.
Como no poema de Weber, Treze Tílias é um local de harmonia. O trezetiliense Walter Kranz conseguiu superar as piores crises dos seus negócios. Agora torce para que a cidade-poema receba ainda mais turistas para que as vendas cresçam e a vinícola entre em longo ciclo de paz nas finanças.
Praça central de Treze Tílias(Foto: Divulgação)
Entre os equipamentos turísticos de Treze Tílias estão uma dezena de hotéis, minicidade, museus, lojas de esculturas sacras, duas cervejarias e as construções em enxaimel no estilo de Tirol, com belos jardins.
Por Estela Benetti
Fonte: NSC TV